SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 77 - 03/12/2001 - Página 6

OPINIÃO DO SINTRAJUD

Noite da Consciência Negra

Feliz e bem sucedida a idéia de realizar a Noite da Consciência Negra, organizada pelo Departamento Cultural do Sintrajud.
Debate sobre a discriminação e atrações culturais fizeram da noite de 23 de novembro, no Centro Cultural da Marinha, quem sabe um marco inicial de uma proposta que terá continuidade e merecerá em breve ampla reportagem neste jornal.
A discriminação é hoje uma realidade. A modernização das relações produtivas e mesmo sociais não se constituíram em caminhos livres do preconceito. Em muitos casos, ao contrário, a realidade econômica e política impõe até maior discriminação, como hoje observamos no endurecimento do tratamento dispensado a estrangeiros nos Estados Unidos e em parte da Europa.
Trazer o debate sobre a discriminação racial e outras para dentro do Judiciário é positivo e merece continuidade.
No domingo anterior à Noite da Consciência Negra, o programa "No Limite", da TV Globo, mostrou cena de racismo explícito, na qual uma dona-de-casa dizia não conceber relações entre uma mulher branca e um negro. Na semana seguinte, felizmente, a dona do comentário racista foi excluída da disputa por seus colegas de programa. À parte possíveis manipulações televisivas, a repercussão do caso encerra duas observações: de um lado, a forma asquerosa como ainda se manifesta o racismo em nossa sociedade e, de outro, o crescimento de um pensamento que o condena.


Aldanir, outro sindicalista assassinado

Perto de duas mil pessoas estiveram no Cemitério do Caju, na zona norte do Rio, no dia 26 de novembro, para prestar homenagem a Aldanir Carlos dos Santos, 39 anos. Presidente do sindicato dos eletricitários do Rio, Aldanir era um sindicalista que, com sua cordialidade, teceu laços de amizade que extrapolavam as fronteiras de suas concepções políticas. Aldanir é o 6º sindicalista assassinado no Rio em 15 anos.
Não é possível determinar as causas do crime - ocorrido em um sinal de trânsito na noite de sábado, 24. A polícia, como de costume, aponta para tentativa de assalto.
Mas não dá para descartar possível crime político. Afinal, sindicalistas com freqüência perturbam interesses econômicos e políticos poderosos.
No caso de Aldanir pairam a dúvida e a exigência de que haja apuração rigorosa. O mesmo, entretanto, não ocorre com o casal de sindicalistas e enfermeiros Marcos e Edma Valadão, assassinados também no Rio em 1999 por dois pistoleiros, num crime com certeza cometido em função das denúncias de corrupção feitas por eles. Nesse e em outros casos, aguarda-se esclarecimentos que os órgãos de segurança mostram-se incapazes ou desinteressados de fazer.
Há um componente na realidade brasileira que fomenta crimes contra lideranças políticas: a banalização da violência e a conseqüente impunidade. Há todo instante, alguém é vítima de uma bala dita perdida oriunda de insanos tiroteios travados entre polícia e bandido. A todo instante alguma atrocidade policial é revelada. A todo instante alguém deixa o mundo dos vivos e passa a engrossar as já inchadas estatísticas de homicídio.
Não faz mal a ninguém recordar que a segurança compôs um dos cinco dedos da futura mão presidencial que simbolizava o que seriam as prioridade do governo Fernando Henrique. Desnecessário comentar que fim levaram esses dedos.
Mas a violência que sofremos não é sofrida por toda gente. Os de fato endinheirados, detentores de poder econômico, nem sequer mais param nos sinais de trânsito. Os céus de São Paulo, povoados de helicópteros, estão aí para provar. A violência é segmentada. Morrem quase sempre pobres, pretos ou no máximo gente da dita classe média.
Aldanir era negro e morreu após participar de um debate da Semana de Consciência Negra. O crime au menta a relação de sindicalistas ou políticos de esquerda assassinados no Brasil nos últimos anos. Casos como os de Rosa e José Luis, de São Carlos, Gildo, de Brasília, ou de Toninho, de Campinas. Todos clamam por investigação e punição dos culpados. E denunciam a barbárie social nos legada por governantes que governam de costas para o povo e abraçados à elite.


IMAGEM

CRISE ARGENTINA - Protesto em agência bancária de Buenos Aires, um dia depois do anúncio de mais um pacote econômico, que limita em mil dólares os saques em bancos. A crise econômica e social se agrava num país que privatizou tudo e seguiu à risca as diretrizes do Fundo Monetário Internacional.


AGENDA SINDICAL

VAI ACONTECER

4 a 7 de dezembro - 10ª Plenária Nacional da CUT.
7 de dezembro - 5ª Festa do Chopp SINTRAJUD. Quadra Rosas de Ouro - Freguesia do Ó, às 21h.
7 e 8 de dezembro - Congresso do Sintrajufe/PI, em Teresina.
7 a 9 de dezembro - Congresso do Sindjus/DF, em Brasília.


ACONTECEU

22 a 25 de novembro - 7º Curso de atualização Comunicação Sindical e Comunitária, Rio de Janeiro.
23 de novembro - Debate sobre Discriminação Racial promovido pelo Sintrajud, no Centro Cultural da Marinha.
27 de novembro - Ato em frente ao Fórum Trabalhista na Alfredo Issa, contra o projeto que "flexibiliza" a CLT.
28 de novembro - Servidores fazem ato público em frente ao TRE de SP e em outros tribunais do país. Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprova o projeto que revisa o PCS.



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