Aposentados debateram etarismo em primeira reunião na subsede nova da Baixada


16/06/2023 - Niara Aureliano
Segmento é reconhecido pela atuante presença no Sindicato e representou 40% dos delegados e delegadas ao 9º Congresso.

Aposentadas e aposentados reunido na nova subsede (foto: Marcela Mattos).

Formas de combater o etarismo, trato preconceituoso ou discriminatório com pessoas de mais idade, e a importância da organização sindical para lutar por direitos, como contra o arcabouço fiscal de Lula/Alckmin, foram temas da primeira reunião do Núcleo de Aposentados e Pensionistas na nova Subsede do Sindicato na Baixada Santista na última quarta-feira, 7 de junho.

O espaço, inaugurado no mês de março, recebeu pela primeira vez em Santos o segmento de aposentados, em reunião conjunta dos aposentados de São Paulo e da Baixada.

O etarismo está cada vez mais em pauta, já que há algum tempo marca a trajetória dos trabalhadores e trabalhadoras com mais idade no Judiciário Federal. As aposentadas e aposentados rejeitam atitudes preconceituosas de outros colegas, e reafirmam que, seja nos locais de trabalho ou nas atividades convocadas pelo sindicato, seguem ativos e buscarão construir políticas para combater a propagação de estereótipos, preconceitos ou atitudes discriminatórias contra o grupo.

Foi o que apontou o servidor aposentado e um dos fundadores do Sintrajud, Wanderley Pedro de Oliveira, que ressaltou a união dos aposentados da Baixada Santista e São Paulo em busca de inclusão para todas e todos. “Nesse encontro saímos com soluções, projetos, propostas à diretoria para que permaneçam nessa luta constante de inclusão com dignidade e reconhecimento, pela história que o Sintrajud tem. É a classe que precisa de todo apoio e os aposentados sempre estão presentes nas manifestações, nas causas solidárias, inclusive aqui na baixada nós temos visitado as aldeias indígenas, nessas aldeias o Sintrajud estava presente”, falou, fazendo alusão à luta em defesa dos povos originários contra a tese do marco temporal.

A diretora do Sindicato Esther Nogueira enfatizou a disposição do segmento, recordando ainda que a pandemia de COVID-19 impediu a manutenção de encontros presenciais. Assim, para ela, o encontro conjunto dos aposentados da capital e da Baixada na subsede foi ainda mais especial, simbolizando uma retomada.

“Os aposentados gostam de estar presentes. Então essa atividade na Baixada ajuda muito nessa interação e, quem sabe, façamos mais atividades aqui na Baixada junto com São Paulo ou de maneira separada. O mais importante é trazermos todos e todas, os aposentados participarem das nossas atividades. E acho que o pessoal da baixada estava precisando disso”, disse.

A oficiala de justiça aposentada Lynira Sardinha, do TRT-2 e ex-diretora do sindicato, também reforçou a importância do encontro para o segmento, que representa também o principal grupo etário vitimado pela crise sanitária da COVID-19. “As pessoas estão voltando a se reconectar. O trato pessoal faz total diferença. Acredito que as pessoas vão sair daqui com uma experiência que vão levar por muito tempo e conversar em casa, com seus parentes, uma vez que discutimos etarismo”.

As aposentadas e aposentados do Judiciário Federal são reconhecidos pela atuante presença no Sindicato, e por terem, mais recentemente, representado pelo menos 40% dos delegados e delegadas do 9º Congresso do Sintrajud – congresso que aprovou como uma de suas Resoluções que a entidade sindical deverá atuar contra o etarismo no Judiciário e também no movimento sindical.

As trajetórias destes trabalhadores e ativistas no movimento sindical foram rememoradas pela servidora aposentada do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Ana Fevereiro. A necessidade de manter viva a memória da atuação destas trabalhadoras e trabalhadores e o fortalecimento do segmento de aposentados é agora o que move a aposentada.

“Eu acho super importante esses encontros em outra cidade porque depois da pandemia, de certa forma, passamos a viver de forma mais isolada, fomos nos distanciando uns dos outros, principalmente as pessoas com mais idade. Já não tinha o trabalho; o sindicato passou a fazer as reuniões de forma virtual, então fomos perdendo o vínculo, a amizade, o chopinho depois das reuniões às quartas-feiras lá no sindicato. Então ficou uma coisa muito chata. Essa volta pós-pandemia nos proporciona contatos, vida social, o fato de sair, passar um batonzinho pra sair; ver gente, conversar, então é tudo super importante”, celebrou.

Arcabouço fiscal
Outra pauta da roda de conversa dos aposentados e aposentadas foi a luta contra o arcabouço fiscal, proposta do governo Lula/Alckmin que tramita no Congresso Nacional. Os aposentados reafirmaram que as pautas dos servidores públicos não cabem no arcabouço e que seguirão comprometidos com a defesa do serviço público no Brasil.

A diretora do Sintrajud Angélica Olivieri, da Justiça Federal, avaliou que a categoria terá um período de lutas por seus direitos pela frente. “A gente vai viver um período de muitos ataques aos serviços e aos servidores públicos com o projeto do arcabouço fiscal quase aprovado no Congresso. Isso vai nos impor uma luta muito grande. Mas não é uma luta só dos servidores que estão em atividade. É necessário que todos os servidores, aposentados e aposentadas, se juntem para fazer uma luta que barre esse ataque e todos os outros que virão”.

A servidora aposentada do TRF-3 Ana Luiza reforçou o chamado e reiterou a importância da organização sindical: “Nós vamos ter muitos motivos para lutar e participar das lutas com o nosso sindicato. Em primeiro lugar porque apesar de termos tido um reajuste salarial, ele não cobriu as nossas perdas. Além disso um projeto de orçamento que está no Congresso Nacional prevê cortes cada vez maiores para os servidores, para os aposentados e aposentadas e para todos os trabalhadores. Então para lutar pelos nossos direitos, vamos precisar estar juntos, servidores ativos e aposentados nessa luta contra o arcabouço fiscal”, finalizou.

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