Servidores fazem “visita” de protesto contra a PEC 32 a deputado do PSDB


22/10/2021 - Hélio Batista Barboza
Depois de apoiar a “reforma” nas comissões, Samuel Moreira não disse como votará no plenário e ouviu que “quem votar, não volta”.

Servidores exibem para a população cartazes contra a PEC e de denúncia do voto do deputado Samuel Moreira (Foto: Claudio Cammarota).

 

 

O deputado federal Samuel Moreira (PSDB) foi o parlamentar “visitado” nesta semana pelos servidores do Judiciário Federal em São Paulo e por outras categorias que lutam contra a “reforma” administrativa do governo Bolsonaro (PEC 32/2020). O deputado votou a favor da PEC em duas ocasiões: na Comissão de Constituição e Justiça e na Comissão Especial da Câmara dos Deputados.

Nesta sexta-feira, 22 de outubro, ele disse aos servidores que foram protestar no seu escritório político em São Paulo que ainda não fechou posição quanto ao texto aprovado na Comissão Especial, mas se declarou insatisfeito com o relatório, ao qual deu voto favorável tanto na comissão que analisou o mérito da proposta de emenda constitucional quanto na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJE).

O deputado repetiu o que disse em Brasília aos servidores em uma das caravanas do Sintrajud: que tinha a expectativa de conseguir aprovar destaques para “melhorar” o projeto. Como isso não aconteceu, ele afirmou hoje preferir não antecipar seu voto para quando a matéria entrar na pauta do plenário.

Sobre o futuro da PEC na Câmara, Moreira disse que considera difícil a votação acontecer neste ano e observou que o tema não está mais em discussão entre os deputados. No entanto, ele não chegou a ser tão taxativo quanto o deputado Alex Manente (Cidadania), “visitado” pelos servidores na semana passada, que praticamente descartou a possibilidade de aprovação da “reforma”.

Demagogia

Como fizeram na “visita” ao deputado do Cidadania, os servidores organizaram nesta sexta-feira uma manifestação diante do prédio onde fica o escritório de Samuel Moreira. Eles levaram cartazes, faixas, bandeiras e adesivos contra a “reforma”. Dirigentes do Sintrajud e de outros sindicatos, servidores da base e de outras categorias discursaram ao microfone, enquanto uma comissão era recebida pelo deputado.

O diretor Tarcisio Ferreira, que integrou a comissão, disse que os servidores procuraram discutir o mérito da proposta e mostrar a falácia dos argumentos construídos para defender a “reforma”. O deputado Samuel Moreira se declarou contrário à utilização da aposentadoria compulsória como punição e à concessão de férias superiores a 30 dias – regras que só valem para magistrados e promotores, não abrangidos pela “reforma”.

“Dissemos que esses pontos compõem a demagogia do governo e a estratégia da mídia de jogar a população contra os servidores”, disse Tarcisio. “Não será com a destruição dos serviços públicos que vamos combater eventuais privilégios.”

O deputado, porém, também é favorável ao fim da estabilidade dos servidores e, assim como Alex Manente, defende os princípios da “reforma” e a tese de que as mudanças são necessárias para a “modernização do estado”.

Os atos nos escritórios dos deputados paulistas favoráveis à “reforma” administrativa continuarão sendo realizados, com o objetivo de mostrar aos parlamentares que quem vota contra os servidores e a população não será reeleito. Para quem não puder participar do ato, a orientação é pressionar o deputado a mudar seu voto comentando nas redes sociais de Samuel Moreira e usando a hashtag #PEC32SeVotarNãoVolta.

Servidores em reunião com o deputado Samuel Moreira (Foto: Manuel Messina).

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