As centrais sindicais, sindicatos e movimentos populares se encontram na Marcha a Brasília, nesta quarta-feira (24), tendo, pela primeira vez, como pautas comuns as bandeiras “Fora Temer”, o fim das reformas previdenciária e trabalhista e a revogação das medidas que representaram perdas de direitos sociais, como a emenda constitucional que congelou o orçamento e a lei das terceirizações.
A expectativa das organizações é levar pelo menos cem mil pessoas à Esplanada dos Ministérios. Servidores do Judiciário Federal e do MPU devem participar em bom número. Cumpridas ou não as metas, o presidente Michel Temer (PMDB), que assumiu há um ano e doze dias após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), enfrentará o maior ato já realizado pelo fim de seu governo.
Manifestações anteriores, como a greve geral de 28 de abril e os atos de 15 de março, já tinham o combate às reformas em pauta, mas não incluíam a defesa da derrubada do governo. Até pouco tempo, Temer contava com o apoio de algumas centrais, entre elas a Força Sindical, segunda maior do país, atrás apenas da CUT em número de filiados.
Nesta quarta-feira de sol e temperatura amena em Brasília, Temer terá contra si nove centrais sindicais. A CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular), a Intersindcal, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiros), a CUT (Central Única dos Trabalhadores), a UGT (União Geral dos Trabalhadores) e a Força Sindical, entre outras, vão marchar juntas para defender o fim de sua gestão. Boa parte dos manifestantes também devem defender Eleições Diretas e/ou gerais Já, mas isso não é consenso entre as entidades.
A revelação de que Temer teria comprado o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso pela Operação lava-Jato, foi o estopim para que a campanha “Fora Temer” ganhasse o apoio de todas as centrais sindicais e provavelmente da imensa maioria da população. O ato desta quarta-feira terá o início da concentração às 11 horas nos arredores do Estádio Mané Garrincha, obra da Copa do Mundo sob suspeita de corrupção que na véspera levou à prisão políticos de Brasília, entre eles os ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda (PR).
A previsão é de que os manifestantes deixem o local por volta das 11 horas. E caminhem quase cinco quilômetros até as proximidades do Congresso Nacional e da Praça dos Três Poderes. O protesto deverá passar perto do Supremo Tribunal Federal, a quem caberá decidir se dará prosseguimento ou não com o processo que investiga Temer.
A preocupação dos organizadores com a segurança e possíveis repressões policiais é grande. O trajeto do ato foi comunicado e acordado com o comando da Polícia Militar do Distrito Federal, que avisou que fará revistas na altura da Rodoviária de Brasília. Já os manifestantes prometem um ato pacífico, mas contundente na defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários ameaçados e na exigência do fim do governo alçado ao poder com apoio inédito no Congresso Nacional e que uniu peemedebistas e tucanos e quase todas as grandes empresas do país.