SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 192 - 29/09/2004 - Página 5

Candidatos do Judiciário participam de debate promovido pelo Sintrajud

Ana Luiza (PSTU/SP - 16.616), Emerson Oliveira (PSDB/SP - 45.058),
Ronaldo Kanashiro (PV/Suzano - 43.144) e Anderson Alves (PT/Cachoeira Paulista - 13.200)
participaram de debate realizado no dia 23 de setembro

Servidora fala durante o debate promovido pelo Sintrajud, no auditório da Justiça Federal no dia 23 de setembro

Candidatos por partidos de distintas origens e concepções políticas, os quatro servidores do Judiciário Federal que postulam uma vaga de vereador nas eleições de outubro participaram, na quinta-feira 23, do debate promovido pelo Sintrajud.
Na primeira etapa do debate, os servidores Ana Luiza/TRF 3ª (PSTU/ candidata em São Paulo), Emerson Oliveira/TRT 2ª (PSDB / candidato em São Paulo), Ronaldo Kanashiro/TRF 3ª (PV/ candidato em Suzano) e Anderson Alves/JT (PT/ candidato em Cachoeira Paulista) responderam a duas perguntas apresentadas pelo mediador, o jornalista Hélcio Duarte Filho, editor do Jornal do Judiciário.
Na segunda etapa, cada candidato formulou uma pergunta a outro candidato, com réplica e tréplica. E, por fim, eles responderam a perguntas da platéia. Nesta página, trechos das respostas dos candidatos. A íntegra está disponível aqui.


Por que sou candidato?

Ana Luiza (PSTU/São Paulo) - “A minha e todas as candidaturas do PSTU objetivam apresentar aos trabalhadores uma alternativa de esquerda, socialista, nesse momento em que a classe trabalhadora passa por uma eleição após um mandato de quase dois anos do governo Lula. Os trabalhadores depositaram uma enorme esperança no governo Lula e o vimos repetir a política do governo Fernando Henrique, do PSDB.”

Anderson Alves (PT/Cachoeira Paulista) - “Minha candidatura surgiu de uma idéia antiga. Em casa o meu avó era ligado à política, e desde mais novo venho tomando gosto por isso. Vivenciei e tive experiências que com certeza podem alavancar o desenvolvimento econômico de um município pequeno como Cachoeira Paulista. Uma cidade com mais de duzentos anos, foi uma locomotiva na época do segundo reinado e hoje está parada no tempo. Minha candidatura é para colocar Cachoeira Paulista no tempo atual.”

Emerson Oliveira (PSDB/São Paulo) - “Me interesso pela política desde que tinha doze anos. Vejo muitos maus políticos. Há denúncias de esquemas de corrupção e isso é algo que precisamos começar a mudar, muito tem sido feito nesse sentido, mas muito há por fazer. Devido a isso, sei que posso dar minha colaboração, posso ser um bom candidato, um político honesto no meio de tantos corruptos, sei que serei um bom vereador e irei trabalhar para o povo.”

Ronaldo Kanashiro (PV/Suzano) - “No início eu tinha uma resposta.... com o tempo vamos repensando e avaliamos que estamos malucos, não é fácil fazer campanha. Pagamos pelos erros que políticos cometeram no passado. Minha campanha é fruto da indignação. Considero Suzano retrato do Brasil, é a 14ª arrecadação de ICMS de SP. Uma cidade rica e quando a gente olha para os índices sociais, é uma lastima. Mas não podemos perder a esperança. Dá para mudar.”


Candidatos falam de Lula e Geraldo Alckmin

Ronaldo Kanashiro (PV/Suzano) - “Uma coisa é a popularidade do Lula e outra é o governo em si. Não votei no Lula, mas esperava mais. Faltou coragem, projeto para o país. Para não deixar de comentar o governo do Estado: quando ouvia falar de poder econômico, achava uma palavra muita abstrata, mas a gente está sentido o poder econômico do PSDB em Suzano. O candidato a prefeito pelo PSDB, o cidadão chamado José Cardoso, tem empresas com parceria com o irmão do Alckmin.”

Emerson Oliveira (PSDB/São Paulo) - “Vejo em Geraldo Alckmin a figura de um homem público, íntegro, forte. É um governo que tem avançado em várias áreas. O Lula tem se mostrado muito despreparado para cuidar dos problemas do nosso país, vimos o exemplo desse fim de semana, fazendo campanha para a atual prefeita na inauguração de uma obra. E na televisão hoje pediu desculpas, imagina se alguém comete um crime sai pedindo desculpa. Já a Marta, em sua maior obra, o fura fila, trocou apenas o nome, gastou dinheiro e não fez nada.”

