Vários servidores compartilharam com o Sindicato sua participação nos recentes “panelaços” que vêm ocorrendo recorrentemente quando dos pronunciamentos do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante o período de isolamento social imposto com a pandemia do coronavírus. A inação do governo no início do período de enfrentamento ao que já vem sendo considerado por especialistas como a maior crise sanitária mundial desde a peste (pandemia ocorrida no século XIV que levou à morte 200 milhões de pessoas) e depois a postura negacionista e debochada do chefe do Poder Executivo têm ampliado a indignação até mesmo entre brasileiros que votaram no atual governante.
Entre os servidores públicos a irritação é maior devido aos impactos da ‘reforma’ da Previdência imposta no ano passado, cujos efeitos começaram a ser sentidos neste mês, com o aumento da contribuição previdenciária (veja aqui o informe das ações movidas pelo Sintrajud contra o confisco previdenciário).
As propostas de congelamento e até redução salarial em até 25% contidas no Plano ‘Mais Brasil’, encaminhado ao Senado em novembro do ano passado, e as ameaças de fim da estabilidade e extinção de carreiras com a ‘reforma’ administrativa prevista para começar a tramitar ao final da pandemia também têm levado o funcionalismo à oposição ao governo.
A “cereja do bolo” que tem estimulado a participação dos servidores nos “panelaços” é a campanha governamental e midiática em curso de que o investimento no combate à disseminação do coronavírus exigiria a redução salarial para o funcionalismo.
“Nem os jogadores de futebol da série A do Campeonato Brasileiro, com salários e direitos de imagem médios em torno de 200 mil reais, e de até R$ 1 milhão, aceitaram redução salarial. Por que os servidores, que já estão sendo há anos alvo de achatamento salarial, perseguição, assédio etc vão mais uma vez pagar a conta?”, escreveu ao Sindicato um servidor da categoria cuja identidade preservamos. “Não tenho partido político, mas esses caras são criminosos. Vendem o produto mais fácil de vender: a conversa fiada”, indigna-se.
Estudo realizado pela Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) aponta que tributar altas rendas possibilitaria à União arrecadar mais de R$ 272 bilhões para combater a crise econômica potencializada pela pandemia. Mas o governo prefere, em aliança com as grandes bancadas do Congresso Nacional, atacar mais uma vez o funcionalismo.
A diretoria Sindicato repudia esses ataques, tem incentivado a participação nos “panelaços” e formulou a compreensão de que chegou ao limite a possibilidade de seguimento de Jair Bolsonaro no poder. A partir desta semana o Sintrajud perfilou-se num movimento que vem crescendo desde o período da ‘reforma’ previdenciária: o #ForaBolsonaro (leia aqui a nota da direção).
A diretoria ressalta a necessidade da mobilização, ainda que virtual nesse período de quarentena, para impedir que os projetos de redução salarial do funcionalismo avancem no Congresso Nacional. Por isso a direção do Sintrajud convida toda a categoria a enviar a carta aos parlamentares apontado medidas para enfrentar a pandemia sem cortar ou reduzir salários (clique aqui para enviar a sua).
Confira abaixo fotos e vídeos recebidos pelo Sindicato após os últimos panelaços:
Gilberto Clementino, JF/Araçatuba
Scheilla Brevidelli, servidora do TRT-2
Ismael Souza, servidor do TRT-2