Com o filho correndo risco de morte, um homem se acorrentou diante do Fórum Pedro Lessa, na Avenida Paulista, nesta terça-feira, 25. A atitude é um protesto contra a decisão da Justiça Federal que, na véspera, negou-se a determinar que o governo brasileiro envie a criança aos EUA para se submeter a um transplante multivisceral.
O homem acorrentado, José Gomes Soares, foi encontrado pelos servidores da JF e do TRF-3 que se reuniram na terça-feira em frente ao Fórum para discutir os últimos preparativos da greve geral da próxima sexta, 28.
O filho dele, Samuel, tem um ano e quatro meses e nasceu com uma doença rara – a síndrome de Berdon. O problema, que afeta todo o aparelho digestivo, impede a criança de se alimentar por via oral, de urinar e de evacuar. João Gomes diz que, por causa disso, Samuel nunca comeu e recebe nutrientes por uma veia ligada diretamente ao coração.
Falta de doadores
O menino está internado em um hospital de Porto Alegre, para onde foi enviado pela Justiça após um acordo com o advogado da família. “Fomos enganados, porque lá eles também não fazem o transplante e ele só recebe um tratamento, que não cura a doença”, afirmou José Gomes à reportagem do Sintrajud.
O transplante multivisceral nunca foi feito em crianças no Brasil – além da complexidade da cirurgia, elas enfrentam a falta de doadores de órgãos no país, principalmente de órgãos pediátricos. “Diante disso, muitas famílias têm recorrido ao Poder Judiciário para exigir do Ministério da Saúde (MS) a transferência de crianças candidatas ao transplante para o exterior”, escreveu o médico Rodrigo Vianna, em recente artigo no jornal O Estado de S. Paulo.
Vianna chefia os serviços de transplante de órgãos do Jackson Memorial Hospital, em Miami, para onde José Gomes quer que o governo brasileiro envie seu filho. Segundo o médico, desde 2013 cinco casos foram encaminhados a Miami: três foram transplantados e estão em recuperação, um foi transplantado e faleceu cinco meses depois e o outro aguarda há mais de um ano e deve retornar ao Brasil por falta de condições clínicas que permitam a realização do procedimento.
Campanha na internet
José Gomes diz que precisaria de cerca de US$ 1 milhão para realizar nos EUA a cirurgia capaz de salvar a vida de Samuel. A família faz uma campanha na internet para arrecadar dinheiro e também para pressionar as autoridades no Brasil. Os país também tentaram internar o garoto no Hospital Sírio-Libanês, que tem capacidade para fazer o transplante. Porém, diante da falta de órgãos doados, o hospital não tem uma previsão de quanto tempo Samuel teria de esperar.
“Queríamos que nos dessem pelo menos um prazo”, queixou-se o pai do garoto. Ele observou que crianças com a síndrome de Berdon sobrevivem cerca de um ano e meio, segundo a literatura médica. A família corria contra o tempo quando recebeu a decisão da juíza, que na terça-feira negou o encaminhamento de Samuel para os EUA.
A decisão deixou José Gomes Soares acorrentado pelo desespero na frente do Fórum Pedro Lessa. “Mais uma vez, a Justiça decidiu em favor do poder econômico e contra o cidadão”, comentou o servidor Dalmo Duarte, diretor de base no TRF-3.
Doações
Quem quiser fazer uma doação para ajudar Samuel a conseguir o transplante pode depositar nas seguintes contas:
Caixa
Ag. 1816
C.P. 39508-1 – op. 13
Joseli Alves dos Santos (mãe do Samuel)
CPF: 333.977.788-83
Banco do Brasil
Ag. 1898-8
C.P. 30898-6 – variação 51
Samuel Soares dos Santos
CSF: 512.852.168-06