Ricardo Barros (crédito: José Cruz/ABr).
O deputado Ricardo Barros já defendeu, quando ministro de Michel Temer (MDB-SP), o fim do Sistema Único de Saúde no modelo público como o hoje existente. Faz poucos meses, disse numa comissão na Câmara que os servidores em geral ‘só ficam lendo jornal’ nas repartições.
É também um dos mais empenhados parlamentares a defender a aprovação da ‘reforma’ administrativa (PEC-32), integrando a ‘tropa de choque’ governista que tenta aprová-la no Plenário da Câmara ainda em agosto.
Na quarta-feira (18), enquanto servidores e servidoras públicas faziam um dia nacional de greves e manifestações contra a ‘reforma’ defendida por Barros, o parlamentar era incluído na lista de pessoas investigadas pela CPI da Covid, instalada no Senado Federal. Nesta quinta, o aliado do presidente Jair Bolsonaro teve o seu sigilo bancário quebrado pela Comissão Parlamentar de Inquérito por suspeita de participação em fraude no processo de compra de vacinas da empresa indiana Covaxin. A ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, ao analisar mandado de segurança movido pelo parlamentar, solicitou à CPI que informe os motivos da quebra de sigilo.
A negociação superfaturada e criminosa só não foi concretizada porque um servidor público do Ministério da Saúde denunciou as suspeitas de irregularidades ao Ministério Público Federal — o profissional logo depois foi ameaçado de demissão pelo governo, que esbarrou na estabilidade no emprego do servidor que o deputado Ricardo Barros quer extinguir com a aprovação da ‘reforma’ administrativa.
Os riscos que a PEC 32 representa para os serviços públicos foram denunciados nas manifestações ocorridas em dezenas de cidades do país, na quarta-feira. Na capital paulista, uma enorme faixa, medindo 10 metros de largura e 50 de comprimento, foi estendida com os dizeres “SOS Serviço Público” – no ato que contou com a participação do Sintrajud e de servidores do Poder Judiciário Federal.
Novas manifestações já estão convocadas para o dia 7 de setembro – protestos que, tendo como pauta central a campanha “Fora Bolsonaro e Mourão” e a exigência de vacinas e medidas que salvem vidas, também vão levar às ruas a luta pelo arquivamento da PEC 32.