Deputados salvam Temer em ‘nome’ de reformas que eliminam direitos


03/08/2017 - Shuellen Peixoto

A decisão da maioria da Câmara dos Deputados de negar à Procuradoria-Geral da República a autorização para processar o presidente Michel Temer (PMDB) foi também acompanhada da promessa, dirigida ao grande empresariado, de prosseguir com as reformas constitucionais que retiram direitos dos trabalhadores no Brasil.

Os 263 deputados federais que livraram o presidente Michel Temer do processo por corrupção, do afastamento imediato por até seis meses e de um possível impeachment votaram contra a vontade de 81% da população brasileira acima dos 16 anos. É o que indica pesquisa nacional realizada poucos dias antes pelo Ibope, a serviço da ONG Avaaz.

O levantamento revela ainda que para 79% dos entrevistados, o deputado que votasse contra a denúncia seria “cúmplice de corrupção”. Para 73% dos possíveis eleitores, parlamentares que agissem assim não deveriam mais ser eleitos para nenhum cargo público.

Não foram poucas as denúncias de uso da máquina pública para amarrar votos de deputados da base aliada. Dez ministros foram momentaneamente exonerados para votar com o presidente. Mas embora a impopularidade do governo atinja percentuais espetaculares que beiram os 95%, a ausência de manifestações expressivas nas ruas facilitou a articulação para salvar Temer.

O presidente obteve 263 votos, 91 acima dos 172 que precisava para não correr riscos, contra 222 favoráveis à autorização para a abertura do processo. O número dods que votaram com o Planalto está, porém, 45 votos aquém dos 308 necessários para aprovar reformas constitucionais como a PEC 287, da Previdência.

A conta matemática, no entanto, está longe de proporcionar qualquer tranquilidade para os movimentos contrários à reforma previdenciária. Afinal, toda a retórica, mesmo que tosca em muitos momentos, dos parlamentares que votaram contra a investigação da corrupção esteve calcada na suposta capacidade de o impopular presidente conseguir aprovar a PEC 287, que torna o acesso à aposentadoria impossível para a maioria dos trabalhadores brasileiros.

A análise desse cenário, os próximos passos da luta contra as reformas e o próprio governo Temer e a campanha salarial são aspectos da pauta da reunião nacional que o funcionalismo público federal fará, de 4 a 6 de agosto, em Brasília. Sindicatos de servidores do Judiciário Federal e do MPU vão participar da atividade, uma reunião ampliada do Fonasefe – Fórum das Entidades Sindicais Nacionais dos Servidores Públicos Federais.

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