Com um protesto simbólico e performático, servidoras e servidores criticaram ‘um mês sem respostas’ por parte do governo Bolsonaro à reivindicação salarial da categoria. O ato em frente ao Ministério da Economia, em Brasília, ocorrido na sexta-feira, dia 18 de fevereiro de 2022, teve bolo, ‘granadas’ e uma trupe de palhaços.
Com a participação de representantes de entidades sindicais do Judiciário Federal e do MPU, o protesto reuniu diversos outros setores do funcionalismo público federal, que defenderam a abertura de negociações em torno da reposição das perdas salariais acumuladas em três anos de gestão Bolsonaro: 19,99%. ‘Granadas’ de mentirinha, de plástico, faziam referência à fala do ministro Paulo Guedes (Economia), na reunião ministerial de abril de 2020, a mesma em que o então titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que era preciso aproveitar a pandemia “para passar a boiada”. Na ocasião, sem saber que a gravação posteriormente se tornaria pública por decisão judicial, Guedes disse que já havia “colocado a granada no bolso do inimigo”, referindo-se ao congelamento dos salários dos servidores.
“Estamos há um mês sem qualquer resposta do governo. No dia 18 de janeiro nós estivemos aqui protocolando nossa reivindicação de reajuste de 19,99%, apenas para repor as perdas do último período, dos últimos três anos, apenas em caráter emergencial. E o governo deixa os servidores para lá, sequer se digna a dialogar”, disse, durante o ato, o servidor Fabiano dos Santos, diretor do Sintrajud e da federação nacional (Fenajufe). “Registramos também os três anos em que absolutamente nenhuma categoria do funcionalismo civil teve qualquer tipo de recomposição, são os três anos da granada no bolso do Paulo Guedes”, disse, defendendo que os servidores organizem uma forte e urgente mobilização que seja capaz de devolver esta ‘granada’ ao governo Bolsonaro.
Fabiano ressaltou que a luta pela valorização salarial é também em defesa dos serviços públicos – algo, aliás, que esteve no centro das mobilizações em 20221 contra a ‘reforma’ administrativa (PEC 32) e as privatizações, que denunciaram a tentativa do governo em transformar o setor público num cabide de emprego e de ‘rachadinhas’. “Defendemos os serviços públicos fortalecidos, e serviço público fortalecido inclui a valorização dos servRemover imagem destacadaidores, que são trabalhadores e devem ter seus direitos reconhecidos”, disse, assinalando que a mobilização é o “único caminho para que as reivindicações sejam atendidas”.
Entidades sindicais de diversas áreas do funcionalismo constroem uma campanha salarial conjunta, articulada pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais) e Fonacate (Fórum Nacional das Carreiras de Estado). O Sintrajud participa da construção desta luta, que inclui indicativo de greve caso o governo não reveja a sua posição.
Calendário
O Calendário Nacional de Mobilização foi redefinido na mais recente reunião do Fonasefe. A data do indicativo de construção da greve por tempo indeterminado foi adiada de 9 para 30 de março. Além disso, foi proposto um novo dia de atos e paralisações da campanha salarial para 16 de março. Haverá, antes, no dia 23 de fevereiro, uma nova plenária nacional – para participar, é preciso se inscrever antes, via entidades sindicais.
O cronograma proposto agora é o seguinte:
14 a 25/2/22 – Jornada de Luta em estado de greve; realização de assembleias nos estados.
18/02/22 – Um mês sem respostas: ato em frente ao ministério da economia às 10 horas, pela recomposição salarial de 19,99%.
23/02 Plenária Nacional das Servidoras e Servidores Públicos Federais (virtual), a partir das 18 horas – participação via entidades.
8/3/22 – Dia Internacional das Mulheres – participação da campanha na construção das manifestações.
16/3/22 – Dia Nacional de Greve – aviso ao governo, a 15 dias da greve por tempo indeterminado.
30/3/22 – Indicativo de Greve por tempo indeterminado, caso o governo insista em não negociar, a ser submetido às assembleias.