SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 226 - 13/10/2005 - Página 2

FRASES


DE HOJE


“É um gesto de amor para ajudar o nosso presidente a resgatar a sua dignidade e o seu compromisso com o povo, porque ele é nordestino”
Bispo Luiz Cappio, sobre a greve de fome que fez contra a obra de transposição do rio São Francisco.

“Aí chegamos a um nível que só falta as pessoas defenderem a pena de morte para quem tem problema”
Jaques Wagner, ministro das Relações Institucionais, sugerindo que a renúncia ao mandato pelos deputados envolvidos no “mensalão” já seria uma punição razoável.

“Erraram, mas não são corruptos”
Lula, presidente da República, ao receber e prestar solidariedade ‘pessoal e humanitária’ a parlamentares do PT que sacaram recursos nas contas do empresário Marcos Valério, acusado de operar o “mensalão”


DE ONTEM


“Quero dizer a vocês, com toda franqueza: me sinto traído, traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento”
Lula, em agosto de 2005, referindo-se ao escândalo envolvendo Marcos Valério.



LUTA LIVRE Os deputados federais Inocêncio Oliveira (PFL-PE) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) discutem e quase saem no tapa na tentativa de votação da Medida Provisória 252, no dia 6 de outubro. Apelidada de “MP do Bem” por reduzir impostos, a proposta, que na prática beneficia empresários, teve um item inserido no Senado que a transforma na “MP do Mal” contra os mais fracos: impede que decisões judiciais que mandem o Estado pagar dívidas de até 40 salários mínimos sejam cumpridas imediatamente.


Idéias

Uma página para a livre expressão de opinião


Carta de um leigo, um leigo chamado cidadão

José Carlos Souza

Não faz muito tempo, aproximadamente dez milhões e meio de reais, em menos de uma semana, foram encontrados nas mãos de duas pessoas. É espantoso tomar ciência de uma coisa dessas - isso porque veio à tona - e nem imagino o que se poderia fazer com um montante desses. Deduzo, por baixo, como seria útil para o povo tamanha quantia. Pasmo em ver como as coisas caminham no nosso país e a todo momento focalizo as falcatruas e os meios desonestos usados por essa corja intitulada de líderes políticos, representantes e defensores das causas do povo.
É um absurdo a maneira de como agem essas figuras. Fico pensando como podem usar do poder para em vez de defender ou dar a mão àqueles que depositaram sua confiança acreditando que melhorias seriam anunciadas e realizadas, roubam descaradamente e usufruem o bom e o melhor unicamente em causa própria e dos seus.
Num lance rápido de raciocínio, creio que as coisas acontecem mais ou menos assim. Determinados líderes pegam dos cofres da nação, ou seja, da contribuição do povo, 10, 100 reais e nada acontece. Pegam 1.000.000 e não faz diferença. Não existe motivo para preocupação. A dor maior para nós – povo – é saber que esse dinheiro é um desvio direto de verbas, muitas vezes destinadas para alimentação, educação, habitação, transporte, emprego e por aí vai.
Antigamente, nos tempos do Brasil colônia, dos “descobridores”, temerosamente sabia-se que as nossas riquezas abasteciam os cofres de Portugal e adjacências. Toda nossa riqueza praticamente escapava da nossa terra, porém sabia-se verdadeiramente quem nos tirava os bens. Hoje, o desvio de valores e riquezas continua. Sabemos claramente dos roubos constantes e continuamos sabendo quem são os ladrões. Agora, para onde vão todos os valores... só eles sabem. Antes culpávamos os de fora pelos prejuízos causados aos nossos cofres, e agora?
Esses desonestos são ou dizem ser brasileiros, mas que tipo de brasileiro teria coragem de tamanha monstruosidade, quando grande parte da população sobrevive miseravelmente?
É difícil admitir, mas seja por questões de insanidade, violência, educação, alimentação, ambição ou desemprego, em nosso país habitam traficantes, ladrões, estupradores e assassinos lado a lado com os nossos cidadãos. E no meio de tudo isso existe essa classe infame, sem consciência, sem o mínimo de caráter, irmandade e sem noção nenhuma de como pode ser usado o poder para o bem, e ainda se intitulam líderes! Pergunto, de quem? De que? Só se for do crime organizado.
Creio que se imaginam intocáveis e tem razão para isso, pois até a reforma previdenciária foi unicamente dirigida para a massa. Alguém pode me responder qual político foi atingido pelas mudanças? Essas figuras tornam-se intocáveis, impunes e quando punidos perdem o cargo mas logo ocupam outros. Além do mais se acreditam até imortais pois o que lhes interessa é deixar um nome, um quadro, uma faixa ou um busto num lugar de destaque (Prefeitura, Câmara, Senado ou Palácio) para olharem e orgulharem-se por terem passado por ali.
O povo em si não é bobo, mas queda-se às promessas, aos disfarces e é lesado por todos esses grandes oportunistas que nos dão de presente esse mar de lama que somos constantemente obrigados a engolir. Estão tirando a nossa força, nossos sonhos, nossas esperanças e não demora muito podem querer nos tirar a coisa mais importante que ainda luta para ficar de pé, que é a fé.
Cuidado! Cuidado! Ainda é tempo de parar, pensar e por em prática essa coisa maravilhosa que se chama AMOR, AMOR AO PRÓXIMO!

José Carlos Souza é servidor do TRF-3


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OBSERVATÓRIO


Não ao desarmamento, pelo direito democrático a sua autodefesa

José Maria de Almeida

O governo Lula e o Congresso Nacional anunciaram um referendo sobre o desarmamento. Ninguém pode acreditar que eles, envolvidos em corrupção, mensalão, prostituição e assassinatos, tenham intenção de combater a criminalidade. Com a votação, querem acabar com um direito democrático: comprar ou não armas. Bandidos não compram armas em lojas. Conseguem-nas com um volumoso tráfico, envolvendo policiais e juízes, ou com “furtos” em delegacias. Por isso, há uma pergunta crescendo na população: se os bandidos não vão se desarmar, quem será desarmado? O povo pobre, porque a grande burguesia tem dinheiro para contratar empresas de segurança.
As conseqüências do capitalismo (desemprego e miséria) estão na base da expansão da violência. A polícia é um elemento a mais na sua geração, por sua corrupção, pela repressão nos bairros pobres e aos movimentos sociais. A Anistia Internacional, em seu último relatório, classificou a atuação policial no Brasil como brutal e cercada por impunidade. Entre 1990 e 2001, a polícia paulista matou 7.942 pessoas.
O desarmamento não vai reduzir a violência, mas será bastante útil ao governo e o grande capital. O objetivo é manter nas mãos do Estado o monopólio das armas. Os trabalhadores e os jovens temos o direito a nos defender, não só contra bandidos, mas também contra toda forma de opressão e de ditadura que venha nos reprimir. Foi correto o povo espanhol enfrentar em uma Guerra Civil a ditadura de Franco. Seria correto resistir de armas nas mãos, no Brasil, contra o Golpe de 1964. E ninguém poderá garantir que novos golpes de direita não virão.
As duas frentes parlamentares têm bandidos. A pelo ‘Sim’ tem PT, PSDB e PFL, governo e oposição burguesa juntos contra o povo. A pelo ‘Não’ é outra fraude, financiada pela indústria de armamentos, com a ultradireita, como o capitão Jair Bolsonaro, do PP de Severino e Maluf. Estamos vendo na TV alguns grandes criminosos, que até recentemente apareciam depondo nas CPIs. Excluíram da campanha os setores sociais e partidos, como o PSTU, que estão fora do covil de bandidos que é o parlamento.
O próprio referendo é uma manobra. Mesmo que ganhe o ‘Não’, permanecerão em vigor todas as restrições ao porte e à compra previstas no Estatuto do Desarmamento. Ou seja, o desarmamento já é aplicado, independentemente do resultado do referendo, que só decide sobre a comercialização. Chamamos os trabalhadores, a juventude e o povo a votar ‘Não’, em defesa de nossos direitos democráticos. Que vote ‘Sim’ quem confia no governo e no Congresso para acabar com a violência.

O metalúrgico José Maria de Almeida é um dos colaboradores desta coluna.