SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 75 - 14/11/2001 - Página 7

TRT 15ª REGIÃO

Sindicato cobra na Justiça correção monetária

O Sintrajud está ingressando com uma ação na Justiça Federal contra a União, representando alguns servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. A medida visa garantir aos requerentes a correção monetária sobre verbas efetuadas com atraso e sem correção pelo TRT.
A ação fundamenta-se na decisão administrativa que reconheceu o direito dos servidores à correção. Com base no processo administrativo proposto por diretores do Sintrajud, a Amatra - Associação dos Juízes Trabalhistas - fez pedido idêntico, que foi acatado pelo Tribunal, garantindo aos magistrados o pagamento da correção, que já foi efetuado. Já os trabalhadores não viram sinal do dinheiro até o momento. Além de não cumprir a lei, a atitude revela a desigualdade existente no tratamento dado a servidores e magistrados pelo tribunal.


Servidores podem ingressar na ação contra imposto sindical

Os servidores do TRT na 15ª Região podem ter assistência jurídica gratuita para contestar a cobrança compulsória do imposto sindical pelo Sindiquinze. Seguindo a deliberação aprovada no encontro dos servidores da 15ª Região realizado em outubro em Campinas, o Sintrajud viabilizará estrutura jurídica para as ações contra a cobrança em 2002.
Os interessados, entretanto, devem enviar os documentos necessários ao sindicato até o dia 3 de dezembro. Os documentos necessários são: procuração assinada (com reconhecimento de firma); cópia autenticada da carteira funciona; e cópia também autenticada ou original dos contracheques de março e abril de 2001. Modelos de procuração podem ser requisitados na subsede do Sintrajud em Campinas. Informações pelo telefone (19) 3237 7876.


Discriminação será tema de debate na Semana da Consciência Negra

Promovido pelo Sintrajud no dia 23 à noite, evento terá ainda atrações culturais

Está tudo pronto para o debate sobre a Semana da Consciência Negra, que será realizado pelo Sintrajud no dia 23 de novembro, às 19 horas, no Centro Cultural da Marinha, na Avenida 9 de Julho, 4.597.
O debate contará com a presença do professor e jurista Hédio Silva, da teóloga Eliad Dias dos Santos, da juíza do TRT 2ª Região Rilma Aparecida Hemetério, e da secretária de políticas sociais da CUT/SP, Maria Isabel da Silva.
Haverá ainda exposição de fotos sobre a negritude, e dos cosméticos Muene (desenvolvidos especialmente para a pele da mulher negra). Antes da abertura, a performista Acácia Silva se apresentará. Ao final do debate, o Coral Resistência Negra também fará apresentação. O evento faz parte das comemorações do Dia da Consciência Negra (20 de novembro). Todos estão convidados.


COTIDIANO


Sem critérios

O sindicato tem recebido denúncias de servidores indignados com a falta de critérios para a concessão de funções comissionadas. Em fóruns da Justiça Federal do interior juízes estariam colocando na direção de secretarias pessoas que não são servidores do quadro e sem qualificação para assumir a função. O sindicato está cobrando da corregedora-geral esclarecimentos sobre o tema.


Ribeirão

Servidor de Ribeirão Preto criticou o fato do fórum da Justiça Federal na cidade não ter sequer um profissional para avaliar a saúde de eventual servidor e/ou usuário que venha sofrer abalo grave ou não em sua saúde. O fórum possui um ambulatório montado, porém não há quem tenha preparo profissional para aferir uma simples pressão. "Tudo indica que FHC também anda rondando por aqui, pois o social passa longe desta cidade, principalmente no prédio da segunda maior subseção da Justiça Federal da Terceira Região", critica o servidor.


Estabilidade

O ministro Neri da Silveira, do STF, deu parecer favorável aos servidores na Ação Direta de Inconstitucionalidade que contesta o fim da estabilidade no emprego. Neri concordou com a tese de que houve "erro", ou quem sabe manobra, no texto final da emenda constitucional nº 19, a famosa reforma administrativa.


Com poesia, amigos prestam homenagem a Guilherme

Faleceu no dia 7 de novembro o ex-diretor do sindicato e servidor da Justiça do Trabalho em Santos Guilherme Ricardo Nogueira França, vítima de acidente de trânsito.
O Jornal do Judiciário publica poesia do poeta português Fernando Pessoa, numa homenagem solicitada por amigos que trabalharam e lutaram ao lado de Guilherme por uma sociedade melhor. Companheiro de todas as lutas desde a fundação do sindicato, ele soube superar com irreverência e bom humor as adversidades do dia-a-dia.

Guilherme (último à direita), ao lado de colegas de Santos

"Se eu morrer muito novo, ouçam isto :
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
...
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vivi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade humana.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi."

Fernando Pessoa