SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 196 - 16/11/2004 - Página 5

SEMINÁRIO SOBRE PCS E PLANO DE CARREIRA


SP aprova proposta alternativa que valoriza mais cargo e carreira

Servidores debatem proposta da comissão de SP, aprovam alterações e finalizam texto substitutivo ao anteprojeto do STF * Proposta será levada ao seminário nacional da categoria em Brasília, convocado pela Fenajufe

O assessor Sérgio, o diretor do sindicato Démerson e Washington, no seminário

Por Hélcio Duarte Filho

Os servidores do Judiciário Federal de São Paulo vão apresentar uma proposta alternativa ao anteprojeto de revisão de PCS elaborado na comissão interdisciplinar instalada no Supremo Tribunal Federal. O teor do texto substitutivo foi aprovado no seminário estadual realizado no sindicato, no sábado 6, e será levado à plenária nacional convocada pela Fenajude para discutir o tema, dia 21 de novembro.
No seminário de sábado, do qual participaram cerca de 60 servidores, foi analisado o texto elaborado pela comissão constituída em São Paulo. Após mais de nove horas de debate, defesa de posições e mudanças aprovadas, saiu da reunião a proposta final de Plano de Cargos e Salários a ser defendida pelo Sintrajud.
Não houve, entretanto, mudanças no caráter central do substitutivo, publicado na íntegra na edição 195 deste jornal, que tem como marca a valorização do cargo efetivo e da carreira.

Desrespeito à revisão alarial é criticado
Coube a dois diretores do Sintrajud que participaram das discussões na comissão estadual constituída para preparar a proposta, ambos também dirigentes da federação nacional, e a dois assessores técnicos do sindicato a tarefa de abrir o seminário apresentando os aspectos centrais do texto alternativo.
Servidor da Justiça Federal de Santos, Adilson Rodrigues defendeu a valorização da carreira, do cargo efetivo e do vencimento-base. Ele disse que é um erro do anteprojeto do STF valorizar mais as funções comissionadas do que o salário – o aumento médio previsto para a remuneração é de 35%, enquanto as FCs para quem opta pelo cargo seriam majoradas em 70%, na média. Ele criticou esta política dos tribunais. “Apenas 38% do orçamento [de pessoal] é usado para custear cargo efetivo”, afirmou. Adilson lembrou que, após a emenda constitucional 19, só há garantia jurídica na remuneração para a parcela relativa ao vencimento. “Já que não se leva a função para a aposentadoria, a carreira tem que ser valorizada”, defendeu. Ele disse ainda que ao se priorizar o cargo, valoriza-se também o tempo de carreira, já que o anuênio passa a incidir sobre fatia maior da remuneração.
O sindicalista criticou o fato de o governo Lula não acatar a determinação constitucional de revisar anualmente os salários dos servidores. Adilson sustentou que as revisões no PCS acabam sendo um paliativo para esse congelamento, que rapidamente se perde se a perda inflacionária não é reposta.

Economista diz que proposta evita quebra de isonomias
O assessor econômico Washington Lima, que ajudou a elaborar a proposta, disse que o texto substitutivo corrige alguns graves problemas do anteprojeto do STF, entre eles a quebra da isonomia entre ativos e aposentados e a discriminação do auxiliar judiciário.
O assessor contratado pelo Sintrajud para estudar o PCS, Sérgio Scavacini, também defendeu a valorização da carreira. Ele afirmou que o mais importante em um PCS não é o aumento imediato, mas “o conjunto de recursos de evolução salarial e profissional que ele promove durante [toda carreira]”. Sérgio criticou a proposta do STF pelo excesso de itens que são remetidos para regulamentação posterior, a serem feitas pelas administrações dos tribunais. “Precisamos estabelecer regras do jogo claras, para ambos os lados, e para que não paire dúvidas”, defendeu.
O diretor do Sintrajud e da Fenajufe Démerson Dias, funcionário do TRE-SP, também fez críticas à falta de transparência do projeto do STF. Ele afirmou que, do jeito que está, “os tribunais podem recriar todas as carreiras” depois que o texto virar lei. “O desvio de função vai estar institucionalizado”, disse.
Démerson explicou que o texto apresentado pela comissão de São Paulo ainda não é uma proposta de plano de carreira, que exigiria mais tempo e dados institucionais para ser elaborado, e defendeu o prosseguimento do debate e dos estudos sobre a questão.


