Greve de caminhoneiros repercute no Encontro de Aposentados e Pensionistas do Sintrajud


24/05/2018 - helio batista

A greve de caminhoneiros, que causa uma crise de abastecimento em vários setores da economia e mais uma crise política no governo Temer (MDB), teve ampla repercussão no Encontro Estadual de Aposentados e Pensionistas do Sintrajud. O evento começou na tarde desta quinta-feira, 24, em Avaré.

“O momento que estamos vivendo é muito bem-vindo, com uma grande greve de um setor que enfrenta arbitrariedade do governo e com a força e o sucesso desta greve”, disse a servidora aposentada do TRF-3 Ana Luiza Ferreira, diretora do Sindicato, ao abrir a primeira sessão de debates do Encontro.

Ela destacou que o Brasil vive uma crise no abastecimento de combustíveis mesmo sendo grande produtor de petróleo. Para a servidora, essa contradição reflete o fato de a Petrobras ter deixado de ser uma empresa 100% estatal, passando a ter grande parte de seu capital sob controle do setor privado.

“Com isso, a companhia passa a se comprometer apenas com o lucro”, afirmou Ana Luiza. “Temos um governo totalmente submisso às grandes empresas privadas, que financiam campanhas eleitorais.”

Retirada de direitos

Outro debatedor desta tarde, o servidor do TRT-2 Tarcísio Ferreira, também diretor do Sintrajud, observou que o Brasil exporta petróleo bruto e importa o produto refinado, ao mesmo tempo em que o peso da indústria na economia nacional voltou ao patamar da década de 50.

“O que o governo tem feito é rebaixar os padrões de vida da população para adaptar o país a uma inserção ainda mais subordinada no sistema econômico mundial”, afirmou. Na avaliação de Tarcísio, isso explica a política de retirada de direitos, incluindo as medidas que atingem os aposentados e pensionistas do serviço público, como a contribuição obrigatória para a previdência e, mais recentemente, as tentativas de elevar essa taxação.

A servidora listou outras medidas do governo Temer a serem enfrentadas pela classe trabalhadora: a ampliação da terceirização até para as atividades-fim em todas as áreas dos setores público e privado, a precarização dos direitos por meio da reforma trabalhista, a PEC do teto de gastos e a reforma da Previdência.

“Esse governo ataca os direitos dos trabalhadores, como acontece em outros países”, resumiu. “Os ataques não começaram no governo Temer; FHC, por exemplo, retirou cerca de 50 direitos dos trabalhadores e fez a primeira reforma da Previdência, que substituiu a aposentadoria por tempo de serviço pela aposentadoria por tempo de contribuição. O governo Lula obrigou os aposentados a voltarem a contribuir para a Previdência e tirou dos novos servidores o direito à paridade e à integralidade. O governo Dilma continuou o ataque com a criação do Funpresp, que pretende ser o responsável pelos recursos da nossa aposentadoria, mas depois esses recursos desaparecem, como vimos nos Correios e em outras empresas.”

Unificar as lutas

Os servidores presentes ao Encontro ressaltaram a necessidade de organizar e unificar as lutas da classe trabalhadora para reagir a esses ataques.

Ana Luiza observou que, além da greve dos caminhoneiros, há outras categorias mobilizadas, como petroleiros, professores e trabalhadoras da montadora Mercedes-Benz. Ela defendeu a convocação de uma greve geral no país, com a participação de todas as centrais sindicais.

“Temos de nos unir a todos os setores que estão sendo atacados”, acrescentou Tarcísio.

O Encontro Estadual de Aposentados e Pensionistas do Sintrajud prossegue até sábado.

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Texto atualizado em 25 de maio às 18h34.

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