Combate à violência e à desigualdade de gênero foi tema de seminário no Sindicato


10/04/2019 - Shuellen Peixoto

Foto: Joca Duarte

 

A desigualdade de gênero no ambiente de trabalho no serviço público foi o tema do seminário, organizado pelo Coletivo de Mulheres do Sintrajud – Mara Helena dos Reis, no último sábado, 6 de abril. Com a presença da Procuradora Regional do Trabalho Adriane dos Reis, a atividade foi um bate-papo entre as presentes sobre as situações diárias que demonstram a ainda existente desigualdade de gênero e o que é preciso fazer para superá-la.

Segundo a procuradora este tipo de desigualdade ainda é uma realidade mundial, as mulheres seguem com salários menores, nos piores postos de trabalho e enfrentando duplas e triplas jornadas, pois o trabalho doméstico e o cuidado com familiares ainda recaem sobre os ombros femininos. No caso do serviço público, em que pese serem maioria entre os servidores, as mulheres ainda estão fora dos cargos de direção e chefia.

Foto: Joca Duarte

“Nas carreiras públicas as diferenças começam na progressão, as pesquisas apontam que as mulheres têm maior formação e são maioria entre os servidores públicos, no entanto, o topo das carreiras continua sendo ocupado pelos homens”, afirmou Adriane dos Reis. “Por força da sociedade patriarcal os homens são identificados como as pessoas que podem responder melhor a demandas de comando, por isso mulheres podem ter currículos maravilhosos e muitas vezes não são elevadas a cargos superiores”, ressaltou a procuradora.

Na opinião da diretora do Sintrajud Ana Luiza Figueiredo, servidora aposentada do TRF, o capitalismo lucra com a opressão contra as mulheres e, por isso, o combate ao machismo deve estar ligado a luta por uma sociedade igualitária. “Não basta lutar pela igualdade entre homens e mulheres, porque, muitas vezes as próprias mulheres acabam tendo posturas autoritárias nos cargos de poder, precisamos ligar a luta contra o machismo e toda forma de opressão à luta por uma sociedade mais justa, e ganhar os homens para ser parte desta luta”, afirmou.

Violência de gênero

Para doutora Adriane dos Reis é preciso também identificar a violência de gênero no ambiente de trabalho, que se manifestam através de assédio sexual e moral e disseminam a desigualdade. “Assédio sexual e o moral, piadas, divisão sexual do trabalho onde as mulheres ficam ofuscadas, discriminação, enfim, são tipos de situações que favorecem a disseminação da violência de gênero no ambiente de trabalho”, afirmou a procuradora.  “O assédio serve para precarizar o trabalho, não é um problema entre duas pessoas, é uma forma de exercício de poder”, afirmou, ressaltando que isso torna ainda mais importante o enfrentamento institucional à prática e evidencia a responsabilidade dos órgãos e empresas.

“A luta pela igualdade de gênero e fim da violência no ambiente de trabalho não é ‘mimimi’. Para transformar a situação precisamos identificar, difundir estes conceitos e adotar ações concretas e afirmativas institucionalmente”, sugeriu Adriane.

O Coletivo de Mulheres do Sintrajud está desenvolvendo a campanha ‘Assédio sexual não pode ser segredo na justiça’ e em março de 2018, o Coletivo lançou a cartilha “A culpa nunca é da vítima”, para esclarecer o que significa esta prática. Além disso, o Sindicato oferece assistência jurídica e orientação psicológica às servidoras vítimas de assédio sexual.

Foto: Joca Duarte

“Nós do Coletivo estamos desenvolvendo discussões e queremos ter outras atividades como estas. O caminho ainda é longo, mas acreditamos que precisamos de espaços como estes para que possamos dar o start nas discussões e desenvolver a consciência das pessoas sobre temas tão caros como assédio e violência de gênero e que passam a ser naturalizados no ambiente de trabalho. Não é natural, assédio traz sofrimento para as vítimas, e precisamos combater”, finalizou a diretora do Sintrajud Luciana Carneiro, servidora do TRF-3.

Para saber mais sobre o Coletivo de Mulheres do Sintrajud e suas iniciativas, acesse aqui.

Veja aqui o material de apoio indicado pela palestrante:

Manual de boas práticas para promoção de igualdade de gênero

O ABC da Violência contra a mulher no trabalho

Direitos humanos no trabalho pela perspectiva da mulher

 

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