Ana Luiza (PSTU/São Paulo) - “Alckmin representa a política do PSDB, a mesma de FHC, que na última década conduziu o país atendendo ao FMI e ao imperialismo, principalmente o norte-americano. A classe trabalhadora nas eleições de 2002 se voltou contra essa política e elegeu Lula para mudar. Infelizmente, vemos no governo Lula e conseqüentemente no governo Marta do PT uma continuidade. Beneficiam os ricos. O PT está aprofundando a lógica do PSDB, privatizando a Previdência, aumentando o superávit, que significa aumentar o pagamento de juros da dívida externa.”

Anderson Alves (PT/ Cachoeira Paulista) - “Após a implantação do Real, houve um grande equívoco na gestão FHC: na época das bandas cambiais sacrificou demais o nível de reserva e isso tem reflexo até hoje. Tivemos uma explosão da dívida, e hoje o governo é refém. Lula foi eleito em um contrato, e acho extemporâneo falar desse antagonismo trabalhador versus empresário, acho que a terminologia hoje é colaborador. O Lula fez um contrato com empresários para ganhar a eleição. E não há que se esperar que ele traísse o que havia feito.”


NOSSA OPINIÃO


Quem reduziu nossas aposentadorias não merece nosso voto

No Brasil, costuma-se dizer que os partidos não contam, o que vale é o candidato. É um discurso que, embora popular e calcado numa pouco sólida base ideológica partidária, responde muito bem aos interesses da maioria dos políticos oficiais. É como se dissessem: não me responsabilizem pelos atos de meus colegas de partido.
No ano passado, deputados e senadores de partidos governistas e da suposta “oposição” conservadora - PSDB, PFL, PTB, PP, PMDB, PT e PCdoB - votaram a favor da redução das aposentadorias e de direitos previdenciários dos servidores públicos, dentre outros projetos ruins para os trabalhadores.
É por isso que o Sintrajud não recomenda o voto nestes partidos. E é aí que entra também o tema do início deste texto. Se o que conta é o candidato, por que não votar em qualquer partido? Não é bem assim. Quando votamos um prefeito ou vereador de uma base partidária, estamos fortalecendo um determinado projeto político. Projeto este que, mais adiante, pode se expressar tanto numa rua esburacada quanto numa aposentadoria menor ou no corte de um direito como férias ou 13º salário. Pense nisso. E não dê o seu voto a quem lhe traiu ou ajudou a surrupiar seus direitos.


Candidatos respondem a candidatos

Ronaldo Kanashiro (PV) pergunta se Anderson (PT) não considera um desrespeito aos eleitores o deputado Marcelo Candido (PT), eleito com 40 mil votos, segundo ele a maioria dos votos de Suzano, se candidatar a prefeito.
Anderson (PT) - “No âmbito municipal e no âmbito estadual, o chefe do Executivo praticamente é um rei. De fato não vejo esse contra-senso. Com certeza, se ele tiver pulso e firmeza, alinhamento com o governo federal, a seriedade que se espera de um candidato, vai poder contribuir muito mais com o município de origem dele. Um segundo aspecto é a questão da fidelidade partidária, não temos no Brasil o chamado voto distrital. Portanto, não temos deputados, vereadores e senadores do distrito, mas sim o deputado de São Paulo. A obrigação dele é olhar para todo o estado.”

Ana Luiza (PSTU) pergunta a Ronaldo Kanashiro (PV) o que ele pensa da posição de Anderson, que afirma não haver mais razões para polarização trabalhadores e patrões e se é possível governar para os trabalhadores e os patrões ao mesmo tempo.
Ronaldo Kanashiro (PV) - “Permita transpor esse cenário para Suzano, onde aconteceu esse mesmo tipo de aliança, de simbiose estranha, que foge às raízes do PT. Em Suzano também temos 30 anos de governo extremamente conservador e o candidato do PT acabou de fazer um relacionamento com a classe patronal. Foi se aliar a um dono de uma faculdade, atrelado a esse governo conservador. Um governo que se prega democrático, respeitador da classe, das causas do povo, chegou em Suzano e foi se alinhar com as forças dominantes da elite. Mais do que isso, abraçou inúmeros secretários que faziam parte da administração desastrosa do PFL.”

