Ao ler o jornal do sindicato datado de 3 de dezembro de 2001, a impressão que ficou em mim foi o descalabro com que você tratou os nossos colegas requisitados de maneira deseducada e deselegante ao afirmar que são elementos sem qualificação.
Você deve desconhecer o trabalho que os funcionários do Estado fazem nesta repartição. Estes servidores não medem esforços em cumprir suas tarefas diárias. Tenho 16 anos de TRE e já trabalhei em cartório eleitoral por cinco anos.
Além do chefe da zona eleitoral, que é do quadro do Tribunal, eu e mais três funcionários, também do quadro, compúnhamos um universo de aproximadamente 20 funcionários, a maioria, é claro, constituída de requisitados do Estado, que cumpriam suas funções de maneira bastante satisfatória. Se houve erros, esses erros foram cometidos não por estupidez ou ignorância mas talvez por serem humanos como nós do quadro do TRE, passíveis de incorreções e imperfeições. Quero aqui deixar a minha insatisfação e o meu protesto contra essa infeliz colocação de achar que os requisitados são elementos desqualificados, dependentes e que servem como massa de manobra nas mãos dos chefes desta repartição.
O funcionário Wellington desconhece a realidade do dia-a-dia de nossos colegas requisitados. Está na hora de rever os seus conceitos e reparar o seu erro com um pedido de desculpas aos funcionários do Estado, que não têm obrigação nenhuma de ler e passar por essa situação vexatória.
O Jornal do Judiciário do dia 3/12/01traz na pág. 2 um assunto intitulado "O Futuro da Justiça Eleitoral". Fiquei indignada com as declarações feitas pelo caro colega Wellington Liberato dos Santos a respeito dos funcionários requisitados, taxando-os de menos qualificados.
Em resposta, gostaria de esclarecer que a maioria dos funcionários, chefes de Cartório do interior e uma boa parte do TRE, são requisitados, não deixando a desejar em seus serviços diários. Vários funcionários requisitados têm cursos superior e são muito competentes, do contrário nem estariam aqui!
Se o caro colega não gosta dos requisitados por algum motivo pessoal, tudo bem, mas isso não lhe dá o direito de ofender colegas de outros órgãos, afinal de contas, todo funcionário público tem como finalidade atender com presteza a população, independentemente do órgão a que ele pertença.
Pense duas vezes antes de fazer uma declaração para que ela não seja injusta.
Ao tomar conhecimento do artigo escrito no Jornal do Judiciário nº 77, "O Futuro da Justiça Eleitoral", escrito pelo preclaro colega Wellington Liberato dos Santos, achei por bem esclarecer algo dito a respeito dos dignos colegas requisitados e sobre o que foi comentado. Senão, vejamos:
1- Com a autoridade de 15 anos de TRE, dá para sentir que o trabalho na Justiça Eleitoral não tem nepotismo generalizado. A legislação eleitoral não é ultrapassada e nem o processo de votação eletrônica pouco transparente, até porque foi tida como referência nos EUA na última eleição. A reunião do dia 15/11 em Brasília, acredito que obviamente foi realizada pelos servidores dos tribunais eleitorais sempre com o intuito de melhoras no sistema. Funcionários insatisfeitos existem, não só no TRE mas em todos os órgãos públicos no que se refere à remuneração, que há sete anos encontra-se sem reajustes.
2- Quanto ao que foi dito a respeito dos colegas requisitados, nada mais injusto e pouco delicado na forma como expressou o colega Wellington, uma vez que a conscientização que deve existir no trabalho precisa extirpar o elitismo prosaico e pouco gentil usado no artigo-referência.
O ato inquinado caracterizou-se em excesso de egoísmo profissional e merece, sim, uma retratação.
No texto sobre o Encontro dos Servidores da Justiça Eleitoral em Brasília, mencionei apressadamente os funcionários requisitados. Muitos sentiram-se ofendidos. Esclareço que o que foi colocado é a opinião dos presentes no encontro e não propriamente a minha. Os requisitados são funcionários prestativos e eficientes, embora recebam menos que os funcionários do quadro e costumem fazer o serviço mais pesado. Nos cartórios do interior, exercem cargos de chefia e cumprem funções de responsabilidade. Não tenho nada contra os requisitados, pelo contrário.
A maioria dos presentes no encontro era sindicalizada de outros estados e refletia a situação desses locais. Não conheço bem como se dá a relação entre os servidores do quadro e os requisitados nesses locais, mas acredito que haja mais problemas e animosidade.
Muitos servidores pertencentes ao quadro dos estados e municípios transferiram-se para o TRE de São Paulo pela carga horária menor e algumas vantagens que não possuem em sua repartição de origem, além das horas-extras recebidas durante o período eleitoral. Hoje muitas destas vantagens já não existem e a remuneração das horas-extras já não é tão atraente. Para a administração do tribunal, contar com requisitados em seu quadro é sempre vantajoso. Eles não pesam na folha de pagamento.
O problema com relação aos requisitados é estrutural e precisa ser discutido a fundo para não prejudicar o lado mais fraco sem beneficiar a categoria do Judiciário e o serviço prestado pelo eleitoral e seria interessante que os próprios requisitados participassem dessa discussão.