Um dia para lembrar das vítimas de acidentes de trabalho


02/03/2017 - joebetho

O Dia 28 de Abril é o Dia Mundial em Memória das Vitimas de Acidentes e Adoecimento pelo Trabalho. Um dia para colocar em pauta no mundo todo esse problema que é de extrema importância.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, foram notificados 717.911 acidentes de trabalho em 2013. Nos dois anos anteriores, as notificações também foram superiores a 700 mil acidentes. O número já é muito alto, mas provavelmente esteja bastante abaixo do número real. A subnotificação é muito grande no país, havendo uma quantidade enorme de acidentes dos quais os ministérios não tomam ciência. Uma pesquisa feita no interior de São Paulo chegou ao resultado de que os dados da previdência teriam coberto apenas 22,4% do total de acidentes ocorridos naquele ano na região. Supondo que esse padrão – do interior do estado mais rico do país – se mantenha em todo o território nacional, chegaríamos a um número assustador de cerca de três milhões de acidentados pelo trabalho por ano.

Dados do SUS apontam que em 2013 foram 3.867 óbitos por acidente de trabalho. Esse número vem crescendo ano a ano no país – em 2000, por exemplo, o número era bem menor: 2.422 óbitos. Relevante analisarmos o fato de que, apesar do avanço tecnológico ocorrido dos anos 2000 até hoje, gerando grandes mudanças e inovações na produção, as mortes continuam aumentando. Isso nos coloca a pergunta sobre se essa tecnologia tem sido de fato utilizada a serviço de um trabalho mais digno ou se está simplesmente a serviço de uma intensificação do trabalho e do contínuo aumento dos lucros.

Transtornos mentais relacionados ao trabalho
Alguns pesquisadores apontam que os adoecimentos psicológicos têm sido cada vez mais freqüentes, sendo resultado das recentes transformações no mundo do trabalho. A alta competição entre colegas e a resultante quebra dos laços de solidariedade, a alta pressão por metas (muitas vezes inalcançáveis), as exigências por excelência e “qualidade total” e a precarização dos contratos de trabalho são alguns dos elementos que contribuem para este quadro.

Além disso, o assédio moral e demais violências psicológicas também podem desencadear adoecimentos de ordem mental nos trabalhadores.

Segundo o Ministério do Trabalho, foram cerca de 19 mil adoecimentos psicológicos (transtornos mentais e comportamentais) pelo trabalho em 2013 – quase 2 mil a mais que em 2012. Destes 19 mil, cerca de 6 mil foram no estado de São Paulo.

Como o estabelecimento de nexo causal com o trabalho é particularmente mais difícil quando se trata de transtornos mentais e comportamentais, a subnotificação deve ser ainda maior do que em outros casos, havendo dezenas de milhares de trabalhadores adoecidos pelo trabalho sem que tenha havido qualquer notificação ou nexo reconhecido. A falta de reconhecimento do adoecimento torna-se mais uma fonte de sofrimento, pois o trabalhador freqüentemente é visto como mentiroso e preguiçoso.

Os dados sobre o TRE-SP de 2015 apontam que dentre os afastamentos de servidores deste ano havia 1.967 diagnósticos de adoecimentos de ordem mental (capítulo V da Classificação Internacional de Doenças). Apesar de não podermos afirmar que estes adoecimentos sejam decorrentes do trabalho, o dado é alarmante e nos leva a indagar até que ponto a organização do trabalho no referido tribunal contribui para esse quadro.

A saúde dos trabalhadores não está bem e se não fizemos nada ela irá piorar a cada dia. É fundamental que os trabalhadores e suas entidades representativas se organizem e lutem pela saúde, seja no próprio local de trabalho ou em nível nacional, propondo leis e resistindo aos ataques dos governos.

Com o objetivo de fortalecer a pauta da saúde no Judiciário, o Sintrajud está convocando os servidores para uma reunião sobre saúde do trabalhador no dia 9 de maio, as 18h30, na sede da entidade. Participe!

(*) Daniel Luca é psicólogo e assessor do Sindicato na área de saúde do trabalhador.

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