Em live ocorrida no último dia 5, as ativistas da Frente Nacional de Lutas, Diolinda Souza, do Luta Popular, Maura Lopes e Movimento Olga Benário, Roseli Simão reafirmaram a luta contra as opressões e a importância da unidade classista diante dos desafios às mulheres do campo e da cidade. O debate é uma realização do Coletivo de Mulheres do Sintrajud – Mara Helena dos Reis e da diretoria do Sindicato, que tem como coordenadoras a diretora do Sindicato Camila Oliveira e a representante da Fenajufe, Luciana Carneiro.
As palestrantes, que estão inseridas em ocupações e assentamentos no estado de São Paulo, salientaram que a luta por moradia e pela reforma agrária também são atravessadas pela violência contra a mulher. “Somado ao machismo e às jornadas extensivas, temos ainda as violações cometidas pelo estado burguês que nega o acesso à terra, à moradia e as políticas públicas”, disse Maura Lopes, representante do Movimento Luta Popular, que está na liderança da ocupação Esperança, em Osasco.
As companheiras também se queixaram da fragilidade das políticas públicas que atendam as mulheres vítimas de violência doméstica. As diretrizes nacionais, respaldadas pela Lei Maria da Penha e pela Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, preconizam a criação de redes de atendimento. “O número de estupros e feminicídios em todo estado só aumenta. E, na prática, os atendimentos às vítimas de violência são precários”, criticou Roseli Simão, liderança da ocupação de mulheres, em São Bernardo do Campo e integrante do Movimento Olga Benário.
Referindo-se ao protagonismo das mulheres no campo, Diolinda Alves de Souza acompanhou o crescimento da violência às companheiras, disse que ele está diretamente ligada à grilagem, à mineração e ao agronegócio. Segundo ela, as mulheres são as principais lideranças nas comunidades rurais e assentamentos e estão vulneráveis à truculência e violência de todos os tipos. “No Pontal do Paraná Panema, interior de São Paulo, as mulheres atuaram na linha de frente, inclusive enfrentaram a CPI das ocupações. Nós somos as protagonistas da luta pela da reforma agrária no Brasil”.
As lideranças reforçam ainda a importância da mobilização nas ruas não só contra o patriarcado, mas também contra o capitalismo que produz miséria e violência não só no campo, como também na cidade.
Trabalho não remunerado. Dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua) mostram que, de 2016 a 2022, as mulheres relataram dedicar, em média, 21,3 horas por semana às tarefas domésticas. É quase o dobro dos homens (11,1 horas). Se essas horas fossem remuneradas, o PIB cresceria 13,1% por ano no período.