Toda solidariedade ao Melqui: um lutador incansável, sempre sorridente


25/09/2024 - Luciana Araujo
Colega recebeu diagnóstico de câncer e precisa realizar cirurgia de alto custo que o cartel das operadoras de saúde não cobre porque o rol da Agência Nacional de Saúde não prevê; lógica do ajuste fiscal se revela mais perversa quando o que está em jogo é a vida.

 

Na luta pela antecipação do PCCS em 2023 (Jesus Carlos).

O servidor da Justiça Federal e diretor do Sintrajud Antônio Melquíades recebeu recentemente um difícil diagnóstico de câncer de próstata. Lutador das primeiras fileiras de todas as greves e mobilizações da categoria nos últimos 20 anos, o Melqui já foi dirigente do Sindicato em outros momentos e também da Federação Nacional. Por isso, além da solidariedade humana, é dever de todos nós estarmos juntos para apoiá-lo na travessia deste desafio e no processo de recuperação.

A cirurgia que ele precisa fazer não é coberta pelo plano de saúde da categoria, cada vez mais caro e com pior atendimento. Um exemplo da precarização da assistência à saúde, que conta com a conivência dos tribunais e seus gestores, que se autoconcederam aumento do auxílio-saúde excluindo os servidores.

O Melqui

Antônio Melquíades é profissional de informática, analista de sistemas, desde a década de 1970. Trabalhou no Banco Mercantil de São Paulo como programador, depois passou pelo Grupo Silvio Santos e foi oficial de justiça federal no Fórum de Carapicuíba por um anos.

Em 1994 ingressou na Justiça Federal e em 2002, em meio à luta para rever o Plano de Cargos e Salários conquistado pela categoria sete anos antes (o PCS-2) tornou-se dirgente sindical, sendo reeleito por cinco vezes pela votação de colegas de todo o estado (2002-2005, 2005-2008, 2008-2011, 2011-2014, 2014-2017, 2020-2023). E agora, entre 2023 e 2027, é novamente parte da diretoria e da organização dos 30 anos de luta de nossa entidade sindical.

É conhecido no país inteiro pelas articulações que protagoniza em Brasília em defesa dos direitos da categoria, dos servidores e dos serviços públicos, formando gerações de lutadores que entraram na vida sindical ao longo deste período. Por duas vezes foi candidato, uma delas a vereador e a outra a deputado federal, não tendo alcançado o alto número de votos exigido por um sistema eleitoral antidemocrático que exclui negros, mulheres e indígenas e quase todos os que buscam efetivamente representar a classe trabalhadora.

Com o diretor-geral do TSE, Rogério Galloro (Arquivo Sintrajud).

Melqui merece todo nosso respeito e acompanhamento coletivo de mais esta luta, agora contra uma enfermidade cujos registros só crescem num tempo em que o ritmo de vida, a alimentação contaminada por agrotóxicos, o stress cotidiano e o assédio moral no local de trabalho, a exigência do “mais com menos”, e ainda mais quando os trabalhadores atingem a meta. Estaremos juntos para enfrentar essa batalha e conclamamos os colegas a serem parte dessa corrente de solidariedade e vibrações positivas.

Mais uma luta que é de todos nós

O percurso que Melqui vai enfrentar neste momento é parte também das lutas organizadas pelo Sindicato em defesa do direito à assistência em saúde e por mais verbas para assegurar esse direito. Está na Lei 8.112/1990 que é obrigação das administrações garantir que seus trabalhadores tenham acesso aos tratamentos, acompanhamentos e medicina preventiva. Frente ao sucateamento do SUS provocado pela drenagem orçamentária legitimada também pelo Supremo Tribunal Federal, a contratação da chamada rede suplementar tornou-se uma “saída” na qual cada vez menos o custo se equipara aos benefícios.

No STF, defendendo os interesses da categoria (Arquivo Sinttrajud).

Que o mercado cada vez mais cartelizado das empresas operadoras de planos de saúde privada joga com a vida das pessoas não é novidade. Mas a situação vem piorando com a anuência de governos e do Judiciário. O portal noticioso Intercept Brasil publicou reportagem recente sobre uma pesquisa que apontou que “sete empresas da área da saúde controlam outras 192 e fazem parte do grupo de 1% das corporações que possuem mais de 20% das ações das empresas mais poderosos do Brasil.” Quando questionamentos judiciais sobre a cartelização chegam ao Judiciário, são minimizados ou desconsiderados em prol do ‘Deus Mercado’.

E por tudo isso o Sintrajud estará com Melqui também na luta pela garantia do direito à assistência médica, atuando em todas as frentes necessárias e tomando todas as medidas cabíveis.

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