SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 162 - 28/11/2003 - Página 2

FRASES


DE HOJE


“Uma vez perguntei a um diretor por que não existiam negros fazendo radioteatro e ele me disse que não havia papel para negro. Como, se no rádio ninguém via a cor da pele?”
Ruth de Souza, atriz, sobre o preconceito racial.

“Haverá tanto mais trabalho infantil quanto menor for a renda dos adultos”
Nilmário Miranda, secretário de Direitos Humanos, ao atribuir o aumento do trabalho infantil ao ajuste econômico feito pelo governo em 2003.

“Parreira é técnico de time pequeno”
Lula, presidente, em bate papo informal sobre futebol com os humoristas do Casseta e Planeta.


DE ONTEM


“Brasil, abre a cortina do passado”
Ari Barroso, compositor.


IMAGEM


O GRITO - Mulher com a bandeira americana, manchada, no protesto que reuniu cerca de 150 mil pessoas, em Londres, contra a presença do presidente dos EUA, George W. Bush. Os manifestantes derrubaram uma estátua improvisada de Bush, parodiando a cena no Iraque com a estátua de Saddam Hussein.


Idéias

Uma página para a livre expressão de opinião


Consciência Negra

Joel da Silva

Diz-se que a data comemorativa, dia 20 de novembro de cada ano, é o dia da Consciência Negra. Isto faz com que, em parte, este seja um mês especial. Entretanto, não poderia ser o dia de todas as consciências, independente da cor das raças?
Que seja selecionado este dia, para reflexões do negro, em nosso país. Mas por que não pensarmos nos brancos, nos amarelos, nos mulatos, e até mesmo nos nossos índios?
Há uma outra indagação a ser feita. Se o dia 20 de novembro ou o próprio mês são épocas do realce à consciência negra, não seria melhor reconhecermos que todos os dias e todos os meses são épocas e momento de consciências?
Nenhum profeta, médium, adivinho, feiticeiro, oráculo, padre, pastor, rabino, ou seja, quem quer que seja, definiu com propriedade as cores da consciência. Este fenômeno só a Deus pertence. Até quando vamos defender um efeito cuja causa está em nós mesmos?
Guerras, flagelações de toda espécie atormentam o nosso planeta, e nem por isto, por um mundo melhor, decretamos vigílias pela paz geral.
Que houve a escravatura do negro, que haja preconceito de cor, isto é tangível em toda parte. Um dia isto vai acabar, mas por enquanto é tangível.
A história mostra escravaturas e abusos de poderes que se impuseram através de batalhas sangrentas, e que deixaram transparecer humilhações comprometedoras.
E nem por isto foram instaladas datas e meses, para fazer com que a humanidade recorde daquilo que fez e não devia ter feito, causas que denigrem sempre o nosso passado.
Estamos em tempos novos, e precisamos pensar melhor sobre nossas crianças e adolescentes. Eles não podem levar na bagagem das lembranças as conceituações infelizes cultuadas por nós.
Que nós outros, os homens velhos dos contos tristes, saibamos enterrar em nós mesmos as lamparinas ofegantes de nossa própria sina.
Que saibamos levar para o túmulo as conseqüências nefastas de nossas incoerências, enterrando conosco nossos preconceitos, mas que tenhamos a hombridade de não deixar nascer caules de desarmonia para aqueles que, como lavradores do amanhecer, não tenham que ceifar as ervas daninhas de nossas exemplificações.
É dia e mês da consciência negra, vamos todos juntos trabalhar pela sua destruição, espalhando bonanzas.
Uníssonos vamos desejar que a partir de agora, ao invés de consciência negra, estejamos construindo uma época melhor, e que as próximas datas e meses sejam laureadas pela consciência branca de cada geração.

Joel da Silva é servidor do Setor de Recebimento e Expedição do TRT-2.


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OBSERVATÓRIO


Lembro, logo existo!

Eduardo de Oliveira

Este ano de 2003 testemunhou uma nova atitude da sociedade brasileira em relação aos negros e ao dia da consciência negra. As resistências de outrora, muitas no campo da ofensa e do racismo explícito, foram substituídas por um fértil debate e por um quase consenso acerca das raízes das desigualdades sociais deste rico país.
Há quem prefira não debater. Quem prefira o autoritário silêncio imposto pelos anos de domínio e submissão. Nenhuma autoridade é exercida sem o consentimento dos submissos, mesmo quando a força é usada sob ameaça às integridades física e moral. Uma ditadura só se mantém até o limite do consentimento popular.
Este é o caso da invisibilidade dos negros no Brasil. Por 500 anos, sob muito ferro e fogo, nos disseram: vocês não existem. Não há passado, não há do que se orgulhar ou do que se lembrar!
Desde o início, porém, mulheres e homens dignos se recusaram a cooperar, a esquecer e a negarem a si em detrimento da aceitação dos paradigmas ocidentais. Os aldeões da Serra da Barriga, e seu mais conhecido membro, Zumbi, estiveram entre estes. Entre seus feitos gloriosos, estão uma excelente organização política e militar, capaz de derrotar por 17 vezes os ataques das forças coloniais.
Nada disso seria publicamente lembrado, não fosse a luta pela cidadania negra. Afinal, os livros didáticos ainda reservam espaço mínimo para mais de um século de existência de Palmares. A Semana de Arte Moderna ou o último baile do Império, por exemplo, têm atenções bem diferenciadas. Os negros continuam sendo vistos como co-responsáveis por sua condição, dada uma suposta passividade e condescendência com a situação escrava.
Tendemos a refutar qualquer vínculo com o passado, quando ele não nos parece fantasioso e honroso. As gerações de hoje não se vêem ligadas aos erros cometidos por seus ancestrais, embora não se envergonhem em desfrutar do acúmulo proporcionado por aqueles. Lembrar é parte da busca por melhorar o presente. Como uma jovem sociedade, a brasileira tem que suportar as dores do crescimento. Só assim, construiremos uma sociedade que seja verdadeiramente justa e plural.

* Eduardo H.P. de Oliveira é sociólogo, coordenador executivo de Afirma Comunicação e Pesquisa (www.afirma.inf.br) e um dos colaboradores desta coluna.


Servidor realiza campanha de apoio a deficientes

Randall Álvares Barbosa é Analista Judiciário no Fórum Previdenciário e voluntário no Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, cuja Campanha de Natal está no 6º ano consecutivo, e vai até 02 de dezembro. A instituição ajuda crianças carentes e abriga 1.200 portadores de deficiências mentais.
Interessados podem contactar Randall pelos telefones (011) 3012-1400 r. 5492 ou 9568-1414. Para contribuir, os telefones são: 0800119012 / 6457-7733 r. 208, 209, 260 ou 303 / 6452-4066.