Foto: Rodrigo Pertoti/Câmara dos Deputados
Quando em 2019 assumiu o mandato no lugar de Jean Wyllys, que desistiu do cargo por conta das ameaças de morte que sofria, David Miranda disse que continuaria falando com a população, lutando pelas causas sociais e pautas LGBTQIA+. No mesmo ano, a revista ‘Time’ o elegeu como um dos dez líderes da próxima geração.
Reafirmava, então, seu compromisso com as lutas contra as opressões e a exploração. “Sou o primeiro vereador assumidamente LGBT da cidade do Rio de Janeiro e vou [defender] também as pautas LGBTs. Vou continuar falando com a população. Sou um favelado, então, eu vou falar do genocídio da juventude negra, do feminicídio e misoginia, isso é obrigação, das pautas de direitos humanos, demarcação de terras indígenas, pauta animal, todo o trabalho que já venho fazendo”, disse em entrevista ao jornal “Brasil de Fato”.
Enquanto deputado federal, David apresentou o projeto de lei determinava medidas protetivas para a população LGBTQIA+, relacionadas à Lei Maria da Penha, com mecanismos para proteger pessoas em situação de violência. A medida também incluia uma proposta que determinava quais órgãos públicos deveriam afixar placas do Disque 100, para denúncias de violência especializadas em raça e etnia. O deputado também propôs o projeto que cria ações para combater o suicídio e o sofrimento psíquico de profissionais da segurança pública, como os policiais.
A morte de David Miranda, pouco mais de quatro anos depois de assumir o cargo na Câmara e de nove meses enfrentando uma sepse, foi lamentada por personalidades, artistas, e militantes políticos e sociais de todas as partes do país e em diversos países do mundo.
Nas redes sociais, Gleen Greenwald, marido de David, relembrou um pouco da vida e trajetória do companheiro, com quem tem dois filhos. “A vida de David foi extraordinária em todos aspectos. Sua mãe faleceu quando ele tinha 5 anos, deixando-o órfão na Jacarezinho. Ela deu a David a chance de viver todo o seu enorme potencial, superando as barreiras para um menino como ele. Foi central nas reportagens do Snowden, o primeiro homem abertamente gay eleito vereador do Rio, e depois deputado. Sua biografia, paixão e força inspira muitos”, destacou Gleen.
O velório do ex-deputado aconteceu na tarde desta quarta-feira, 10 de maio, dia em que ele completaria 38 anos. A Diretoria do Sintrajud também lamenta a perda e se solidariza com familiares, amigos e companheiros de militância.