Na guerra contra a Ucrânia nosso lado é o das trabalhadoras e trabalhadores


29/03/2022 - Redação
Pelo imediato fim dos ataques russos e também pelo fim da OTAN; nenhuma confiança no governo Zelensky; contra o racismo e a misoginia; liberdade para os presos russos antiguerra; todo apoio à autodeterminação do povo ucraniano.

A jornalista russa Marina Ovsiannikova foi condenada pelo judiciário russo após exibir um cartaz contra a invasão promovida por seu país à Ucrânia (Imagem: reprodução).

Em assembleia da categoria, servidores e servidoras demandaram que o Sintrajud se manifeste contra a guerra que vitima a Ucrânia, país da Europa do Leste que desde 24 de fevereiro está sob intenso ataque russo com armas de destruição massiva. Publicamos abaixo o posicionamento sistematizado do Sindicato, com base no debate realizado na assembleia.

Pelo fim imediato da guerra e da OTAN, solidariedade ao povo ucraniano

No principal fato histórico do nosso tempo, que já ganhou contornos de conflito internacional, o Sintrajud tem lado: o das trabalhadoras e trabalhadores ucranianos.

Dados da Agência Internacional de Notícias Reuters apontam que já são mais de 20 mil mortos e mais de 2 mil feridos gravemente, aproximadamente 10 mil pessoas desalojadas, ao menos 1,7 mil edifícios destruídos como resultado da guerra na Ucrânia. Além de 3 milhões os refugiados, segundo a ONU.

Nessa guerra não existem mocinhos. A Rússia busca se relocalizar como potência no sistema mundial de estados e avançar com o expansionismo que caracteriza a etapa das disputas imperialistas no capitalismo.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os imperialismos europeus e estadunidense, por seu lado, estimularam a guerra ao rasgar o Acordo de Minsk (1991), quando a OTAN deveria ter sido extinta. Ao contrário, outra 13 nações já foram incorporadas à Organização cuja “justificativa” formal de existência era o “comunismo” – incluindo Estônia, Letônia e Lituânia, países antes sob a esfera política de Moscou. E a adesão da Ucrânia à OTAN viabilizaria a instalação de bases militares, inclusive nucleares, a pouco mais de mil quilômetros da capital russa.

A Rússia tornou-se um país capitalista como o restante do mundo. O governo Putin é uma autocracia despótica que já prendeu mais de 6 mil cidadãos russos por se manifestarem contra a guerra protagonizada por seu país. Mas os EUA e a Europa seguem com a indefensável lógica da Guerra Fria, e se aproximando cada vez mais do território do inimigo que agora disputa com eles a xerifaria do mundo. Ou seja, enquanto eles brigam pelo controle das riquezas internacionais, aumenta a ameaça permanente a povos que morrem como bucha de canhão por interesses de senhores que não terão um dedo arranhado ao deflagar guerras, e ainda enriquecerão com elas.

Nada justifica uma guerra, ainda mais com os arsenais nucleares a disposição das potências mundiais, que podem destruir o planeta. Por isso repudiamos veementemente a postura Russa e defendemos o imediato fim da guerra e retirada das tropas do território ucraniano. E por isso defendemos também o fim da OTAN, que nunca deveria ter existido.

Como tem sido relatado pela mídia internacional, o racismo e a misoginia, como sempre, também vêm sendo armas adicionais na guerra. Cidadãos não ucranianos e negros vêm sendo empurrados para o fim das filas de refugiados. A violência sexual e contra crianças se espalha nas ruas. E até um parlamentar brasileiro foi à Ucrânia fazer apologia do turismo sexual com cidadãs empobrecidas pela guerra (leia aqui a nota em repúdio a Arthur ‘Mamãe Falei’ Do Val e pela cassação imediata de seu mandato). O povo de São Paulo ainda corre o risco de continuar convivendo com a vergonha internacional de ter esta personagem como deputado estadual, pois já há notícias de que perde força na Alesp a possibilidade de cassação do mandato deste ser.

Nesta semana, o estado ucraniano proibiu o funcionamento de 11 partidos apontados como “pró-Rússia”, mas que, curiosamente, são agremiações consideradas de esquerda. Por outro lado, nenhuma milícias reconhecidamente neonazistas que atuam no país está sendo perseguida.

Os efeitos da guerra já se fazem sentir no Brasil, com a disparada do preço do petróleo e dos combustíveis, e os aumentos das taxas de juros internacionais e nacionais para assegurar a remuneração de quem comanda a guerra. Ainda paira sobre nossas cabeças o risco do conflito se tornar declaradamente uma guerra mundial com uso de artefatos nucleares. Não há outra posição correta além de defender o fim da barbárie.

Num mundo onde a miséria é globalizada e as riquezas são apropriadas por um punhado de financistas, empresários e lobistas, a defesa da vida, da humanidade, da classe trabalhadora e da própria sobrevivência do planeta é a defesa do fim imediato da guerra e da OTAN. É o povo ucraniano que deve decidir seu destino, sem ameaças econômicas ou militares de nenhum lado.

São Paulo, 29 de março de 2022.

Diretoria executiva

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