1º de maio: atos classistas marcam a luta dos trabalhadores em São Paulo


02/05/2024 - Giselle Pereira
CSP-Conlutas, Sintrajud e diversos movimentos populares foram às ruas para lembrar a pauta trabalhista e saudar as trabalhadoras e trabalhadores.

Servidores do Judiciário e dirigentes do Sintrajud no ato organizado pela CSP-Conlutas (Foto: Arquivo Sintrajud).

Um Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores com independência de classe. A frase utilizada pela CSP-Conlutas, entidade à qual o Sintrajud é filiado, durante os atos dessa quarta-feira, expressa o sentimento dos manifestantes, que reafirmaram nas ruas a defesa dos trabalhadores em oposição a outras centrais e sindicatos que na data histórica escolheram realizar mobilizações governistas.

Tanto na parte da manhã, na Praça da Sé, quanto na parte da tarde, na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal — Centro de São Paulo  — os protestos reforçaram as lutas contra as alterações constitucionais e legislativas que atacaram os trabalhadores, as privatizações e o arcabouço fiscal. Com faixas e cartazes, os grupos pediram a revogação das ‘reformas’ trabalhista, previdenciárias e do ensino médio.

A atividade de luta que ocorreu em frente à Praça da Sé, ação organizada historicamente pela Pastoral Operária e que conta com o apoio do Sintrajud, denunciou mais uma vez a política autoritária e higienista do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A Pastoral relatou uma série de ações vêm acontecendo na capital paulista que criminalizam as pessoas em situação de rua, negando-lhes o direito à humanidade.

Durante o ato, a diretora do Sindicato Camila Oliveira destacou que “o serviço público precisa ser respeitado. Servidores estaduais e municipais estão em greve, e os federais também estão, defendendo a educação. E este governo que foi eleito para defender o povo não está cumprindo [seus compromissos], com a ameaça agora, inclusive, no Congresso, de não respeitar os pisos da saúde e da educação. Esse ato é para dizer que não vamos deixar as pautas importantes para nós de lado. A classe trabalhadora foi penalizada com a reforma trabalhista, que deve ser revogada”.  Camila é servidora do TRT-2.

Em frente ao Theatro Municipal, no carro de som, as lideranças apresentaram as pautas de lutas. Representantes salientaram a importância da greve federal da educação, que envolve entidades de ensino de todo o país contra a política de reajuste zero para 2024. Professores estaduais também estiveram no ato, reafirmando que existe disposição para enfrentar Tarcísio e os inúmeros ataques à educação com greve e mobilização.

A diretora do Sintrajud, Ana Luiza Figueiredo (TRF-3/aposentada), que também esteve acompanhada pelos dirigentes Camila, Cleber Aguiar (TRT3) e Ismael Souza (TRT-2), além de servidores da categoria, falou ao microfone no carro. Em sua fala, corroborou a defesa dos serviços públicos e se posicionou contrária às privatizações. A coordenadora da Federação Nacional (Fenajufe) Luciana Carneiro (TRF-3) esteve presente também.

“O Sintrajud saúda a todos e a todas e reafirma o compromisso do nosso Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores do Judiciário Federal com a independência de classe. O nosso ato está, de fato, assim como foi o ato da manhã na Praça da Sé, reafirmando que no 1º de Maio não é dia de festa, e muito menos de uma festa com os nossos algozes, com os patrões, os banqueiros, o agronegócio e os representantes do bolsonarismo aqui em São Paulo, que é o que está fazendo a CUT e demais centrais sindicais no Itaquerão. Nós estamos cumprindo o nosso compromisso com a história da nossa classe, e estamos de parabéns por isso, mas não podemos ficar só aí. Temos o compromisso com a nossa classe que fez avançar na ruptura com esses governos, construindo uma oposição ao governo de Lula e Alckmin, dando os primeiros passos para que a nossa classe consiga a independência necessária para fazer o que é fundamental para todos nós: a revolução socialista”, ressaltou Ana Luiza.

O ato também denunciou a política de reajuste zero do governo Lula para os servidores federais e as privatizações de Tarcísio e Nunes em São Paulo.

Os manifestantes protestaram ainda contra o massacre do povo palestino cometido por Israel e exigiram o cessar-fogo imediato em Gaza, onde a violência contra civis ocorre há mais de sete meses, vitimizando principalmente mulheres e crianças. A comunidade senegalesa queixou-se da xenofobia e do racismo em São Paulo. O grupo protestou contra a morte do senegalês Talla Mbaye na noite da quarta (24 de abril). Os manifestantes afirmam que a abordagem policial feita na casa do jovem foi racista e pedem que o caso seja levado à esfera federal.

Foi denunciado ainda o genocídio em curso que perdura há meses na Baixada Santista. Também foi lembrado por manifestante que no próximo dia 17 de maio está marcado o julgamento dos autores do assassinato dos 9 jovens de Paraisópolis. Será aberta a sessão para acompanhamento público e as famílias pedem apoio. O ato em frente ao Teatro Municipal foi encerrado após uma caminhada por volta das 17h.

Servidores no ato na Sé.

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM