Trabalhadores da América do Sul protestam contra G20 na Argentina


05/12/2018 - Shuellen Peixoto

Imagens: Henrique Sales

Na última sexta-feira (30 de novembro), uma multidão de trabalhadores e estudantes de vários países tomou as ruas de Buenos Aires, capital da Argentina, em protesto durante a reunião da cúpula do G20. O Grupo  reúne os 19 chefes de Estado das economias mais desenvolvidas do mundo – além de um representante da União Europeia. Os manifestantes protestaram contra as políticas de austeridade e retirada de direitos que estão sendo aplicadas por essas nações.

A manifestação teve a participação de colombianos, chilenos, uruguaios, brasileiros e dos próprios argentinos, e chegou a ocupar dez quadras da Avenida 9 de Julho, umas das principais da capital argentina.  O diretor do Sintrajud e servidor do TRT Henrique Sales, esteve presente na manifestação como parte da delegação da CSP-Conlutas, que levou cerca de 100 sindicalistas  do Brasil.

Na tentativa de impedir a manifestação, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, organizou um “esquema de segurança” com milhares de policiais nas ruas e com fechamento das principais vias de Buenos Aires, impedindo que ônibus e metrôs circulassem na região. Apesar de ter ocorrido de forma pacífica, o clima de repressão era forte.

Segundo Henrique Sales, diretor do Sindicato, no ato era possível ver faixas contra a retirada de direitos dos trabalhadores e em defesa da democracia. Uma das palavras de ordem incorporadas pelos manifestantes foi “Fora Bolsonaro”. As declarações machistas e ameaças à Previdência e direitos trabalhistas feitas pelo presidente eleito, mesmo antes de assumir, foram lembradas.

“A lição que podemos retirar da nossa participação nesta manifestação é que não estamos sozinhos e é possível resistir aos ataques. O povo argentino tem um histórico de luta e organização muito grande, desde a experiência contra a ditadura até às lutas em defesa dos direitos nos últimos anos, e, para nós, de outros países, observar tal organização e poder compartilhar experiência é importante para construir a unidade, quanto maiores formos, maior a possibilidade de ter vitórias”, afirmou Henrique.

Cúpula dos povos

Para marcar os protestos, nos dias anteriores a reunião do G20, aconteceram atividades da “Cúpula dos Povos”, organizada pela “Confluencia No al G20-Fuera el FMI”. Nos dias 28 e 29 de novembro, foram promovidos debates  e atividades em tendas armadas na praça em frente ao Congresso Nacional do país vizinho.

A discussão que marcou os debates foi sobre o avanço da direita conservadora nos países e os ataques aos direitos trabalhistas e de liberdade democrática.  Reforma de previdência, retirada de direitos trabalhistas, privatizações e terceirizações, são políticas que estão sendo aplicadas no Brasil e em países diversos países do mundo.

Para Henrique Sales, que esteve presente na Cúpula dos Povos e na manifestação contra o G20, entrar em contato com trabalhadores de outras categorias e países, percebendo que os problemas enfrentados aqui são os mesmos enfrentados no Chile, Colômbia, Argentina ou Uruguai, é um passo importante na organização da resistência em defesa dos direitos.

“O G20 é a organização dos países mais poderosos do mundo, é a reunião onde, basicamente, é decidido nosso futuro – onde serão os investimentos e quais direitos serão retirados, por exemplo”, destacou Henrique. “Eventos como estes são importantes momentos de unidade para construir a resistência aos ataques que estão vindo, o processo político mundial é complexo, com vários governos autoritários que têm a intenção de perseguir trabalhadores, no Brasil não será diferente e precisamos resistir”, afirmou o dirigente (de camisa preta na foto).

Com informações da CSP Conlutas.

TALVEZ VOCÊ GOSTE TAMBÉM