SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 230 - 17/11/2005 - Página 6

OPINIÃO DO SINTRAJUD


Lula e a pizza

As declarações do presidente Lula na entrevista ao programa “Roda Viva”, da TVE, ainda repercutiam na imprensa quando o Planalto comandou operação de guerra para impedir a prorrogação da CPI dos Correios.
As palavras do presidente, repletas de contradições e falsificações da realidade, foram desmentidas por ações nas quais o próprio Lula foi o principal agente. Afirmar que o governo vem se empenhando para apurar as denúncias de corrupção e de irregularidades e para isso citar as três CPIs simultâneas é tentar fazer o povo brasileiro de bobo.
As comissões parlamentares de inquérito estão em funcionamento apesar do governo e não por conta de iniciativas do Planalto. Cheiram a pizza. E a maior prova disso pudemos observar na persistência dos (velhos) métodos usados para convencer deputados e senadores a tirar suas assinaturas do requerimento de prorrogação da CPI dos Correios até abril, aprovada na marca, mas cujo resultado o governo não aceita e tenta mudar.
Promessas de cargos e liberações de verbas para parlamentares, formas mais brandas mas que cumprem o mesmo papel das ‘malas’ do empresário Marcos Valério, foram usadas sem economia.
Com ou sem prorrogação, a pizza está assando. O deputado Sandro Mabel (PL-GO), líder do PL na Câmara, foi o primeiro a ser inocentado de uma lista para lá de miúda diante das denúncias e do esquema de corrupção montado em Brasília. O argumento é que não havia provas. Mas alguém acredita que foram de fato procurá-las? Alguém acredita que Mabel não estava no esquema?
Há uma farsa montada em Brasília. PT, PMDB, PSDB e PFL já não se diferenciam nem nas políticas sociais e econômicas defendidas nem nos métodos com que tratam a coisa pública. É sintomático que nenhum deles falem em rever os projetos contra os trabalhadores, como a reforma da Previdência ou a CPMF, aprovados com a compra de votos de deputados. Não há diferença nem no conteúdo nem nos expedientes utilizados para aprová-los. A disputa de fachada, que só a pressão popular pode desmascarar, fica por conta da briga pelo poder.


Chamas contra a exclusão

O ano do Brasil na França termina em meio a uma explosão social nos subúrbios parisienses que nos remetem ao mundo não-desenvolvido. Em pouco menos de duas semanas, mais de oito mil carros foram queimados por jovens de regiões pobres, em geral povoadas por descendentes de imigrantes.
A rebelião que ocorre nos “banlieues”, os subúrbios franceses, expõe ao mundo, mais uma vez, que a desigualdade e a exclusão social são problemas que atingem também os países industrializados considerados ricos. Nestas localidades, nas quais a presença do Estado é muito limitada, a taxa de desemprego chega a 40%, enquanto na média nacional está em 10% da população economicamente ativa.
Diante dos protestos, o governo do presidente Jacques Chirac, que vem cortando verbas de áreas sociais, acionou a tropa de choque e aprovou o estado de emergência, medida de exceção que reduz as liberdades civis e instala o toque de recolher nas ruas.
Mas os protestos na França nos mostram, além da exclusão, outro grave aspecto da realidade social e política em que vivemos: a inexistência de alternativas. O movimento operário e a esquerda francesa não as oferecem aos adolescentes sem perspectivas dos bairros pobres. Os grupos que buscam se diferenciar, ainda pequenos, não têm voz para serem ouvidos. Este quadro não é diferente em outros países da Europa e tampouco no Brasil.
Assim como muitos dos estudantes que ergueram as barricadas na Paris de 1968, os jovens dos “banlieues” franceses podem até não saber exatamente o que pretendem, o que é duvidoso, mas não deixam dúvidas com seus atos que sabem muito bem o que não querem. É preciso construir as alternativas políticas de esquerda que rompam com o que está aí e mostrem que outro mundo é sim possível, sem a exclusão social e sem a exploração que faz com que a maioria trabalhe para que uma minoria goze as riquezas produzidas.




CARTAS E E-MAILS


Sobre “libertar o Brasil”

“Parabéns pela publicação, no painel Idéias, do brilhante texto “Libertar o Brasil”, do colega Iso Sendacz. Trata-se de uma análise precisa feita por pessoa de envergadura moral que não se deixou contaminar pelo tal “mar de lama” que a mídia, políticos e sindicalistas mal-informados ou mal-intencionados (ou as duas coisas), tentam fazer crer que só acontece agora.
Houve denúncias de políticos historicamente corruptos apenas porque o valor abaixou! Não esqueçamos que era R$ 200 mil e baixou para R$ 30 mil
Está errado? Claro que está. Não se trata de defender os corruptos de hoje, mas o que se exige é mais isenção e menos manipulação. Não se pode aceitar que para baixar o pau no governo Lula, de repente, se passe a elogiar Antônio Carlos Magalhães só porque aduziu a ausência de reajuste do funcionalismo. Logo ele, que sempre foi quem a gente sabe. (...) ”

Higino Montebelo Rachel, servidor do TRT 15ª Região.


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CORREÇÕES

S3R no Mato Grosso do Sul
Na edição 229 do Jornal do Judiciário, o texto intitulado “Diretor de base perseguido após S3R é mantido no local de trabalho” erra ao mencionar que o sistema de controle processual S3R provocou o caos na Justiça Federal de São Paulo e do Mato Grosso. Na verdade, trata-se do Estado do Mato Grosso do Sul.

Quintos na 15ª Região
Na reportagem sobre o pagamento dos quintos aos servidores que ocuparam função comissionada entre dezembro de 1998 e 4 de setembro de 2001 erramos ao dizer que o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região incorporou o benefício ao contracheque dos servidores. O TRT-15 incorporou apenas uma parcela de décimos relativa a 1998, que conformou um quinto para os servidores que faziam jus ao benefício naquele ano. A incorporação da qual trata a matéria ainda é aguardada.

Assédio moral em SBC
Diferentemente do publicado na edição passada do Jornal do Judiciário, não foi o juiz da 296ª Zona Eleitoral (São Bernardo), Fábio Fresca, o acusador da servidora Eliane Marques, que respondeu a procedimento administrativo porque teria levado um processo para sua residência. O magistrado instaurou o procedimento. A denúncia foi feita pela servidora municipal Rita de Cássia Fredenhagen Victória, ex-chefe do setor, que disse ter recebido a informação de outro funcionário, cujo nome não apresentou.