SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 160 - 10/11/2003 - Página 2

FRASES


DE HOJE


“Eu acho que acordo nenhum é melhor do que um acordo ruim”
Joseph Stiglitz, ex-consultor econômico de Bill Clinton, prêmio Nobel de 2001, respondendo se o Brasil deve assinar o tratado da Alca.

“Lembro que ele morreu bem cedo e, pouco depois minha mãe me ligou perguntando: ‘O que será de você?’. Se ela pensava isso, imagina os outros...”
Toquinho, compositor, sobre o poeta Vinicius de Moraes.

“Quando não houver mais carboidrato ministerial a queimar, o organismo [social] buscará a gordura de popularidade acumulada pelo próprio presidente”
Tereza Cruvinel, colunista de “O Globo”, ao relacionar a reforma ministerial e a pesquisa Datafolha onde Lula mantém um alto índice de popularidade.


DE ONTEM


“Esse troço de matar é uma barbaridade, mas acho que tem que ser”
Ernesto Geisel, então presidente da ditadura militar.


IMAGEM



PELA PAZ - A manifestação em memória do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, assassinado há oito anos por um extremista judeu contrário aos acordos com os palestinos, reuniu mais de cem mil pessoas, no dia 1º , na praça Rabin, em Tel Aviv. Com faixas e cartazes, os israelenses pediram a retirada de Israel dos territórios palestinos ocupados.


Idéias

Uma página para a livre expressão de opinião


Que vexame

Elio Bolsanello

O primeiro quadro abaixo, publicado no Jornal do Judiciario nº 140, relaciona dez grandes devedores da Previdência que têm assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) criado pelo presidente Lula.

Membros do CDES devedores do INSS
Roger Agnelli (Companhia Vale do Rio Doce)
Roberto Egydio Setubal (Banco Itaú)
Fernando Xavier Ferreira (Telefonica/ Telesp)
Miguel Jão Jorge Filho (Santander/Banespa)
Marcio Artur Cypriano (Bradesco)
Luiz Fernando Furlan (Sadia)
Daniel Feffer (Cia Suzano de Papel e Celulose)
Fábio colleti Barbosa (ABN Amro BanK/Real)
José Cutrale (Sucocítrico Cutrale)
Alain Juan Pablo Belda (Alcoa)
R$ 392.077.243,00
R$ 380.550.916,00
R$ 291.053.234,00
R$ 145.404.229,00
R$ 103.572.302,00
R$   71.853.412,00
R$   23.784.068,00
R$   15.871.101,00
R$   13.649.176,00
R$   10.433.577,00
Total
R$ 1.448.249.258,00

Elio Bolsanello é advogado, escritor e
funcionário aposentado da JF de São Paulo


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OBSERVATÓRIO


O impasse do desenvolvimento nacional

Plínio de Arruda Sampaio Jr.

Confirmando as previsões mais sombrias, o draconiano ajuste fiscal e monetário promovido pelo governo Lula provocou uma recessão de grandes proporções. A queda contínua da massa salarial, a persistência de incertezas que bloqueiam a retomada dos investimentos, o contingenciamento dos gastos públicos e o patamar estratosférico dos juros reais não permitem que se vislumbre uma reversão do mergulho recessivo. Mas mesmo que o fundamentalismo ortodoxo seja abandonado e que as autoridades flexibilizem a política econômica, não há nenhuma razão para esperar um espetáculo de crescimento e menos ainda para supor que uma eventual expansão da economia possa contribuir para o aumento do bem estar do conjunto da população.
É a perspectiva de que a economia brasileira caminha para a terceira década perdida que coloca em pauta a urgência de a sociedade se desvencilhar do neoliberalismo e buscar novos rumos. Foi o recado inequívoco das urnas.
Entretanto, para que o debate sobre as alternativas com que se defronta o Brasil não seja uma farsa, como foi a patética controvérsia que dividiu a administração FHC entre os autoproclamados desenvolvimentistas, defensores de um neoliberalismo “pragmático”, e os monetaristas que praticavam à risca o programa de ajustamento exigido pela banca internacional, é fundamental resgatar o sentido da reflexão sobre o desenvolvimento nacional e não se esquivar de suas implicações políticas. Caso contrário, as escolhas da sociedade continuarão limitadas a alternativas tacanhas: mais ou menos crescimento (dentro de um patamar medíocre de expansão); maior ou menor concentração adicional da renda e da riqueza nacional; e aumento maior ou menor da dependência externa.
A noção de desenvolvimento diz respeito à capacidade de o Homem controlar o seu destino. No capitalismo, a questão central reside na subordinação do processo de acumulação aos desígnios da sociedade nacional. Trata-se sobretudo de um problema qualitativo sobre as condições externas e internas que permitem ao Estado nacional arbitrar o sentido, a intensidade e o ritmo do processo de destruição criadora que caracteriza o desenvolvimento capitalista, de modo a assegurar a reprodução de mecanismos de socialização do excedente social entre salário e lucro. Assim, o desenvolvimento requer como condição sine qua non um mínimo de equidade social. Parte-se do princípio de que é a transferência dos aumentos na produtividade física do trabalho para salário real que permite combinar aumento progressivo da riqueza da nação e crescente elevação do bem-estar da população. A essência do problema reside na presença de estruturas sociais e de uma dinâmica de incorporação de progresso técnico que permitam que o movimento de acumulação de capital provoque uma tendência à escassez relativa de trabalho.
Para os descrentes das alternativas econômicas que não contem com a benção da comunidade financeira internacional, não custa lembrar que o obstáculo ao desenvolvimento nacional não é um problema técnico. O bloqueio a uma política econômica voltada para o atendimento das necessidades nacionais é sobretudo político. E, como a história ensina que só a pressão social de baixo para cima é capaz de promover os interesses das classes trabalhadoras, as forças populares devem evitar o equívoco de acreditar em homens providenciais. Não pode haver ilusão. O povo brasileiro não deve esperar nenhuma transformação social que ele não possa conquistar com as próprias mãos.

Plinio de Arruda Sampaio Jr, professor do Instituto de Economia da Unicamp, é um dos colaboradores desta coluna.


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