“Não seremos cobaias”, afirmam servidores em live do Sindicato


04/09/2020 - Shuellen Peixoto
Transmissão aconteceu nesta quinta; diretoria do Sindicato apresentou informes sobre a reunião da comissão de estudos para retorno às atividades presenciais no TRT-2. Assembleia setorial acontece no dia 8, às 18h, via Zoom.

Os informes sobre a reunião da Comissão de Estudos para Retorno Gradual às Atividades Presenciais no TRT-2 e a mobilização contra a reabertura dos tribunais foram debatidos na 45ª live do Sintrajud que aconteceu na manhã desta quinta-feira, 3 de setembro.

A transmissão foi conduzida pelos dirigentes Henrique Sales e Tarcisio Ferreira, que participaram da reunião nesta quarta-feira (2) para reiterar o posicionamento da categoria contrário ao retorno enquanto não há controle da pandemia. A live também teve a participação do servidor Pedro Breier, secretário de audiência da 47ª vara do Fórum Ruy Barbosa e diretor de base.

A proposta debatida na reunião do colegiado criado pelo Tribunal, presidida pelo juiz Sérgio Pinto Martins, é baseada em quatro etapas para a retomada. A primeira delas seria o retorno de cerca de 20% dos servidores, em sistema de rodízio, para serviços internos. Em seguida aconteceria a retomada do atendimento ao público, a retomada das audiências de instrução na terceira etapa e, então, a reabertura completa.

O Tribunal informou que ainda não há prazos definidos para essa retomada. No entanto, a Comissão já apontou em reuniões anteriores até possível data, ainda em setembro, sem o reconhecimento de que não há condições de segurança sanitária. “Frisamos durante a reunião que, em nossa opinião, o momento seria de discutir  se é possível e necessária a reabertura do Tribunal em São Paulo, seria a hora de dar um passo atrás, mas nos parece a administração pula este debate e como dado a reabertura, nós reafirmamos que neste momento em que os número da pandemia continuam crescendo não é possível a retomada dos trabalhos presenciais”, afirmou Tarcisio Ferreira.

#Nãoseremoscobaia

Henrique Sales frisou que o posicionamento da Comissão coloca os servidores como cobaia, na medida em que arrisca a vida dos colegas em um retorno que não é justificável. “Todos nos sabemos que, mesmo em meio à pandemia, nós continuamos cumprindo todo o trabalho, em algumas varas a produtividade está maior do que antes, inclusive, há atendimento ao público por e-mail e telefone, ou seja, o que está sendo proposto nas primeiras fases está sendo realizado remotamente”, disse Henrique. “Essa proposta de retorno nos coloca como cobaias, a administração quer colocar nossa vida em risco para ver se dá certo, e não iremos aceitar”, ressaltou o dirigente.

Henrique também lembrou que, durante a reunião, uma das justificativas do juiz Sérgio Pinto Martins para reabertura seria uma pressão do Conselho Nacional de Justiça quanto à produtividade, tendo em vista que teria havido redução de 60% nas sentenças. “Este dado desconsidera todo o volume de trabalho que está sendo mantido”, destacou Henrique.

Os servidores ressaltam que, em meio a uma pandemia, a Administração do TRT-2 não pode correr o risco de colocar vidas em risco para a realização de audiências presenciais. “Uma audiência padrão tem, pelo menos, 12 pessoas juntas, e, considerando que o Fórum da Barra Funda tem 90 varas, são muitas pessoas por dia. A conclusão que chegamos observando esses números é que teremos mortes. E isso a troco de quê? Metas processuais? Isso é um absurdo”, afirmou Pedro Breier.

Vida acima das metas

A posição contrária ao retorno presencial na Segunda Região foi ressaltada à Comissão. O Sindicato já havia encaminhado um documento, em 25 de agosto, com a deliberação da categoria sobre o tema (leia aqui). Os servidores também a reafirmaram a exigência de que o Sindicato tenha assento permanente na Comissão.

“Em julho a presidente respondeu um documento feito em conjunto entre o Sindicato e a Amatra, comprometendo-se em conceder assento para as entidades na reunião. No entanto, mesmo após reiterados pedidos a presidente segue sem querer que a entidade que representa os servidores esteja na Comissão e opine sobre este retorno”, afirmou Tarcisio.

O diretor do Sindicato também frisou que, além da participação da Comissão, é necessário que os servidores se apoiem na mobilização, na realização do abaixo-assinado e todas as medidas que possam impedir a retomada dos trabalhos presenciais na Justiça Trabalhista de São Paulo. “Não estamos em uma situação de normalidade, não há queda nos números de morte e contaminação, ou seja, não há segurança para voltarmos, temos que mobilizar os colegas para a administração entender que não queremos colocar as nossas vidas e dos nossos familiares em risco”, destacou o dirigente.

Para Pedro Breier, a adesão à greve sanitária ou, até mesmo, em uma greve tradicional, precisa ser considerada pelos colegas. “Temos que canalizar nossa revolta para a mobilização da categoria, unificar todos os segmentos, secretários de audiência, oficiais de justiça, balconistas, todo mundo para fortalecer a mobilização. Aderir à greve sanitária significa salvar vidas”, ressaltou o servidor.

As propostas colocadas pelos colegas durante a live serão debatidas na assembleia setorial dos servidores do TRT-2 na próxima terça-feira, 8 de setembro, às 18hs, via plataforma Zoom. A diretoria do Sindicato reforça o chamado para a assembleia, pois será o momento de organizar a mobilização contra o retorno presencial. Além disso, os secretários de audiência farão uma reunião nesta sexta-feira, 4 de setembro, também às 18hs, para discutir as preocupações e pressões dos colegas.

Além disso, na quinta-feira, 10 de setembro, 17h, os servidores voltam a avaliar a greve sanitária e os próximos passos da mobilização em defesa da vida na assembleia geral da categoria.

Veja a íntegra da live:

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