Cerca de 1.200 servidores ocuparam por quase seis horas o Salão Verde do Congresso Nacional na quinta-feira passada, 20. Eles só se retiraram após serem recebidos pelo presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-SP), a quem entregaram documento exigindo a interferência do Legislativo nas negociações com o governo federal em torno da reposição salarial.
Os servidores entraram no Congresso por volta das 8 horas da manhã, usando várias portarias para evitar a interferência de seguranças. A manifestação foi o ponto alto dos protestos programados para semana passada em Brasília.
Seguem em greve por tempo indeterminado os trabalhadores do INSS, do Ministério da Saúde, das universidades e de algumas escolas federais. As paralisações no INSS e nas universidades, onde docentes e administrativos aderiram, estão sendo consideradas as mais fortes dos últimos dez anos. O Judiciário Federal participa da campanha salarial conjunta.
O sindicato protocolou no Tribunal Regional Federal pedido de abono dos dias da greve. Na quinta-feira passada, os diretores do Sintrajud Ana Luisa e Claudio Klein foram recebidos pelo diretor-geral do tribunal, Gilberto Almeida Nunes, a quem foi entregue a solicitação de abono.
O sindicato argumenta que em todas as paralisações os servidores acabam se desdobrando para pôr os serviços em dia, o que torna a compensação desnecessária. O diretor-geral reafirmou a decisão do presidente do tribunal, desembargador Márcio Moraes, de que não haverá punições a grevistas. Ainda durante a paralisação, Márcio Moraes publicou portaria suspendendo os prazos processuais e deixando claro que não haveria corte de ponto.
Na reunião de semana passada, o diretor-geral disse que a compensação poderia gerar problemas devido ao racionamento de energia. O sindicato considera este mais um motivo para o abono dos dias.
Os servidores da Justiça Estadual decidiram, em assembléia realizada semana passada, manter a greve que paralisa os fóruns de São Paulo. Até o momento, as reivindicações dos servidores não foram atendidas, entre elas o reajuste de 54,31%. "Assim como os federais estamos há sete anos sem reajuste", diz Maria Isabel Rabelo Fonseca, do Tribunal de Alçada Criminal. Segundo os servidores, dos 320 fóruns da capital e do interior, cerca de 300 estão parados.
Como não houve avanço nas negociações, está sendo articulada uma reunião entre representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário para buscar uma saída para o impasse.
Sem concurso público e com cortes orçamentários, os servidores enfrentam também problemas nas condições de trabalho. "Não se contrata ninguém, o volume de trabalho aumenta, não tem caneta, não tem papel higiênico, não tem espaço", critica Maria Isabel.