1º de maio: Sintrajud e CSP-Conlutas convocam para atos em defesa dos trabalhadores


25/04/2024 - Giselle Pereira
A Central Sindical e Popular e diversas entidades que organizam o Dia Internacional dos Trabalhadores assinam manifestos com eixos de luta; em São Paulo, atos na Sé, pela manhã, e em frente ao Teatro Municipal, na parte da tarde.

Servidores do Judiciário Federal no ato de Primeiro de Maio em 2019 (Arquivo Sintrajud)

Enquanto outras centrais sindicais organizam atos governistas, a CSP-Conlutas (Central à qual o Sintrajud é filiado) resgata o caráter classista e de luta do 1º de Maio — Dia Internacional dos Trabalhadores — e convoca a ocupar as ruas em protesto aos ataques de governos e patrões nesta quarta-feira (1º). Serão realizadas duas manifestações classistas na data no Centro de São Paulo. Às 9 horas, em frente à Catedral da Sé, e às 14 horas, na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal. 

O Sintrajud, que historicamente constrói o dia de luta, participará dos dois atos e convoca os colegas para as atividades. As iniciativas de oposição de esquerda aos governos federal e estadual vão denunciar os ataques e a falta de investimentos em serviços públicos e áreas sociais, como saúde, educação e Justiça. Os manifestantes também vão defender a revogação das reformas da previdência, trabalhista e do ensino médio e exigir o fim das privatizações e terceirizações de Lula/Alckmin e de Tarcísio de Freitas.

Para dialogar com a população, foram lançados manifestos que contam com a assinatura de diversas entidades, o que inclui o Sintrajud. 

Recentemente, vereadores da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB) apoiaram a proposta do governador Tarcísio e votaram em primeiro turno a venda da Sabesp, mesmo sob protesto e à base de muita truculência e repressão (leia mais aqui). No dia 24 de abril, o Judiciário Estadual concedeu liminar pedida pelo PSOL e PT suspendendo a votação em segundo turno até a realização de todas as audiências públicas já marcadas e outras que se façam necessárias, além de determinar a apresentação de estudo sobre o impacto orçamentário da privatização para a capital. 

O governador vem fazendo várias incursões na tentativa de entregar à iniciativa privada não só o sistema de água e saneamento, mas também o Metrô, a CPTM, a educação, a saúde, a Fundação Casa, parques, entre outros. Neste 1º de Maio classista e independente as trabalhadoras e trabalhadores, que  protagonizaram mobilizações em defesa das estatais reafirmam que há disposição para lutar e indignação frente aos projetos da extrema direita, que tenta a todo custo rifar direitos e aprofundar o abismo social.

Ainda sobre as bandeiras de luta, as entidades criticam o arcabouço fiscal, pois as ‘novas’ regras, aprovadas em agosto de 2023, não revertem a lógica do ‘teto’ de gastos (EC 95) — sancionado por Michel Temer — limitam os gastos públicos e investimentos sociais e estrangulam o orçamento do país para garantir o pagamento dos juros e da dívida pública. 

Os atos são mais uma oportunidade para alertar a população sobre uma ‘nova’ proposta de reforma administrativa, que segundo a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, deverá ser entregue nos próximos meses.

Em outra frente de luta, os manifestantes vão pedir a retirada do projeto de lei que regulamenta o trabalho por aplicativos que enquadra os trabalhadores como autônomos, sem vínculo pela CLT, com jornadas de até 15 horas, sem garantias sociais. 

Nesse contexto de acirramentos de lutas, as trabalhadoras e trabalhadores reafirmam apoio à greve dos servidores da educação federal, iniciada pelos técnico-administrativos e que hoje conta com a participação dos professores das escolas, institutos e universidades federais de todo país.

Outros pontos de destaque, são o encarceramento em massa da população negra e socialmente mais vulnerável. Durante os atos será denunciada a chacina que perdura há meses na Baixada Santista, iniciada em julho de 2023, com a ‘Operação Escudo’, posteriormenterebatizada como ‘Operação Verão’. A ação da PM do governador Tarcísio já resultou em mais de 60 mortes e na prisão arbitrária de centenas de pessoas, majoritariamente negras. O massacre em curso é o maior da história de São Paulo desde Carandiru, quando policiais ceifaram a vida de pelo menos 111 pessoas. A luta contra o genocídio do povo indígena também está entre as pautas deste 1º de Maio. 

Os trabalhadores denunciam ainda em manifestos o genocídio do povo palestino e pedem o rompimento de relações diplomáticas com o estado sionista de Israel. No ato, o grupo apontará a LGBTfobia e feminicídio; políticas de despejos; a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 e reforçar o pedido ‘sem anistia’. Além disso, destacarão os 60 anos da ditadura instalada em março/abril de 1964, período de duas décadas de opressão e terrorismo de Estado.

Primeiro de maio em 2019 (Arquivo Sintrajud).

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM