Atos denunciam crime ambiental da Vale em Brumadinho nesta sexta


31/01/2019 - Luciana Araujo

Crédito: da página do MAB

O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) realiza nesta sexta-feira (1º de fevereiro) manifestações em diversos estados para reforçar a solidariedade às vítimas do desastre ambiental e humano provocado pela mineradora Vale na cidade de Brumadinho, a 50 km de Belo Horizonte, no último dia 25. No Rio Grande do Sul, no Ceará, no Pará, Rio de Janeiro, Piauí, Espírito Santo e no Amapá devem acontecer atos.

Os protestos cobram responsabilização efetiva da mineradora, para que não aconteça o mesmo que se deu em relação à tragédia em Mariana, ocorrida há três anos. Até hoje o complexo Samarco-BHP não pagou as multas impostas pelo Ibama e vem protelando judicialmente acordos com atingidos pelo crime ambiental que destruiu aquela outra cidade mineira, matou 19 pessoas e foi – em termos de volume de dejetos – quatro vezes superior à tragédia que agora atinge Brumadinho. A Samarco, que explorava a barragem de Fundão, pertence à Vale.

Outra demanda dos atos é a ampliação do número de fiscais ambientais no país, responsabilização da Vale sobre as consequências sócio-ambientais das rupturas das barragens e mudança do modelo privatizado e transnacional de mineração. O MAB e outros movimentos e pesquisadores veem no modelo de exploração a principal causa dos dois desastres, e apontam riscos de novas tragédias nas mais de 700 barragens existentes no país, cerca de 500 delas no território do Estado mineiro.

As organizações que constroem os atos reiteram que o ruptura da barragem em Brumadinho não é um acidente, mas um crime ambiental. A diretoria do Sintrajud concorda com a avaliação e, por isso, convida a categoria a participar do ato em São Paulo, que terá início às 18 horas, na Praça da Sé.

No início da tarde de hoje já estavam contabilizadas 99 vítimas fatais, das quais apenas 57 tinham sido identificadas. Segundo informações divulgadas pelo MAB, que mantém voluntários no local desde o dia do deslizamento da barragem de rejeitos da mina do Córrego do Feijão, mais dois sobreviventes foram encontrados diminuindo para 257 o total de desaparecidos. Há ainda 264 cidadãos desabrigados e já foi formalizado o registro de que a lama atingiu o rio Paraopeba, a 98 km da barragem, na cidade de Pará de Minas.

Maria Bela Cardoso Alcantra estava entre os nomes dos desaparecidos. Felizmente, sobreviveu, embora tenha perdido tudo. Confira abaixo o depoimento dela ao MAB.

“É a lógica do lucro que leva a esse tipo de desastre. Se a empresa fosse pública teria que cumprir uma série de exigências legais, regulamentações etc, que dariam margem menor pra um crime como este. Por outro lado, quem está lá cuidando e fazendo todo o resgaste são servidores públicos e militantes. Não tem empresa privada de saúde fazendo resgate algum, o que evidencia a importância do setor público. É um crime, não é um acidente ou um desastre. Desde Mariana não houve sequer punição efetiva das empresas responsáveis. É também o maior acidente do trabalho do Brasil, já chegando a uma centena de trabalhadores mortos e, com a reforma trabalhista, as pensões que familiares venham a receber poderá ser diminuta perto do que seria antes da mudança da lei aprovada com o voto do atual presidente da República. Não podemos ficar distantes, essa tragédia tem tudo a ver com o que o Sindicato discute: os direitos dos trabalhadores, do funcionalismo público, a defesa de um outro modelo de Estado, onde o lucro não seja mais importante que a vida das pessoas”, aponta o diretor do Sintrajud e servidor do TRT-2 Henrique Sales Costa.

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