SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 196 - 16/11/2004 - Página 2

FRASES


DE HOJE


“Eleição sempre deixa cicatrizes. Algumas a gente cura com mertiolate. Outras, com antibiótico”
José Genoíno, presidente nacional do PT, sobre as eleições municipais.

“Eleitos para romper com o malufismo, terminamos a campanha com a imagem de Marta e Maluf juntos, como se representassem a mesma coisa”
José Eduardo Cardozo, deputado federal (PT-SP)

“Estou arrasada. Eu perdi o meu país”
Jean Harvey Baker, professora de História Política, membro do Partido Democrata, sobre a reeleição de George W. Bush à presidência dos EUA.

“É tudo a mesma coisa, Bush ou Kerry. Vamos seguir em frente”
Yadira Garcia, ministra da Indústria de Cuba, sobre as conseqüências do resultado da eleição nos EUA.


DE ONTEM


“Sozinho, um homem não é nada; nem corno”
Nelson Rodrigues


IMAGEM



SUPER - A reeleição de George W. Bush à presidência, com quase 60 milhões de votos, o tornou o político americano a receber o maior número votos no país. O Partido Republicano, além de manter a maioria no Congresso, venceu também nos referendos como a proibição do casamento entre gays. Após a eleição, um boneco de Bush como o super-herói dos Estados Unidos será comercializado, numa das eleições em que mais dinheiro, doado por empresários, foi gasto na história dos EUA.


Idéias

Uma página para a livre expressão de opinião


Já não é tempo de “Fora Lula!”?

Elio Bolsanello

Por faltar competência e coragem ao governo petista para enfrentar o latifúndio, continuamos como o último grande país do planeta que não realizou ainda a reforma agrária. Sem esta, não há Fome Zero capaz de alimentar 60 milhões de brasileiros famintos. Sem redistribuição de terra não há reforma agrária, e o principal programa social do atual governo continuara sendo o fiasco que se tornou.
Aplausos, pois, ao MST que assenta milhares de trabalhadores sem-terra, por todo o país, sem dar a mínima aos especuladores latifundiários improdutivos, ciente de que é impossível resolver o problema da fome no Brasil sem ir à sua raiz: reforma agrária já!
Governado pela dívida, segue este país-continente traído por governantes incompetentes, subservientes ao FMI. Sem coragem e competência para enfrentar o imperialismo, especialmente o ianque, o governo petista volta-se, então, contra os trabalhadores e pratica essa sacanagem de R$ 260,00 como salário mínimo!
Foi muito bem lembrado pela marcha dos servidores a Brasília, por ocasião da votação da “reforma” da Previdência, o refrão carnavalesco: “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. Refrão, a1iás, relembrado ante o féretro de Brizola, quando a comitiva presidencial saiu de fininho do palácio, no Rio, onde o ex-governador estava sendo velado.
Sem tocar nos reais privilégios das três esferas de Poder, pelo contrário, aumentando-os (v.g. presidente do Banco Central vira ministro), o governo petista governa, sim, para a burguesia, para os banqueiros, para a oligarquia financeira e rural, o que me faz lembrar de Marx-Engels em seu Manifesto Comunista: “O poder político do Estado moderno nada mais é do que um comitê para administrar os interesses da burguesia”.
Com muita razão o experiente coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo, Waldemar Rossi, quando termina seu artigo “O capital acirra a luta contra o trabalho”, no Correio da Cidadania de 7-14/8/04: “O povo que votou na esperança não merece tanto desprezo, tanto sofrimento e desilusão, não merece tamanha traição. Está na hora deste povo ocupar as ruas para que as mudanças aconteçam, antes que seja tarde demais”.

Elio Bolsanello é servidor aposentado da JF-SP e advogado.


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OBSERVATÓRIO


Está nascendo uma nova ferramenta de luta dos trabalhadores

Zé Maria

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) morreu para as lutas dos trabalhadores. É preciso construir uma nova ferramenta. É essa a convicção de sindicatos e federações que iniciaram um processo de ruptura com a central. As razões, devemos buscar numa análise do que tem sido o governo Lula para os trabalhadores, e no papel da CUT frente a este governo.
Lula não está realizando as mudanças, em nosso país, para propiciar vida digna para todos. Está dando continuidade e aprofundando as mesmas políticas econômicas do governo anterior, que nada mais é do que o receituário neoliberal do FMI. Os recursos do país continuam sendo sugados para pagar a famigerada dívida pública (externa e interna), nossas políticas econômicas ditadas pelos banqueiros internacionais através do FMI, a Alca cada vez mais próxima.
Os resultados estão aí: o desemprego aumentou, o poder de compra dos salários caiu mais de 15%, o salário mínimo de 260 reais (o que por si só já é um escândalo), a reforma agrária não anda, a reforma da Previdência prejudicou os servidores públicos e ainda iniciou a privatização da Previdência Social. Agora vem reforma sindical e reforma universitária, para flexibilizar direitos dos trabalhadores e privatizar a universidade pública.
Tudo isso piora ainda mais a vida do povo, o que se tenta disfarçar com políticas como o Fome Zero, Bolsa Família, etc. Do outro lado da corda, os banqueiros comemoram recorde após recorde de lucratividade. Por isso seus representantes no FMI e Banco Mundial não se cansam de elogiar o governo Lula.
Decepcionados com o governo, os trabalhadores buscam o caminho da luta, para que haja emprego, salário digno, reforma agrária, moradia, saúde, educação, etc. E encontram a CUT, que deveria ser o seu instrumento para essa luta, na trincheira oposta, apoiando a reforma da Previdência, a reforma sindical, calando-se frente ao mísero salário mínimo de 260 reais, e um longo etcetera. Dirigentes e ex-dirigentes da CUT são nomeados para altos cargos no governo, e negociam verbas com bancos oficiais para projetos de utilidade bastante duvidosa. Outros são nomeados para administração de fundos de pensão, que por sua vez investem bilhões de reais em empresas. Por esta via cria-se uma promiscuidade entre sindicalistas e empresários para explorar trabalhadores, liquidando a independência e autonomia que qualquer central deve ter. Não podemos mais contar com a CUT para nossas lutas, nem tampouco recorrer às outras centrais, pois são piores ainda que ela. É por isso, que vários sindicatos no país inteiro estão se desfiliando da CUT e apoiando a construção de uma alternativa.
É o que estamos fazendo hoje, com a organização da Coordenação Nacional de Lutas - Conlutas. Uma coordenação onde participam entidades sindicais, movimentos populares, movimentos sociais, organizações estudantis. Que agrupe todos os setores explorados e oprimidos da classe trabalhadora, na luta para realizar no país as mudanças necessárias para acabar com a exploração capitalista e para que todos tenham uma vida digna. Queremos construir uma organização que sirva não apenas para os trabalhadores que são representados pelos sindicatos, mas também para os 54% dos trabalhadores brasileiros que estão desempregados ou na informalidade.
A Conlutas vai realizar um grande Encontro Nacional em janeiro, no Fórum Social Mundial. São os primeiros passos de uma caminhada, que pode ser longa e árdua, mas sem dúvida imprescindível para que possamos libertar a classe trabalhadora brasileira do desemprego, da fome, da violência e da barbárie capitalista.

José Maria de Almeida, membro da Conlutas e da direção da Federação Democrática dos Metalurgicos/MG e colaborador desta coluna