Algo estranho e deplorável tem acontecido enquanto o Sintrajud vai aos tribunais superiores e conselhos em Brasília reivindicar a necessária valorização dos benefícios dos servidores, incluindo a saúde, além de outras iniciativas.
Dirigentes do Sindiquinze, o sindicato do TRT-15, têm percorrido os locais de trabalho na base de servidores representados pelo Sintrajud para vender planos de saúde. Questionado, o presidente daquele sindicato alegou que estava ali oferecendo “serviços”.
O sindicato representativo dos trabalhadores da Justiça do Trabalho na 2ª Região é o Sintrajud. Ao agir assim, em momento tão delicado para todos nós servidores, o presidente do Sindiquinze, que aliás é militante da CUT, comete um ato de desrespeito e de boicote à luta da categoria.
Primeiro, porque cumpre o lamentável papel de se passar por vendedor quando na verdade está praticando a má política sindical. Segundo, porque atua contra a movimentação dos sindicatos e dos servidores para que os saldos orçamentários dos tribunais sejam remanejados, ao menos em parte, para o reajuste de benefícios sociais, como os auxílios saúde, pré-escolar e alimentação. Não há solução efetiva que não passe por mais recursos.
Faz coro, aliás, com outros dirigentes da CUT que recentemente disseram, nas redes sociais, que é inútil lutar por isso, porque o destino da categoria – de não ter mais reajustes em quaisquer benefícios ou remunerações – já estaria traçado pelo governo.
Não bastasse isso, o ‘corretor’ da CUT e do Sindiquinze tenta vender um produto de padrão inferior à assistência dos planos oferecidos por tribunais de São Paulo, omitindo as possíveis consequências.
Repúdio
Os servidores do Judiciário Federal repudiaram tal atitude em assembleia geral convocada pelo Sintrajud. A luta pelo reajuste dos benefícios é fundamental neste ano, que poderá balizar os orçamentos para as próximas duas décadas, enquanto vigorar a Emenda Constitucional 95.
Lamentável que pessoas que se dizem dirigentes sindicais cumpram tais papéis e atuem contra a categoria. Sabemos que, em 2015, esses mesmos sindicalistas trabalharam contra a derrubada do veto presidencial ao reajuste pleno dos salários. Àquela época, apoiavam o então governo Dilma/Temer e boicotavam as mobilizações da categoria.
É vergonhoso que haja sindicalista agindo assim quando sabemos que conquistar a valorização dos benefícios pode evitar que muitos servidores sejam empurrados para fora da assistência médica devido aos aumentos nos valores cobrados.
Esperamos que esses setores reflitam e revejam o que fazem. Vivemos tempos difíceis, nos quais os ataques ao funcionalismo e à classe trabalhadora em geral são muitos e gravíssimos.
É inaceitável que sindicalistas, que deveriam conduzir as lutas em defesa dos direitos de seus representados, em cenário de tantos ataques, deixem suas bases e percorram outras, tentando ‘surfar’ na onda de retirada de direitos para arrecadar recursos e tirar vantagem das dificuldades que vivemos em prol de política, práticas e entidade que não nos representam.
Que todas as nossas forças e esforços estejam voltados para defender todos os direitos e demandas da categoria e não para ações mesquinhas e ilegítimas.