A tarde do segundo dia do 9º Congresso do Sintrajud, nessa sexta-feira, 5 de maio, foi marcada pelo debate “Combater o machismo, o racismo e a lgbtfobia para unir a classe trabalhadora”. A mesa, que foi coordenada pelas diretoras Luciana Carneiro e Maria Ires, contou ainda com a participação de Lucia Andrade (aposentada). O tema foi apresentado por Érika Andeassy (enfermeira, pesquisadora do Ilaese e integrante do Movimento Mulheres em Luta) e por Luana Alves (vereadora de São Paulo pelo PSOL, psicóloga e militante do SUS).
Para as palestrantes, a necropolítica – que é o poder de decidir quem pode viver e quem deve morrer -, exercida sobretudo, durante a pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), expôs a necessidade de reafirmar os princípios classistas, de independência de governos e patrões, para defender os interesses da classe trabalhadora.
Luana Alves, que abriu a discussão, explicou que o capitalismo brasileiro nasce da exploração da mão de obra de pessoas negras escravizadas. Esse processo orientou a forma cruel e opressora como são tratadas as mulheres, negros e negras, indígenas, quilombolas, periféricos e LGBTQIA+, que estão na base da pirâmide social. “Tal fato, apoia-se ainda na desumanização da população mais pobre, que o capitalismo utiliza para justificar os baixos salários, a precarização das condições de trabalho e de vida”, disse a vereadora.
Para ela, trabalho doméstico não remunerado executado pelas mulheres da classe trabalhadora, à medida que também alivia financeiramente o capitalismo, fortalece a sua manutenção. “É justamente por ocuparem a base da pirâmide de sustentação do capitalismo que as mulheres da classe trabalhadora são a chave para a mudança de lógica da sociedade”. E esse debate é fundamental para ser construído no conjunto da classe, com homens e mulheres e, inclusive, no judiciário que desconsidera a realidade concreta e julga mulheres por um viés estereotipado de representação social. Criticou a política de encarceramento do PT, em que houve um aumento do número de jovens negros em situação prisional. De acordo com ela, diante das questões de opressão, a saída é não ignorar a luta e reforçá-la no conjunto da classe como bandeira fundamental para romper com o capital e a exploração.
Outra que reforçou a necessidade da unidade classista diante das opressões foi Érika Andreassy. De acordo com a militante do Movimento Mulheres em Luta (MML), as pautas das mulheres, dos negros e das negras e LGBTQIA+ são inegociáveis. “Bolsonaro (PL) aprofundou as desigualdades sociais, a necropolítica e as opressões. Lula (PT) ganhou as eleições com o apoio de parte expressiva da classe trabalhadora, mas não nos iludamos, o governo de frente ampla, não avançou no debate das nossas pautas”, criticou, destacando que pelo contrário, assuntos como o aborto estão sendo remetidos ao congresso, sem qualquer discussão popular.
Revogação das Contrarreformas
Andreassy lembrou que as mudanças necessárias para avançar nas lutas da classe trabalhadora devem perpassar pela revogação total das contrarreformas trabalhista e previdenciária, que vêm gerando empobrecimento das trabalhadoras e dos trabalhadores e aumento das opressões.
Outras medidas que precisam ser abolidas são a reforma do Ensino Médio, a Lei de Terceirização e a Emenda a Constitucional 95, a PEC do teto de gastos, que inviabilizou por 20 anos os investimentos em áreas sociais, como saúde e educação. Além disso, há ainda o novo arcabouço fiscal, que se aprovado dificultará o investimento na melhoria das condições da classe para obter superávit e pagar a dívida pública. “Não deixaremos também de denunciar os ataques dos patrões, da ultradireita que segue organizada, assim como do novo governo Lula-Alckmin”, salientou.
Transmissão dos painéis do 9º congresso
Durante o congresso, que vai até domingo, 7 de maio, os sindicalizados e as sindicalizadas irão deliberar sobre as ações que orientarão as lutas da categoria. A atividade está sendo realizada no Atibaia Residence Hotel, na cidade de Atibaia.
No sábado (6), vão ocorrer os painéis sobre a “Reestruturação produtiva: home office, teletrabalho, uberização e a política de fazer mais com menos”, às 9h; “Assédio Moral e Sexual não pode ser segredo na justiça – Os desafios na luta contra o assédio como forma de gestão no serviço público: a política da humilhação”, às 11h; e “Valorização da carreira e combate à terceirização no judiciário. Revogação das reformas da previdência e trabalhista”, às 14h. Todas as apresentações estão sendo transmitidas ao vivo pelas redes sociais do sindicato.
Confira aqui a programação na íntegra.