Luciana Carneiro fala sobre desigualdade de gêneros em programa de TV na Baixada Santista


12/03/2021 - Shuellen Peixoto
Diretora do Sindicato voltou a participar do programa ‘Ponto de Vista’ na última sexta-feira, 5 de março, e conversou sobre os impactos da pandemia e das políticas de 'ajuste' fiscal na vida das mulheres.

Na última sexta-feira (5 de março), a diretora do Sindicato Luciana Carneiro voltou à TV Santa Cecília, que opera na região da Baixada Santista, para participar do programa ‘Ponto de Vista’. Na semana do 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, o programa tratou dos impactos da pandemia, das políticas de ‘ajuste’ fiscal e das ‘reformas’ do governo Jair Bolsonaro nas vidas das mulheres. Além do apresentador, Edgar Boturão, participaram também os advogados Telma Rodrigues e José Stalin.

Segundo pesquisa do IBGE, a pandemia aprofundou o desemprego no país, que em mais de 20 estados bateu recorde. Mais da metade dos 13,9 milhões de brasileiros sem trabalho são mulheres. A taxa média de desemprego em 2020 entre os homens foi de 11,9%, enquanto entre as mulheres chegou a 16,4%. A pesquisa também apontou que o salário entre homens e mulheres permanece desigual, entre homens a média foi R$ 2.654,00 enquanto entre as mulheres esse valor caiu para R$ 2.062,00.

Luciana Carneiro explicou que as condições de desigualdade de gênero tornam o ingresso e permanência das mulheres no mercado de trabalho mais difícil e com o agravamento da pandemia, a situação ficou pior. “Nós, mulheres, somos, estatisticamente, mais escolarizadas, buscamos maior qualificação, mas as oportunidades não são iguais, temos que matar um leão por dia, primeiro para conseguir emprego, depois para nos manter no emprego. O próprio fato de sermos mães muitas vezes faz o empregador não nos contratar”, afirmou a sindicalista. “Quando dizemos que a ‘reforma’ da Previdência afeta mais as mulheres é porque passamos mais tempo desempregadas”, destacou Luciana.

A advogada trabalhista Telma Rodrigues também ressaltou a discriminação à maternidade como uma das dificuldades femininas no mundo de trabalho, que ainda é vista como responsabilidade das mulheres. “As mulheres que têm filho têm mais dificuldade de entrada no mercado de trabalho, nem sempre o empregador está disposto a contratar, eu tive filhos mais velha, mas penso em uma menina de vinte e poucos anos grávida, até se reestabelecer, encontrar creche…”, afirmou a advogada.

Telma Rodrigues lembrou que todos os avanços nos direitos das mulheres foram conquistados com muita luta. “Nada melhor do que vestir esta camisa para simbolizar as lutas que travamos todos os dias, e vamos seguir na luta porque é este o papel do brasileiro”, disse a advogada, que usava uma camiseta do Coletivo de Mulheres do Sindicato.

Durante o debate, um dos expectadores questionou a baixa representatividade das mulheres entre os parlamentares no país. Para Luciana Carneiro, o machismo continua afastando as mulheres da política. “Estamos completando três anos do brutal assassinato de Marielle Franco, a deputada estadual Isa Pena sofreu assédio sexual na frente de todos por outro deputado, duas covereadoras sofreram ataques a suas vidas no último mês, isto não acontece à toa, é uma tentativa violenta de nos intimidar e dizer que não podemos ocupar os espaços majoritariamente masculinos, mas seguiremos lutando e resistindo”, afirmou Luciana.

A íntegra do programa “Ponto de Vista” está disponível no Youtube. Veja aqui:

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