Anderson Alves (PT) pergunta a Emerson (PSDB) por que o PSDB não é mais criterioso na escolha de seus candidatos a prefeito. E cita fala de Emerson, sobre Lula fazer propaganda para Marta, ao criticar o fato do governador Geraldo Alckmin gravar apoio a candidatos.
Emerson (PSDB) - “A diferença fundamental na participação do Lula na campanha da Marta e do Alckmin, na dos candidatos do PSDB, é que o presidente usou um evento de inauguração de obra pública, a legislação eleitoral proíbe isso. Não é errado o Lula participar da campanha da Marta, mas não fazer isso em inauguração de obra. Quanto ao critério na escolha dos candidatos, cada cidade tem a sua política local e o PSDB é um partido muito grande. Infelizmente de vez em quando vemos maus políticos no PSDB. Quando há denuncias, são apuradas e algumas pessoas são expulsas do partido.”

Emerson (PSDB) pergunta a Ana Luiza quais projetos o PSTU tem para a área de saúde, mencionando antes que no tempo em que o partido na TV ficam marcadas posições ideológicas - como o slogan “contra burguês vote 16” - e de apoio a lutas sindicais.
Ana Luiza (PSTU) - Temos propostas para todas as áreas. Como a democracia dos ricos é de fato uma ditadura, não temos um tempo que nos permita expor todas as nossas idéias. Então colocamos centralmente para os trabalhadores que para ter saúde, educação e habitação é preciso recursos. E que a política vigente no país, implementada pelo Lula, não é diferente da do Alckmin ou qualquer outro, é pagar a dívida em dia, aumentar o endividamento público. Conseqüentemente, a saúde está doente no país e particularmente em São Paulo. A propaganda da Marta e do PSDB são mentiras escandalosas.”


Pontos polêmicos do debate

Anderson Alves (PT) - “O trabalhador custa hoje duas vezes e meia o seu salário para uma empresa. Temos uma população economicamente ativa entre 36% e 35%. 50% da nossa economia é informal não por acaso. O trabalhador custa caro, e nós precisamos de uma reforma trabalhista, porque isto está encravando a competitividade do Brasil. O que é preciso? Uma política social séria, qualificação profissional, investimento no trabalhador. E isso em 500 anos de Brasil, de PFL, de Arena, que atrasou o país e esse é o ônus. A transição é dolorosa, mas é necessária. Não diria que é arrancar direito do trabalhador, não é isso não, muito pelo contrário. Mas é fazer uma política de longo prazo e o trabalho tem que começar em alguma hora.”

Ronaldo Kanashiro (PV) - “Gostaria de levantar um aspecto sobre a relação empresa e governo. Trazendo para o âmbito municipal, estamos defendendo a criação de cooperativas. Em Suzano só tem uma empresa que recolhe lixo. Esse sistema de coleta e depósito de lixo custa ao município seis milhões de reais. Defendemos a criação de cooperativas. Vamos fazer cooperativas nos bairros que vão fazer a coleta do lixo e a prefeitura paga. O cooperado é do próprio bairro, ele recolhe e recicla, gerando emprego. É um projeto que bate de frente com o interesse econômico da empresa de lixo. Por isso que olhamos muito desconfiados nos financiamentos de campanha. Penso que depende dos interesses em jogo, em Suzano as empresas de lixo e de transporte estão financiando a campanha do PSDB e do PT.”

Ana Luiza (PSTU) - “O PT perdeu a característica de partido da classe trabalhadora, de trabalhador só tem o nome. E essa é uma tarefa que o PSTU está dando para todos os candidatos e militantes que é reconstruir essa consciência que nós levamos duas décadas para construir, de um partido da classe trabalhadora defendendo suas bandeiras e uma central sindical ao lado dos trabalhadores. Tanto o PT como a CUT transformaram-se em colaboradores da burguesia, subalternos, submissos e contrários aos trabalhadores. Nós servidores temos claro a quantidade de direitos que nos foram tirados, como a aposentadoria integral e a data-base. O PSTU está colocando a sua candidatura para reconstruir uma alternativa. Não há como colaborar com quem nos explora e com quem retira nossos direitos.”

Emerson (PSDB) - “A prefeita de São Paulo praticamente abandonou o programa do médico da família e isso era medicina preventiva. Em muitos lugares este programa está dando certo e acho que aqui na capital, principalmente nas periferias, é possível ampliá-lo. Moro na periferia e sei das dificuldades do povo, são milhares que freqüentam os hospitais públicos e sei das dificuldades que temos nos postos de saúde, na falta de remédio, nos descasos e na falta de médicos. Tenho projetos para melhorar as condições de saúde na periferia, com a ampliação do médico da família, treinamento melhor para os médicos, mais incentivos. E o Serra fez muitas realizações concretas na área da saúde, são comprovados os mutirões que deram muitos resultados e é por isso que ele foi considerado o melhor ministro da saúde que o Brasil já teve.”