Rede Sindical Internacional realiza encontro e fortalece a atuação contra a retirada de direitos


15/09/2023 - Giselle Pereira
Estiveram presentes diversas organizações que relataram a situação socioeconômica dos países dos seis continentes.

Apresentação da situação em 16 países avança em análise e fortalece a atuação da Rede Sindical. Foto: Sérgio Koei

Durante o 5º Encontro da Rede Sindical e Internacional de Lutas, da qual a CSP-Conlutas faz parte, o grupo representando os 16 países destacaram a importância do fortalecimento da Rede, enquanto instrumento de luta internacional. A atividade se constitui como um espaço de solidariedade e cooperação entre trabalhadores e trabalhadoras. O evento realizado em São José dos Campos (SP), aconteceu na sequência do 5° Congresso Nacional da CSP-Conlutas, ocasião em que a conjuntura internacional também foi debatida.

Com representações de diversos países da Europa, Américas, Oriente Médio e África, o encontro serviu para troca de experiências e para fortalecer as organizações da classe trabalhadora internacional, que vive um momento de intensa luta contra o capitalismo e seus efeitos, como os ataques a direitos, privatizações, demissões, guerras, mudanças climáticas e tantos outros temas que afetam o conjunto da classe trabalhadora.

A atividade também foi um importante espaço de solidariedade e cooperação internacional. Nara Cladera, fundadora da Rede Internacional Sindical  e dirigente da Central Sindical Francesa Solidaires, reforçou a magnitude das discussões por considerar o perfil da organização que busca servir como ferramenta de luta concreta para a classe trabalhadora em todo o mundo.

“O trabalho da construção da Rede, que chega aos 10 anos de história, é o de ser verdadeiramente útil, para transformar a realidade concretamente”, enfatizou a dirigente. No encontro, foi possível avançar em debates temáticos que já são tradição na Rede Internacional, como direitos da mulher/feminismo e luta contra a opressão (assédio moral e sexual, capacitismo, LGBTfobia, racismo, entre outros); autogestão e controle operário; repressão e luta contra a extrema direita; anticolonialismo, antirracismo e imigração.

A apresentação sobre a situação no Brasil e o aprofundamento da crise mundial iniciada em 2008 com o ápice no período da pandemia não aponta saídas a curto e médio prazos, provocando relações cruéis com trabalhadores em todo o mundo.

Foram destacadas as 700 mil mortes na pandemia e como também o país se envolveu num cenário de terror sob o governo Bolsonaro em que pessoas morreram por falta de oxigênio na Amazônia.  Também destacado o voto crítico em Lula chamado pela CSP-Conlutas nas eleições para derrotar Bolsonaro, diante do crescimento da extrema direita, como política acertada. Ressaltaram ainda a política de independência de classe conduzida pela CSP-Conlutas que se difere das outras centrais sindicais brasileiras.

Foi reforçada durante a apresentação feita sobre o Brasil, a necessidade de unificação da classe diante da falta de expectativas com o governo.

Representando o Sintrajud a servidora Maria Ires Graciano Lacerda (JF/Cecalc) e o servidor Fabiano dos Santos (TRT-2/Administrativo). Em vídeo, destacaram que o encontro foi rico, pois ampliou as discussões, as relações de solidariedade e cooperação internacional entre trabalhadores de diferentes categorias. “É importante saber o que está ocorrendo nos outros países para melhor entendimento e fortalecer a nossa luta que também é internacional”, destacou Maria Ires.

 

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Ucrânia

A guerra da Ucrânia e suas consequências globais também foi discutida e contou com a presença de um metalúrgico e uma enfermeira do país. Esse foi ponto forte do 5º Encontro Sindical Internacional da Rede de Solidariedade e Lutas.

Yuri Petrov abordou sobre o alto índice de sindicalização no país, mas em declínio e baseado numa estrutura stalinista burocratizada. “Há 10 anos, o movimento sindical afiliado compunha 90%, agora os sindicatos agrupam 60% dos trabalhadores na Ucrânia. Praticamente são oligarcas a serviço das oligarquias”.  E afirmou que somente 3% são sindicatos com diversas orientações políticas e se reconhecem como esquerda.

Petrov fez um chamado para a campanha por máquinas perfuradoras para tirar água. “Na Ucrânia, os nossos sindicatos lutam por um gole de água, pois os oligarcas vendem a preços inacessíveis”, disse.

No meio da guerra, Yuri não esquece o ódio de classe: “Nossa juventude operária, meu filho, meu neto estão combatendo no front. Mas no front não tem filhos das pessoas ricas. Vocês não vão encontrar. Mas a gente tem isso em conta e não vamos permitir a esses ricos que depois de nossas vitórias voltem a querer escravizar-nos, nós vamos derrotar Putin e nossos oligarcas”, sentenciou.

A enfermeira Oksana Slobodyana explicou porque repudia a burocracia sindical ucraniana. “Minha família sofreu muito por causa do fascismo e stalinismo e não tivemos nenhum tipo de comunismo e temos o controle dos oligarcas”, afirmou.

Os sindicatos são vistos como instituições que pertencem aos governos e às políticas burocratas, dão presente de Natal, Ano Novo e algumas são beneficiadas com feriados e lugares para descansar. “Então, meu trabalho é direcionado para que as pessoas percebam essa cultura burocrática e ajudo os que querem mudar isso”, disse.

Denunciou que na Ucrânia os hospitais estão se tornando negócios privados. Estão recebendo dinheiro e os trabalhadores desses hospitais não sabem o que acontece com esses recursos, relatou.

Oksana explicou ainda que a situação é tão delicada que desde a guerra tem de focar a atenção nas pessoas que perderam todos os acessos sociais como renda, moradia e estão severamente doentes.

Christian Mahieux resgatou as moções e lembrou que a partir dessa decisão, a Rede aprovou solidariedade ativa à resistência sindical e popular ucraniana com arrecadação de fundos e envio de três comboios sindicais à Ucrânia para levar ajuda humanitária aos resistentes.

O apoio em solidariedade ativa à resistência sindical e popular ucraniana se mantém para o próximo período.

Rede Sindical

A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas foi criada em março de 2013, com base nas orientações e práticas sindicais comuns das centrais sindicais Solidaires da França, da CGT do Estado espanhol, e da CSP-Conlutas do Brasil, a partir da necessidade de unificar os trabalhadores e as lutas populares e sociais contra os ataques de governos e patrões em todo o mundo.

A cada dois anos, a Rede realiza encontros internacionais e atualiza um manifesto construído coletivamente entre as cerca de 200 organizações sindicais e movimentos filiados.

Em breve divulgaremos as deliberações políticas do 5º Encontro da Rede Sindical e Internacional de Lutas que foi realizado de 10 a 12 de setembro, em São José dos Campos (SP).

 

*Com informações da CSP-Conlutas

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