Desumanização de setores oprimidos é utilizada para aprofundar a precarização das condições de vida


06/05/2023 - Giselle Pereira
Segundo painel do 9º Congresso do Sintrajud "Combater o machismo, o racismo e a lgbtfobia para unir a classe trabalhadora”, lembra-nos que essas opressões estão indissociadas do contexto mais geral da luta de classes.

Foto: Joca Duarte

A tarde do segundo dia do 9º Congresso do Sintrajud, nessa sexta-feira, 5 de maio, foi marcada pelo debate “Combater o machismo, o racismo e a lgbtfobia para unir a classe trabalhadora”. A mesa, que foi coordenada pelas diretoras Luciana Carneiro e Maria Ires,  contou ainda com a participação de Lucia Andrade (aposentada). O tema foi apresentado por Érika Andeassy (enfermeira, pesquisadora do Ilaese e integrante do Movimento Mulheres em Luta) e por Luana Alves (vereadora de São Paulo pelo PSOL,  psicóloga e militante do SUS).

Para as palestrantes, a necropolítica – que é o poder de decidir quem pode viver e quem deve morrer -, exercida sobretudo, durante a pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), expôs a necessidade de reafirmar os princípios classistas, de independência de governos e patrões, para defender os interesses da classe trabalhadora.

Foto: Joca Duarte

Luana Alves, que abriu a discussão, explicou que o capitalismo brasileiro nasce da exploração da mão de obra de pessoas negras escravizadas.  Esse processo orientou a forma cruel e opressora como são tratadas as mulheres, negros e negras, indígenas, quilombolas, periféricos e LGBTQIA+, que estão na base da pirâmide social. “Tal fato, apoia-se ainda na desumanização da população mais pobre, que o capitalismo utiliza para justificar os baixos salários, a precarização das condições de trabalho e de vida”, disse a vereadora.

Para ela, trabalho doméstico não remunerado executado pelas mulheres da classe trabalhadora, à medida que também alivia financeiramente o capitalismo, fortalece a sua manutenção. “É justamente por ocuparem a base da pirâmide de sustentação do capitalismo que as mulheres da classe trabalhadora são a chave para a mudança de lógica da sociedade”. E esse debate é fundamental para ser construído no conjunto da classe, com homens e mulheres e, inclusive, no judiciário que desconsidera a realidade concreta e julga mulheres por um viés estereotipado de representação social. Criticou a política de encarceramento do PT, em que houve um aumento do número de jovens negros em situação prisional. De acordo com ela, diante das questões de opressão, a saída é não ignorar a luta e reforçá-la no conjunto da classe como bandeira fundamental para romper com o capital e a exploração.

Outra que reforçou a necessidade da unidade classista diante das opressões foi Érika Andreassy. De acordo com a militante do Movimento Mulheres em Luta (MML), as pautas das mulheres, dos negros e das negras e LGBTQIA+ são inegociáveis. “Bolsonaro (PL) aprofundou as desigualdades sociais, a necropolítica e as opressões.  Lula (PT) ganhou as eleições com o apoio de parte expressiva da classe trabalhadora, mas não nos iludamos, o governo de frente ampla, não avançou no debate das nossas pautas”, criticou, destacando que pelo contrário, assuntos como o aborto estão sendo remetidos ao congresso, sem qualquer discussão popular.

Revogação das Contrarreformas

Foto: Joca Duarte

Andreassy lembrou que as mudanças necessárias para avançar nas lutas da classe trabalhadora devem perpassar pela revogação total das contrarreformas trabalhista e previdenciária, que vêm gerando empobrecimento das trabalhadoras e dos trabalhadores e aumento das opressões.

Outras medidas que precisam ser abolidas são a reforma do Ensino Médio, a Lei de Terceirização e a Emenda a Constitucional 95, a PEC do teto de gastos, que inviabilizou por 20 anos os investimentos em áreas sociais, como saúde e educação. Além disso, há ainda o novo arcabouço fiscal, que se aprovado dificultará o investimento na melhoria das condições da classe para obter superávit e pagar a dívida pública. “Não deixaremos também de denunciar os ataques dos patrões, da ultradireita que segue organizada, assim como do novo governo Lula-Alckmin”, salientou.

Transmissão dos painéis do 9º congresso

Durante o congresso, que vai até domingo, 7 de maio, os sindicalizados e as sindicalizadas irão deliberar sobre as ações que orientarão as lutas da categoria. A atividade está sendo realizada no Atibaia Residence Hotel, na cidade de Atibaia.

No sábado (6), vão ocorrer os painéis sobre a “Reestruturação produtiva: home office, teletrabalho, uberização e a política de fazer mais com menos”, às 9h; “Assédio Moral e Sexual não pode ser segredo na justiça – Os desafios na luta contra o assédio como forma de gestão no serviço público: a política da humilhação”, às 11h; e “Valorização da carreira e combate à terceirização no judiciário. Revogação das reformas da previdência e trabalhista”, às 14h. Todas as apresentações estão sendo transmitidas ao vivo pelas redes sociais do sindicato.

Confira aqui a programação na íntegra.

Assista o painel na íntegra:

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