Atos unitários e greve neste dia 18 reafirmaram rechaço à ‘reforma’ que desmonta serviços públicos


18/08/2021 - Luciana Araujo
Sintrajud participou de atos na capital, na Baixada e em Ribeirão Preto; em diversos estados houve mobilizações que uniram categorias do funcionalismo e trabalhadores de estatais.

Saída da passeata, na Praça da República (crédito: Joca Duarte).

Ao longo do dia de greve geral dos servidores públicos, neste 18 de agosto, ocorreram atos em diversas cidades do país. Além da rejeição à proposta de emenda constitucional 32 (a ‘reforma’ administrativa), o “Fora Bolsonaro” foi outra marca nas manifestações. Em diversas cidades, trabalhadores dos Correios somaram forças, em luta contra a privatização da estatal. No estado de São Paulo aconteceram atos com a participação de servidores do Poder Judiciário na capital, em Santos e Ribeirão Preto.

Encerramento do ato, na região da Sé.

Na Praça da República, região central de São Paulo, o Sintrajud montou a sua já tradicional tenda, que serviu de ponto de encontro para diversas categorias do funcionalismo articuladas no Fórum dos Trabalhadores do Setor Público no Estado. Com uma faixa de 50×10 metros, foi lançada a campanha do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos (Fonasefe): SOS Serviço Público #ContraPEC32.

Após diversas intervenções, as categorias seguiram em passeata até o Fórum João Mendes, na região da Praça da Sé.

“Essa reforma vai favorecer a terceirização e a privatização. Estamos aqui, servidores de várias categorias, federais, estaduais e municipais, unidos neste momento tão difícil de pandemia, que o governo quer aproveitar para aprovar a ‘reforma'”, ressaltou o diretor do Sindicato e servidor do TRT-2 Henrique Sales Costa.

Ato em Santos.

Luciana Martins Carneiro, servidora do TRF-3 e também diretora do Sintrajud, afirmou que “a PEC institucionaliza o nepotismo. E nós, mulheres, ficaremos ainda mais expostas ao assédio moral e sexual”, em razão do fim da estabilidade, o que dificultará às trabalhadoras denunciarem investidas de seus chefes.

Em Santos, representantes de várias categorias se reuniram na Praça Mauá, ainda pela manhã. E em Ribeirão, servidores do PJU também participaram da manifestação unificada à tarde, com faixa conjunta do Sintrajud com a associação local (Asserjusfe).

Durante a manhã o Sintrajud reuniu colegas que participaram da greve numa sala virtual que discutiu os impactos da PEC 32 para servidores atuais e futuros.

Servidores do PJU no ato em Ribeirão.

 

O 18A pelo Brasil

Além de São Paulo, aconteceram manifestações em frente à Câmara dos Deputados (em Brasília), em Belo Horizonte (MG), Cascavel (PR), Joinville, Blumenau, Criciúma, Jaraguá do Sul, Chapecó e Florianópolis (SC), Caxias do Sul e Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL) e  Salvador (BA).

Deputados da oposição também realizaram um protesto contra a PEC 32 no plenário da Câmara.

Em Porto Alegre, houve ato público em frente ao Hospital de Pronto-Socorro, sob muita chuva e vento forte. A atividade contou com representantes de diversas categorias do funcionalismo federal, estadual e municipal. Outro ato foi realizado no início da noite, na Esquina Democrática. Servidores da categoria e o sindicato local (Sintrajufe-RS) participaram.

No interior gaúcho, uma grande manifestação foi realizada em Caxias do Sul, com forte adesão de servidores municipais. Embora tenham sido retomadas as aulas presenciais, 78 das 83 escolas municipais estiveram fechadas nesta quarta-feira, segundo o sindicato da categoria. Pela manhã, o Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) organizou um abraço à prefeitura.

Em Santa Catarina, as atividades foram organizadas pelo Fórum dos Servidores Públicos, do qual faz parte o Sintrajusc, que representa os servidores do Judiciário Federal. Houve atos e panfletagens nas principais cidades do estado, como Joinville, Blumenau, Criciúma, Jaraguá do Sul e Chapecó. Em Florianópolis, a concentração começou às 16 horas em frente à Catedral. Em Criciúma, houve manifestações diante das residências dos deputados federais da cidade — Daniel Freitas (PSL), Geovânia de Sá (PSDB) e Ricardo Guidi (PSD) —, pressionando-os a votar contra a PEC.

Em Alagoas também houve manifestação, em frente à casa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). O sindicato local dos servidores do Judiciário (Sindjus-AL) participou do protesto que entidades sindicais e centrais realizaram, na Praia de Ponta Verde, para pressionar Lira a não colocar em votação a PEC 32.

No Rio de Janeiro, o Sisejufe participou do ato que o funcionalismo realizou à tarde no centro da cidade. Os servidores se concentraram na Candelária.

Em Brasília, o sindicato realizou um ato na Rodoviária do Plano Piloto e distribuiu carta à população, explicando os efeitos nocivos da PEC 32.

Em Belo Horizonte o Sitraemg marcou presença nos protestos.

O ex-diretor do Sintrajud Marcus Vergne e a servidora Camila Gradin, ambos do TRT-2, participaram do ato em Salvador (crédito: Sindjufe-BA)

Em Salvador, o Sindjufe-BA representou os servidores do Judiciário Federal na passeata que reuniu pela manhã diversas categorias do funcionalismo no centro da cidade. Os manifestantes saíram em caminhada pelas ruas do centro da capital baiana em direção à Praça Castro Alves.

Repercussão

Apesar do posicionamento favorável à ‘reforma’ da mídia comercial, as mobilizações repercutiram em veículos noticiosos comerciais, que não tiveram como escondê-las desta vez.

O ‘Correio Braziliense’ noticiou o ato na capital federal. O portal de notícias ‘G1’ noticiou as manifestações na Paraíba, em Goiás, Mato Grosso, Bahia, Santa Catarina, e nas cidades paulistas da região da Baixada Santista, em Presidente Prudente e Campinas. O jornal ‘O Povo’ repercutiu o ato em Fortaleza, no Ceará. O ‘Bem Paraná’ noticiou a greve geral naquele estado. A Agência Brasil também noticiou a manifestação em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, onde a rodovia Régis Bittencourt foi bloqueada por cerca de uma hora. Somente na capital paulista as mídias comerciais negaram-se a repercutir o ato, coberto pela ‘Rede Brasil Atual’.

Faixa de lançamento da campanha em defesa dos serviços públicos tomou a Praça da República (crédito: Jesus Carlos).

* Colaborou: Hélio Batista Barboza

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM