Sintrajud debate cultura afrodescendente como luta política neste sábado (11)  


08/11/2023 - Giselle Pereira
Programação inclui capoeira angola e samba de roda; encontro é em alusão ao 20 de novembro — Dia da Consciência Negra.

Com atividade em formato híbrido (presencial, no auditório da entidade, e via Facebook, YouTube e Zoom), o Sintrajud realiza um debate neste sábado (11) com o título Eu me organizando posso desorganizar: cultura afrodescendente como luta política, às 14 horas. O encontro é em alusão ao 20 de novembro — Dia da Consciência Negra —, quando se reforça, uma vez mais, o chamado à luta antirracista.

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O encontro terá como palestrantes Bruno Amaral de Andrade, professor de filosofia da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (BA) e Luiz Carlos Silva dos Santos, advogado e doutor em Antropologia pela UFBA. Ao final, o Sindicato preparou uma apresentação de Capoeira Angola e samba de roda, como forma de celebrar a data anual.

Neste mês da Consciência Negra, os diversos coletivos negros vêm denunciando o que define como racismo estrutural existente no país. Isso se expressa em todas as áreas, como no trabalho, na escola, na distribuição das riquezas e no sistema prisional.

Sobre esse último, dados recentes indicam que a população negra encarcerada alcançou o maior nível da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com início em 2005. As informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, mostram que até o ano passado 444.033 pessoas negras estavam encarceradas no país, o que representa 68,2% do total de presos (832.295, contando as que estão no sistema prisional e aquelas sob custódia).

A pesquisa revelou que a política prisional brasileira reproduz “padrões discriminatórios, naturalizando a desigualdade racial”, conforme conclusão do estudo. O resultado traz a discussão de que, no final, toda prisão é uma prisão política, no sentido da necessidade do desencarceramento da população negra no Brasil e do combate ao genocídio.

Nesse sentido, o debate promovido pelo Sintrajud neste sábado, 11 de novembro, Eu me organizando posso desorganizar: cultura afrodescendente como luta política busca avançar na discussão antirracista, na defesa intransigente de um projeto de vida para a população negra do Brasil e de São Paulo.

Marcha em São Paulo

Em todo o país, coletivos e entidades que formam o Movimento Negro denunciam o genocídio da juventude negra nas periferias, com ênfase na crítica sobre aspectos raciais das operações policiais. Na capital paulista, os coletivos estão com uma agenda de atividades culturais e religiosas.

Haverá uma grande marcha no Dia da Consciência Negra (20), oportunidade para se exigir o fim do racismo. A concentração para o ato será no vão livre do Masp, na Av. Paulista, a partir das 14 horas.

Agora é lei. Dia da Consciência Negra é feriado em São Paulo

Após décadas de luta histórica do Movimento Negro e movimentos sociais, somente neste ano é que o Dia da Consciência Negra torna-se um feriado estadual em São Paulo. A Lei 17.746/23, que cria o feriado no estado, é de autoria do deputado Teonilio Barba (PT). A medida foi decretada no dia 13 de outubro e já passa a valer neste mês.

Até agora, cabia a cada um dos 645 municípios paulistas decidir se decretaria feriado na data. Na capital, por exemplo, o Dia da Consciência Negra era considerado feriado municipal.

Em 1978, quando foi criado o Movimento Negro Unificado (MNU), a data entrou definitivamente no calendário nacional da luta antirracista. Desde então, os coletivos negros defendem que a data na qual Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, foi assassinado em 1695, seja reconhecida oficialmente como feriado nacional em contraposição ao 13 de maio — data instituída pelo Estado brasileiro com base na proclamação da Lei Áurea.

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