Atos no dia 7 abrem ‘setembro de luta’ para derrubar Bolsonaro e a PEC 32


03/09/2021 - Luciana Araujo
Centrais, sindicatos, movimentos sociais e personalidades denunciam 'reforma' administrativa que desmonta serviços públicos como mais um motivo da luta pelo "Fora Bolsonaro e Mourão".

A gestão desastrosa de Jair Bolsonaro deu novo impulso ao já tradicional Grito dos Excluídos – iniciativa de pastorais católicas e movimentos sociais realizada há 27 anos, no dia 7 de setembro, para denunciar que a independência nacional segue incompleta, com a subordinação do país ao mercado financeiro global, e que a maioria da população continua excluída dos direitos de cidadania. Em todo o país acontecerão atos que unificam as lutas por direitos, pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”, contra a ‘reforma’ administrativa (PEC 32/2020) e em defesa dos serviços públicos.

Na capital de São Paulo o Sintrajud estará no ato que acontece às 10 horas na Praça da Sé, organizado em parceria com diversas entidades, e, a partir das 14 horas, na manifestação unitária convocada para o Vale do Anhangabaú, como já divulgado. A direção do Sindicato reforça a importância da participação de servidoras e servidores da categoria que tiverem condições e não estejam com sintomas ou diagnóstico de covid-19 nem convivam com pessoas dos grupos de risco. A tenda da entidade será novamente ponto de encontro e distribuição de materiais contra a ‘reforma’ e pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”, máscaras PFF2, álcool gel e balões.

O protesto no Vale do Anhangabaú promete ser grande, como as manifestações que vêm ocorrendo desde maio. A campanha SOS Serviço Público contra a PEC 32 (da ‘reforma’ administrativa) ganhou adesões de artistas e personalidades como o ator Paulo Betti, Osmar Prado e Tonico Pereira, a atriz Júlia Lemmertz e a youtuber Rita Von Hunty. Outro youtuber muito influente, Felipe Neto também fez postagem contra a ‘reforma’. O músico Zeca Baleiro participa de um ato-show online promovido pelas entidades integrantes do Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Federais), o fórum unitário das centrais sindicais. A transmissão terá início às 20 horas e o Sintrajud vai participar da iniciativa com suas redes.

Doria derrotado em tentativa de barrar atos contra Bolsonaro

O governador João Doria (PSDB) reeditou a unidade que ficou conhecida no processo eleitoral como “BolsoDoria” e tentou impedir os atos de oposição ao governo federal, mas foi derrotado judicialmente. As entidades organizadoras, antes mesmo da decisão judicial, tinham posicionamento por manter a realização dos atos, com base no direito constitucional de livre manifestação e contra as movimentações golpistas que Bolsonaro.

Diante das convocações de atos organizados por apoiadores do presidente da República para o dia da Independência, Doria informou em coletiva à imprensa que a Secretaria de Segurança Pública, subordinada ao seu governo, decidira vetar as manifestações contra o presidente em todo o estado de São Paulo. É sabido que Bolsonaro tem apoio em setores das polícias militares estaduais, mas a autoridade máxima sobre a força é do governador. E a Lei Orgânica da PM de São Paulo inclusive prevê no seu artigo 70, I, que cabe, em primeiro lugar, ao governador a aplicação de penas disciplinares.

Doria chegou a sugerir que os movimentos sociais e cidadãos contrários a Bolsonaro deveriam se somar às manifestações convocadas para o dia 12 pelo Movimento Brasil Livre (MBL), do deputado federal Kim Kataguiri, inimigo público dos servidores públicos. O MBL foi parte das organizações que alçaram Bolsonaro ao poder, defende e seus integrantes votam favoravelmente a todos os ataques que vêm sendo impostos pelo governo, como a ‘reforma’ da Previdência aprovada em 2019, a reforma trabalhista recém aprovada na Câmara que liberava trabalho análogo à escravidão e foi derrubada no Senado. Kim Kataguiri e seu “Movimento” são também os maiores defensores da privatização generalizada de serviços públicos e da ‘reforma’ administrativa de Bolsonaro. Embora tenham comparecido nos últimos atos contra o governo e subscrito o chamado “superpedido” de impeachment que reuniu forças à direita e à esquerda do espectro político brasileiro, o MBL sustenta a agenda política presidencial.

Genocídio

Bolsonaro vai ter que ouvir mais uma vez as ruas do Brasil gritarem “Fora Bolsonaro genocida”, palavra de ordem que o incomoda. Sua gestão, no entanto já acumula 136 pedidos de impeachment em decorrência das quase 600 mil mortes por covid-19, da qual o presidente tem sido propagador ao promover aglomerações sem uso de máscara e defender medicamentos comprovadamente ineficazes.

Bolsonaro também já foi denunciado pelos crimes de genocídio e ecocídio (devastação ambiental) no Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, na Holanda. As denúncias relatam o desmonte do Sistema Único de Saúde e a gestão da pandemia, os ataques aos povos indígenas e a liberação do desmatamento na Amazônia.

A chapa Bolsonaro-Mourão também é alvo de quatro ações no Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder econômico e uso indevido das redes sociais na campanha de 2018.

Segurança

A fim de evitar provocações e conflitos, a Campanha Fora Bolsonaro deslocou o ato de 7 de setembro para o Vale do Anhangabaú, tendo em vista que os bolsonaristas estão anunciando que vão se reunir na Avenida Paulista.

A diretoria do Sintrajud orienta, além do respeito às regras sanitárias sempre ressaltadas, que as pessoas evitem responder a atitudes violentas de defensores do governo e fiquem atentas durante o percurso antes e depois do ato – especialmente em meios de transporte públicos e vias de acesso.

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