TRE: Servidores preocupam-se com o pagamento das horas extras das eleições


21/10/2022 - Shuellen Peixoto
Na segunda reportagem da série que aborda a realidade e condições de trabalho nas zonas eleitorais, equipe do Sintrajud esteve no cartório de Ermelino Matarazzo.

Lutemberg Souza, chefe do cartório eleitoral da Ermelino Matarazzo. Foto: Kit Gaion

Em meio a preparação do segundo turno das eleições, servidores e servidoras do TRE seguem preocupados com o pagamento das horas extraordinárias que têm sido necessárias para dar conta do pleito.

A reportagem do Sintrajud esteve na 326ª Zona Eleitoral, em Ermelino Matarazzo, na sexta-feira, 30 de setembro, e conversou com os colegas também após o primeiro turno. Mesmo sendo uma zona de médio porte, com cerca de 325 sessões e 110 mil eleitores, os servidores e servidoras relatam um grande volume de trabalho para garantir o sucesso do pleito eleitoral.

Atualmente, a equipe que trabalha no cartório da Ermelino Matarazzo conta com 8 pessoas, sendo 4 servidores efetivos e 4 colegas que são parte do quadro de servidores requisitados. No entanto, pelo menos metade da equipe está em sua primeira eleição. “São pessoas inexperientes que estão aprendendo, e nós vamos ensinando, mas dificulta e deixa o trabalho mais demorado porque temos que orientar e supervisionar cada detalhe”, afirmou Lutemberg Souza que é chefe do cartório.

Foto: Kit Gaion

Lutemberg explicou que para garantir que tudo ocorra bem no dia do pleito eleitoral, a equipe acaba tendo que exceder sua jornada de trabalho. “Nas últimas semanas temos saído do cartório sempre entre 20h e 20h30”, explicou o servidor.  Desta forma, uma das preocupações dos colegas neste período é com o pagamento das horas extraordinárias, já que o TRE restringiu a quantidade de horas extras que serão reconhecidas.

Na opinião de Lutemberg, o limite imposto pelo Tribunal é insuficiente para o volume de trabalho imposto e o déficit de servidores. “O Tribunal deu uma recomendação vetando o trabalho durante o feriado do dia 12 de outubro, mas estamos com uma série de justificativas para analisar no sistema online, além das físicas, e fazer isso com o cartório aberto e mantendo o atendimento ao público é muito difícil”, destacou o chefe do cartório. “Muitos colegas vão requerer do tribunal o pagamento destas horas que passaram do orientado, porque foi necessário fazê-las, quase todo mundo excedeu este limite”, ressaltou.

Foto: Kit Gaion

O Sintrajud encaminhou requerimento no dia 30 de setembro ao presidente do TRE, desembargador Paulo Galizia, pedindo o pagamento de todas as horas extras realizadas no período, mas ainda não obteve resposta. O Sindicato também havia solicitado ainda o cancelamento do expediente da segunda-feira seguinte ao primeiro turno, dia 3 de outubro, mas o TRE dispensou apenas o atendimento externo. No entanto, o pedido, que se estende ao segundo turno, foi indeferido pela Administração. A diretoria do Sintrajud entrará com um pedido de reconsideração, considerando que a suspensão do expediente no dia seguinte às eleições é uma prática adotada em outros regionais. “O dia seguinte sempre é problemático porque iniciamos o trabalho de madrugada, este ano entramos às 5h da manhã, e não temos hora para sair, então acaba sendo muito cansativo”, relatou Lutemberg.

A diretoria do Sintrajud sugere que os servidores também pressionem a administração em favor dessa demanda utilizando os canais institucionais do Tribunal, como o “Fale com o presidente” e e-mails para o diretor-geral.

Clima de temor

Foto: Kit Gaion

Uma das questões que tornou o trabalho um pouco mais tenso ao longo da preparação do pleito é a questão da segurança diante de uma eleição muito polarizada. Os servidores do cartório relataram que não tiveram problemas nos últimos meses, mas que o clima foi de tensão permanente. “O que tem sempre é um eleitor ou outro com animo mais exaltado, mas demonstramos que estamos aqui para realizar nosso trabalho da forma mais imparcial possível e contornamos”, explicou uma das servidoras.

Enquanto a equipe do Sintrajud estava no cartório acompanhando a distribuição de materiais, um senhor esteve no local e questionou os colegas sobre o trabalho que estava sendo feito, porém a situação foi contornada.

Outra questão, ainda sobre segurança, que preocupava os colegas no cartório eleitoral dizia respeito a como seria os dias do pleito, diante das constantes declarações do atual presidente e candidato a reeleição, Jair Messias Bolsonaro, questionando a transparência das eleições. “Temos visto atitudes do atual presidente que estimulam a violência, então tinha um clima de temor e de que pudesse acontecer agressões, por isso aqui fizemos reuniões com 650 mesários, que é metade do nosso quadro de mesários, porque queríamos tranquilizá-los diante da ansiedade e espécie de pânico que estava sendo formada”, disse Lutemberg que explicou que, apesar do temor formado previamente, o processo aconteceu tranquilamente e com poucas ocorrências. Para o servidor, a expectativa é que o segundo turno ocorra com tranquilidade.

Esta foi a segunda reportagem do Sintrajud sobre a realidade nos cartórios eleitorais. A primeira publicada foi sobre a maior zona eleitoral do país, o cartório de Parelheiros (leia aqui).

 

 

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