SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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JJ - Edição 155 - 23/09/2003 - Página 2

FRASES


DE HOJE


“Se todo mundo decidir assassinar seu adversário político, o mundo viverá um caos total”
Hosni Mubarak, presidente do Egito, sobre as ameaças de Israel de matar o presidente palestino Iasser Arafat.

“Só vou ser advogado de bandido quando for chamado a defendê-lo”
Luiz Eduardo Greenhalgh, deputado federal (PT-SP) e advogado, ao deputado Jair Bolsonaro (PTB-RJ), que o acusou de defender bandidos, referindo-se a líderes sem-terra presos, como José Rainha e Diolinda.


DE ONTEM


“Sei que tenho apenas o diploma primário e o curso do Senai, mas, ao analisar os conhecimentos dos últimos presidentes, sinto-me superior a eles, porque tenho um diploma que eles não têm: o da compreensão dos problemas sociais”
Luiz Inácio Lula da Silva, em 1987, então como deputado constituinte.


IMAGEM



LUTA - Servidores do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo em assembléia setorial realizada no dia 5 de março de 1996, para discutir a implantação do primeiro Plano de Cargos e Salários do Judiciário Federal e a data-base da categoria.


Idéias

Uma página para a livre expressão de opinião


A reforma e os partidos

André Cabello

Gostaria de propor uma sugestão construtiva nessa questão da luta contra a reforma da Previdência proposta pelo governo. Entendo que de nada adiantará pressionar os parlamentares cujos votos são contrários aos interesses da categoria. No site do Sintrajud, por exemplo, há fotos deles para que os servidores os conheçam e lhes enviem e-mails. O problema é que esses parlamentares não dependem, necessariamente, de voto de servidor para se eleger. Pensando nisso, concluí que, considerando a quantidade de servidores públicos federais, estaduais e municipais (ativos e inativos), talvez melhor estratégia de pressão seria fechar acordo entre todas as entidades de representação dos servidores no sentido de lançar a seguinte linha de defesa:
Já que a Reforma da Previdência arruinará nossas carreiras para sempre, então os servidores públicos, ativos e inativos, nunca mais votarão em qualquer candidato pertencente aos partidos políticos que ajudarem a aprová-la.
O impacto de uma proposta dessa na mídia seria grande, porque de alguma forma os partidos dependem dos votos dos servidores e das famílias deles. Em Brasília tal proposta seria arrasadora, dada a quantidade de servidores do local. Outrossim, essa proposta representaria um importante precedente social para que o povo, não só os servidores, tome consciência de que não adianta acreditar em determinado candidato, o importante é verificar se o partido dele, em grau majoritário, defende nossos direitos e interesses. Se isso não acontece, então o candidato pode até ser bom, mas nada poderá fazer por nós. Afinal, ele sozinho não mudará nada.
Aparentemente, seria uma medida radical porque estaríamos condenando também aqueles que apóiam a nossa causa. Todavia, lembrando que um parlamentar sozinho não aprova nem rejeita nada, temos que fazer com que aquele parlamentar que apóie a nossa causa convença seu companheiro de partido a fazer o mesmo, para o bem do próprio partido, que perderá muitos votos permanentemente (inicialmente só dos servidores, mas quando a sociedade acordar...).
A democracia coloca um precioso instrumento de defesa nas mãos do povo: o voto. Cabe ao povo saber utilizar bem esse instrumento mesmo quando não há eleições próximas.

André Cabello é servidor do TRT da 2ª Região.


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OBSERVATÓRIO


Autocrítica necessária

Waldemar Rossi

Com a autocrítica do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre sua política para o Brasil, esperamos que o governo tenha coragem e humildade para a sua autocrítica em relação ao FMI. Temos condições para inverter a política econômica e batalhar por um Brasil auto-suficiente, com desenvolvimento sustentado, gerando trabalho e bem-estar para os 170 milhões de habitantes desta “terra abençoada por Deus”.
A cada dia a vida do povo fica mais dura, por causa dos rumos da política econômica. Não adianta falar no caos deixado pelo governo anterior, se o atual teve tempo para iniciar a mudança de rumos e não o fez. Ao contrário, acelerou o carro da subserviência ao FMI e ao capital internacional. O resultado está aí, escancarado nas ruas da amargura para vários milhões de trabalhadores, sem nenhuma chance de trabalho formal ou de trabalho temporário: mais de 650 mil postos de trabalho fechados em sete meses de governo; longas filas na cruel disputa de um trabalho de gari ou de atendente em creches e escolas; violenta queda dos salários; crescimento vertiginoso da ociosidade da mão-de-obra nas empresas; mais gente morando nas ruas; aumento do número de crianças que trabalham, em vez de estudarem; queda no atendimento aos doentes e idosos; falta de atendimento nos hospitais públicos; falta de dinheiro para a melhoria do sistema e da qualidade do ensino.... Ufa!!! Haja termos e fôlego para exprimir o caos!
E nosso governo continua enviando cerca de R$ 10 bilhões mensais para os banqueiros e afirmando que não há dinheiro para assentamentos e a reforma agrária, para a educação, saúde e demais investimentos necessários ao desenvolvimento. De vez em quando, surge uma notícia de que o ministro do Planejamento reserva alguns milhões para este ou aquele setor. Se compararmos as quantias enviadas para o capital com as que são liberadas para o social, veremos que “há algo de errado na casa do Noca”! Não foram empregados mais que 20% do dinheiro reservado para investimentos.
Como centenas de dirigentes dos movimentos sociais do Brasil, penso que o governo tem tudo para iniciar mudanças significativas da política nacional; estabelecer uma política de independência em relação ao capital externo, voltando os investimentos para dentro do país. Tal política fará o país crescer e promover a tão desejada distribuição de renda, único caminho válido para se chegar à “Fome Zero”, eliminando as causas estruturais da miséria.
Basta olhar para a iniciativa de liberação de pequenas verbas para reformas de habitações: em pouco tempo, a medida resultou na abertura de trabalho para milhares de trabalhadores. Um projeto de investimento para a construção de 10 milhões de moradias populares quantos postos de trabalho não criaria!
Se faltava um motivo para o passo decisivo nessa direção, o FMI se incumbiu disso.

Waldemar Rossi, metalúrgico aposentado e membro da Pastoral Operária, é um dos colaboradores desta coluna