SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 71 - 10/10/2001 - Página 4

Encontro de Oficiais de Justiça defende regulamentação e PCS
Oficiais reunidos em Brasília aprovam atuação nacional pela regulamentação da profissão e pelo Plano de Cargos e Salários

Cerca de 150 oficiais de justiça participaram do 4º Encontro Nacional dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais, realizado nos dias 21 e 22 de outubro no Distrito Federal. O Encontro discutiu a proposta de unificação salarial e funcional dos oficiais, melhoria das condições de trabalho e elegeu a nova diretoria da Federação Nacional dos Oficiais (Fenassojaf), que ficará sediada em Brasília durante este mandato.
No evento, foram discutidas as três propostas existentes sobre o anteprojeto de lei orgânica que regulamenta e unifica a carreira dos oficiais. Uma apresentada pelo oficial Denis Lopes Franco (presidente da Assojaf/DF e eleito presidente da Fenassojaf), outra de autoria de João Evangelista de Souza (membro do Núcleo de Oficiais de Justiça do Sintrajud), e a dos oficiais de justiça do Rio Grande do Sul.
Ao final do encontro foi eleita uma comissão que terá a responsabilidade de elaborar um texto único, a partir das três minutas em discussão, até 21 de outubro. A partir da consolidação do texto será iniciada a campanha pela sua aprovação nos tribunais superiores e posterior encaminhamento ao Congresso Nacional.
Também foi aprovado por consenso que as associações de oficiais não vão propor emendas isoladas ao projeto de revisão do Plano de Cargos e Salários que se encontra na Câmara dos Deputados. Toda a discussão sobre o plano será feita em conjunto com a federação nacional (Fenajufe). "Vamos lutar pelo nosso anteprojeto específico, que faz referência ao projeto de revisão do PCS e nos contempla, e conjuntamente com a categoria pela aprovação do PCS", afirmou Ivo de Oliveira Farias, diretor do Sintrajud e coordenador do Núcleo de Oficiais, que participou do encontro.
Do estado de São Paulo participaram dez servidores: Cid Manoel Rodrigues, Ivo Oliveira Farias, Neemias Freire, Valter Peluque, Jurandir Santos (TRT 2ª); João Evangelista de Souza, Renato Zeidan (TRT 15ª); Shirley Negro de Carvalho, Leopoldina Bergel (aposentadas do TRT 2ª) e José Inácio da Silva Filho (da diretoria da Assojaf-SP).


ENTREVISTA - JURANDIR SANTOS, DA COMISSÃO DO ANTEPROJETO

'Estamos abertos a sugestões de colegas do país inteiro'

Oficial de justiça diz que muitos não recebem FCs porque elas são destinadas para apadrinhados dos tribunais
O Jornal do Judiciário conversou com o oficial de justiça Jurandir Santos, membro da comissão encarregada de elaborar o texto do anteprojeto de lei orgânica que regulamenta a carreira de oficial de justiça avaliador federal. Jurandir Santos é servidor do TRT 2ª Região há cerca de oito anos, tendo sido aprovado em concurso para atuar como oficial de justiça em maio de 93. Ele participa do Núcleo de Oficiais de Justiça do Sintrajud.

Jornal do Judiciário - Qual a sua avaliação sobre o 4º Encontro Nacional?
Jurandir - Foi um encontro produtivo. A troca de experiências sobre a política judiciária, cotidiano, dificuldades com juízes, atribuições, gratificações, etc, foi muito rica. Tem oficiais que não recebem nada de FC. Recebem o salário seco, porque as FCs são destinadas para apadrinhados nos tribunais. Outra questão fechada entre nós é que o oficial só exerça aquilo que são as suas atribuições, pois em muitos lugares ele acaba exercendo funções que seriam próprias da secretaria. Aprovamos ainda a luta para que a FC seja uniforme em todos os tribunais e pelo andamento no Congresso e aprovação do PCS. Também foi discutida a licença para que o oficial de justiça porte arma de fogo. Não queremos generalizar o armamento dos oficiais, mas queremos que a licença seja prevista em lei, como é para os membros da magistratura e do Ministério Público. Assim, aquele que ache necessário, faça um curso e esteja apto, poderá portar arma. Essa proposta visa proteger os oficiais das violências sofridas em serviço, desde agressões físicas a até mesmo assassinatos.

Como será desenvolvido o trabalho da comissão?
Essa comissão vai fechar o texto para elaborar um anteprojeto de lei orgânica do oficial de justiça avaliador federal, em um prazo de 30 dias. A discussão será feita via internet entre os membros da comissão, que estão abertos a sugestões de colegas do país inteiro, também por e-mail. Temos três minutas sobre as quais vamos trabalhar, além das sugestões que eventualmente nos chegarem e as discussões feitas no encontro. Vamos utilizar também a estrutura das leis orgânicas da magistratura e do Ministério Público para, naquilo que couber, contemplar reivindicações do oficial de justiça avaliador federal.

Quais são as principais questões a serem abordadas no anteprojeto? E as principais diferenças entre as propostas existentes?
Normatizar, na Justiça do Trabalho, que o cargo deverá ser privativo de bacharéis em Direito, resguardado o direito adquirido pelos colegas que já atuam na função, mas não têm o título. Incluir a função de oficial de justiça nas carreiras típicas de estado, ou seja, aquelas que só existem na administração pública e que não têm similar na iniciativa privada. Outra questão a normatizar é a denominação da carreira. Um cidadão comum, um motorista de ônibus, qualquer pessoa sabe o que é um oficial de justiça. Mas as pessoas não sabem o que faz um analista judiciário da área judiciária com especialidade em execução de mandados. Por isso, queremos regulamentar a denominação da carreira como oficial de justiça avaliador federal. Não existem diferenças entre as propostas. O projeto do Denis é mais amplo, o dos colegas de Santa Catarina é muito amplo e muito detalhado. Já o do João Evangelista é muito compacto. Não queremos pecar nem pelo excesso, nem pela falta de abrangência. Queremos que contemple tudo o que for essencial.