O Twitter oficial do Planalto passou a divulgar novos cards da campanha para convencer a população da “necessidade” da reforma da Previdência que vêm causando revolta nas redes sociais. Nas publicações, iniciadas no dia 10 de janeiro, o governo faz ataques mentirosos com o objetivo de reduzir a rejeição à reforma medida pelas últimas pesquisas de opinião, que gira em torno dos 70%. Temer e sua base parlamentar tentam colocar a Proposta de Emenda Constitucional 287/2016 na pauta da câmara dos deputados ainda em fevereiro.
Em um dos posts, o governo afirma que “apenas 30% dos brasileiros – políticos e funcionários públicos de alto escalão – serão atingidos pela PEC da Previdência”. Em outro, chama a população a “desconfiar de quem é contrário à reforma”, pois seriam as pessoas que se aposentariam mais cedo e acumulariam aposentadorias. Um terceiro reafirma a necessidade de “desconfiar de quem é contra, mas irá se aposentar recebendo R$ 25 mil por mês”.
As propagandas mentirosas não aparecem para todas as pessoas na linha do tempo da página twitter.com/@planalto, mas ainda é possível localizá-las na rede usando a #NovaPrevidencia. Procurada para saber o motivo das publicações terem sumido da página, a coordenação do Gabinete Digital do Planalto informou que os posts foram publicados forma segmentada para públicos específicos, por isso não aparecem na timeline do perfil.
Batalha contra o fim do direito à aposentadoria segue
Com a mobilização dos trabalhadores e a impopularidade da PEC 287, Temer não conseguiu os votos suficientes na Câmara dos Deputados para aprovar a emenda no ano passado. Agora a estratégia utilizada pelo Governo é colocar os trabalhadores da iniciativa privada contra os funcionários públicos. No entanto, a reforma retira direitos de todos os trabalhadores brasileiros.
Na opinião da diretoria do Sintrajud, o uso dos meios de comunicação oficiais do governo federal para propagandear a PEC 287 em uma perspectiva que estimula tal clima de beligerância entre cidadãos, além de nefasto é inconstitucional. Na ação que pediu a suspensão da campanha que o governo vem fazendo em favor da reforma, que é em alguma medida até menos ofensiva que esses tuítes, a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, afirmou que “é inadmissível, assim, a utilização de verba pública para veiculação de propaganda que não explicita de maneira clara e transparente a totalidade dos dados pertinentes ao tema sobre o qual o governo entendeu por bem que a população se debruçasse”.
Em 2017, o Sintrajud entrou com ação contra a campanha publicitária do governo Federal em defesa da Emenda Constitucional, na qual ressalta que “milhões têm sido gastos principalmente para a difusão do vídeo na televisão, dentre outros meios, contendo mensagem difamatória contra a categoria”. Outros sindicatos do Judiciário Federal e de diversas categorias também questionam a publicidade.
“Além da prática reiterada e descarada de distribuição de cargos e verbas em troca de votos para a aprovação da reforma, o governo também aumenta o ritmo e a intensidade das mentiras para convencer a população a abrir mão de seu direito à aposentadoria. E também tenta colocar setores dos trabalhadores contra outros, no caso nós servidores públicos. Temos dialogar com a população, unir forças para resistir a esses ataques e mostrar quais são os verdadeiros privilegiados que essa reforma e todas as medidas do governo pretendem manter intocados”, aponta o diretor do Sintrajud e servidor da Justiça do Trabalho Tarcísio Ferreira.
As iniciativas jurídicas contra a reforma são importantes, mas a diretoria do Sintrajud defende a necessidade de construção de uma nova greve geral que, a exemplo da ocorrida no dia 28 de abril do ano passado, derrote a estratégia de acabar com o direito à aposentadoria.
Tarcísio acrescenta ainda que “é fundamental disseminar o contraponto a essa versão oficial mentirosa e construir a mobilização reforçando que essa luta só será vitoriosa de fato se envolver a ampla unidade de todos os trabalhadores, inclusive porque todos seremos prejudicados se essa reforma for aprovada”.
Porque a propaganda é mentirosa: