SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 199 - 13/12/2004 - Página 2

FRASES


DE HOJE


“Não é bem assim. Você é muito ansioso, Chávez”
Lula, respondendo às críticas do presidente venezuelano, para quem a exaltação do presidente brasileiro à integração dos países sul-americanos não passa de discurso.

“Se tiver que morrer eu ou meu pai, que morra ele que é mais velho. Se sua casa tiver dois banheiros e você ficar em dúvida, vai fazer nas calças”
Vanderlei Luxemburgo, técnico do Santos, “filosofando” em um seminário sobre futebol no Rio.

“Estou muito feliz com o Lula”
Mário Amato, ex-presidente da Fiesp, sobre o atual governo.


DE ONTEM


“Se o Lula ganhar vai haver fuga em massa dos empresários”
Mário Amato, então presidente da Fiesp, em 1989


IMAGEM



ARMAS DE GUERRA - Relatório divulgado pela Anistia Internacional destaca os milhares casos de violência contra as mulheres nos conflitos no Iraque, Afeganistão, Nepal, Colômbia, Sudão e Congo. Segundo a presidente da entidade, Irene Khan, as mulheres são violentadas e torturadas sexualmente, como estratégia militar, por serem vistas como “a máquina reprodutora do inimigo e a personificação da honra de uma comunidade”.


Idéias

Uma página para a livre expressão de opinião


“Terapia da felicidade” e
os “Efeitos da Globalização”

Neusa Pizzolatto

Atendendo a honroso convite feito pelo Sindifisp ao Sintrajud, comparecemos, em nome do Núcleo de Aposentados deste último, ao 7º Encontro dos Aposentados e Pensionistas do Sindicato dos Auditores Fiscais da Previdência Social de São Paulo (Sindifisp). Nos hospedamos no Hotel Fazenda Mazzaropi, lugar muito agradável que em tudo reverencia a memória do saudoso ator brasileiro – Amácio Mazzaropi.
O evento contou com a presença de vários membros da diretoria da entidade, inúmeros aposentados e pensionistas, e palestrantes como as senhoras Carmem Luíza Turatti (bibliotecária e restauradora) e Ângela Mendes de Almeida (historiadora, professora aposentada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e funcionária do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais do Gênero (Nemge) da USP). Carmem Luíza nos ensinou como ter uma melhor qualidade de vida física e mental, como encararmos os problemas do dia-a-dia, nos aceitarmos como somos assim como ao próximo. Seu tema, “Terapia da Felicidade”, foi também sua tese de mestrado na área de Recursos Humanos. Vários “slides” foram projetados e alguns textos foram a todos os participantes distribuídos
A palestra de Ângela Mendes de Almeida versou sobre “a conjuntura nacional e os efeitos da globalização”. Explicou, entre muitas coisas, que a globalização é um processo sem volta; que estamos vivenciando uma época pós-3ª Revolução Industrial, ocorrida com o surgimento da micro-eletrônica. Com esta nova tecnologia houve a substituição, em grande parte, da mão-de-obra, sendo certo também que as reformas neoliberais procuram destruir o Estado do bem-estar social, que proporciona educação, saúde, transporte, política de moradia à população. Além disso, alguns países, entre eles os Estados Unidos, se beneficiam do baixo custo do trabalho humano de outras nações (China, Índia etc) para a elaboração de produtos de “marca”, assim como em países de fronteira, sem estrutura legal, mulheres trabalham em regime de escravidão no fabrico de partes dos mesmos produtos. Falou do terrorismo, quando adolescentes se transformam em homens-bomba por não terem perspectiva de futuro. No Brasil, o desemprego, a impossibilidade de nossas crianças e adolescentes terem uma boa educação, a falta de um eficiente sistema de saúde, têm levado nossos jovens à violência, ao tráfico de drogas, porque não têm perspectiva de um futuro com a dignidade que o ser humano merece e precisa.
O presidente do Sindifisp, Flávio Pires, mencionou que nossa presença acontecia em retribuição ao convite feito pelo Sintrajud ao Sindifisp quando da realização do 6º Encontro dos Aposentados do Judiciário Federal do Estado de São Paulo e acentuou a importância de entidades sindicais atuarem unidas no campo das reivindicações ao governo e em prol das respectivas categorias. O evento foi encerrado no dia 3 deste mês, com uma visita à cidade de São Luiz do Paraitinga, terra natal do grande sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz. Ficam aqui registrados nossos agradecimentos pela atenção a nós dispensada e pelo elevado grau de coleguismo por todos os participantes demonstrado.

Neusa Pizzolatto, aposentada do TRT-2, é representante do Núcleo de Aposentados do Sintrajud no Conselho de Base


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OBSERVATÓRIO


Acordos de Brasil e Argentina com a China: mudança ou continuidade?

Por Julio Gambina

Em várias ocasiões temos sustentado a necessidade de ampliar e diversificar as relações internacionais da região. Diante da tradicional inserção internacional subordinada, protagonizada historicamente com a Europa e os Estados Unidos, é imperiosa a busca de uma inserção soberana.
Nesse caminho sugerimos olhar desde uma integração em nossa região até a Índia, Sul da África ou China para potencializar a relação Sul-Sul. A visita recente do presidente da China ao Brasil, Argentina e Chile sugere este caminho. Entretanto, os primeiros anúncios e concretizações nos devolvem a preocupação com a reprodução do paradigma clássico, onde nossos países podem resultar provedores de matérias primas e receptores de bens de capital.
A China incita atenção. Pois vem de 20 anos de crescimentos impetuoso e um prognóstico similar a médio prazo, que a coloca potencialmente na disputa pela hegemonia do sistema mundial. Possui um excedente financeiro importante que a permite ser a principal sustentação financeira do gigantesco déficit fiscal de Washington. Porém tem os limites derivados de contar com 21% da população mundial e 7% das terras cultiváveis. Alimentar a sua população e resolver um ritmo de acumulação que lhe permita manter sua estratégia de desenvolvimento lhe demanda se abastecer de recursos naturais, abundantes em nossa região, tais como petróleo, ferro, carbono, cobre e outros.
Além disso, requer colocar sua produção no mercado mundial e evitar restrições comerciais anti-dumping. Para isso necessita ser considerada uma “economia de mercado”, qualificação que a Organização Mundial do Comércio lhe outorgará em 2016. Enquanto isso segue como uma “economia em transição”.
Os prazos se reduzem se existem reconhecimentos bilaterais dessa condição. E isto foi obtido por Hu Jintao em sua visita ao Cone Sul da América, agregado a um acordo de livre comércio a assinar com o Chile. O primeiro com um país capitalista.
No Brasil e na Argentina se teme a invasão da produção da China a preços subsidiados, e além das salvaguardas possíveis, queremos enfatizar que o determinante passa pela ausência de um modelo de desenvolvimento econômico independente na região. A sensação é que outra oportunidade está sendo perdida. Pode-se potencializar um sólido acordo regional para tentar outra integração global. A realidade nos apresenta, entretanto, a reprodução da lógica dominante de uma abertura econômica que atende à liberalização empobrecedora que condena milhões de pessoas a pobreza e a indigência. Mas para além da disputa com os chineses, não haverá inserção soberana sem projeto alternativo nacional e regional.

Julio, economista e diretor do Centro de Estudos da Federação Judicial Argentina, é um dos colaboradores desta coluna.