Projeto do STF quebra isonomia e “reduz” remuneração de auxiliar

Dentre as críticas feitas ao anteprojeto apresentado pela comissão do STF, destacam-se a quebra da isonomia entre ativos e aposentados e a redução na remuneração dos auxiliares judiciários, que ainda entrariam para o quadro de cargos em extinção.
O projeto exclui dos aposentados e pensionistas o adicional de qualificação, restrito a técnicos e analistas da ativa. Também estabelece uma tabela com classificação de padrões aos quais os aposentados não podem atingir. Por fim, prevê um aumento de 70%, em média, nas funções comissionadas de quem optar pelo cargo efetivo, obviamente restrito a quem está na ativa, mas não aplica quaisquer reajuste em quintos e décimos incorporados, caso comum ao contracheque de aposentados.
Já os auxiliares judiciários viveriam uma situação esdrúxula com a aprovação do anteprojeto como está: sem terem previsão de incorporação da GAJ (Gratificação Por Atividade Judiciária), ficariam com a remuneração reduzida em 13% em média caso se compare a tabela proposta com a projeção de como ficam os salários com o pagamento da última parcela do PCS-2, em janeiro, e o aumento da GAJ para 30%, em novembro de 2005, duas coisas já garantidas.
O economista Washington Lima ressalta, no entanto, que naturalmente a redução seria compensada com a transformação da perda em VPNI (Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada). Mas o servidor, além de não obter reajuste, perderia este percentual do vencimento.


Texto substitutivo prevê avanço na carreira por tempo de serviço e por qualificação

O diretor do sindicato Adilson fala no seminário

Enquanto o texto saído do STF prevê dois cargos – analista e técnico – e extingue o auxiliar, a proposta substitutiva estabelece quatro cargos: auxiliar, técnico, analista e cria o cargo de servente.
A nova tabela salarial teria 15 referências ou padrões verticais e outras 15 horizontais. O servidor avançaria na tabela tanto verticalmente quanto horizontalmente, todos os anos, mas de forma alternada. Isto é, num ano ele avançaria uma referência vertical, denominada progressão; no outro, um grau na escala horizontal, chamado de promoção. A progressão estaria vinculada ao tempo de serviço. Já a promoção, à qualificação profissional, através de cursos oferecidos pelos tribunais ou automaticamente caso as administrções não promovam tais cursos.
Durante o seminário, foi incluída a proposta de criação de uma escola de formação do servidor público.
O substitutivo também prevê a constituição de um conselho de recursos humanos por tribunal, que teria a função de normatizar e fiscalizar a aplicação do PCS. A composição deste conselho, definida no seminário, seria de dois membros indicados pela administração, dois pelo sindicato representativo da categoria e cinco eleitos pelo voto direto dos servidores.
Causou polêmica a discussão sobre as funções comissionadas, tendo alguns servidores defendido a sua extinção. Mas os participantes votaram em maioria pela manutenção da FC, embora defendendo o estabelecimento de critérios objetivos para a concessão delas. Essa discussão foi remetida à comissão de carreira que seguirá debatendo o tema em São Paulo.
No seminário estadual foram eleitos representantes para o seminário nacional da Fenajufe. São eles os diretores Démerson Dias e Cláudio Klein, Marcio Lóis (diretor de base), Jurandir Santos (oficial de justiça) e Roniel Andrade (agente de segurança).


Aposentados: ‘não’ à discriminação no PCS’

Os aposentados exigem que a nova revisão do Plano de Cargos e Salários não discrimine o segmento e garanta a paridade e a isonomia. Esta é uma das principais resoluções aprovadas no encontro organizado pelo Núcleo dos Aposentados do Sintrajud, ocorrido no dia 5 de novembro.


Meta é ampliar organização do setor

Os participantes do encontro dos aposentados também decidiram indicar à diretoria do Sintrajud que invista na organização de seminários junto com outras entidades e na organização de núcleos regionais dos aposentados.
Outra resolução indicativa à direção do sindicato e da federação defende o estudo da possibilidade de representar o governo Lula por crime de responsabilidade ao não cumprir a norma constitucional que determina a revisão anual dos salários dos servidores.
A participação na marcha contra as reformas sindical, trabalhista e universitária, em 25 de novembro, também foi aprovada.


Representantes do Núcleo são eleitos

O encontro elegeu a nova representação do Núcleo dos Aposentados do Sintrajud no Conselho de Base. São eles: Akiko Akyama (TRT-2), Ana Fevereiro Leite (TRE), Aparecida Donizete (TRT-2), Marcus Mangabeira (TRT-2), Maria França (TRE), Nelly Henriques (TRT-2), Osvaldo Rubini (JMF) e Sylvio Brito (TRE).


TRT-2 mantém compensação de greves

O Colegiado do TRT-2 manteve a portaria que determinou aos servidores a compensação dos dias parados nas greves de 2002 e 2003. Tendo em vista a injustiça da decisão, já que o serviço represado foi posto em dia, o Sintrajud vai voltar a procurar a presidenta do TRT-2, juíza Dora Vaz Treviño, para buscar reverter tal política. Os servidores que ainda têm dias não compensados devem entrar em contato com o sindicato.