SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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12/02/2010

O mundo está invertido, trabalhador rural é que vai para o banco dos réus, diz Plínio Sampaio

Os sete trabalhadores rurais do MST da região de Iaras, que estavam sob prisão preventiva há 14 dias, foram soltos. O anúncio foi feito pelo dirigente do MST Gilmar Mauro no ato, na Faculdade de Direito da USP, que exigia, justamente, a libertação imediata dos presos e presas políticos do movimento. Sete estavam presos, e, apesar da liminar de soltura, eles continuam réus.

O ato, organizado pelo Comitê pela Libertação dos Presos Políticos do MST e contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, contou com a participação de mais de 300 pessoas, entre militantes, sindicalistas, parlamentares e apoiadores da luta pela reforma agrária no país.

Plínio de Arruda Sampaio, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), disse que ?as terras brasileiras estão sendo entregues às multinacionais que querem criar aqui uma economia de exportação de quatro produtos: soja, carne bovina, etanol e celulose, e isso exige uma escala de produção maior?. De acordo com ele, são conglomerados que vão controlar a produção brasileira e por isso a reforma agrária está parada e os militantes que lutam em sua causa estão sofrendo a intensificação da repressão.

Enquanto centenas de militantes do MST têm sofrido processos e até assassinatos ( o último foi Eltom Brum, em agosto de 2009), os participantes do ato denunciaram que a grilagem da área da Cutrale, que é da União, não foi sequer questionada. O INCRA tem mais de 50 ações contra a Cutrale. Além disso, muitos casos impunes foram citados, como por exemplo, o Eldorado dos Carajás. Por isso, o mundo estaria invertido, segundo Plínio.

Mas o processo de criminalização dos movimentos não é recente. Gilmar Mauro contou que as terras griladas pela Cutrale foram adquriridas em 1909 pelo governo federal para assentamento de imigrantes. Em 20 de novembro de 1996 lá teve início o assentamento Zumbi dos Palmares, com 400 famílias. Até que em meados do ano 2000, os assentados que já estavam produzindo nas terras sofreram um despejo violento, e tratores destruíram as plantações.

?Não é a primeira vez que somos criminalizados, outros movimentos na história do país sofreram o mesmo processo?, disse Mauro, relembrando Canudos. No final do Século 19, o movimento popular foi acusado de querer a volta da monarquia. ?Isso justificou a ação do exército para aniquilar o movimento, ocorre sempre um processo de estigmatização para depois a repressão agir com contundência?, afirmou.

No caso da ocupação das terras da fazenda Capim, utilizada pela Cutrale, em outubro do ano passado, Mauro explicou como os meios de comunicação ajudaram nesse processo de estigmatização. ?Tenta-se atribuir uma imagem de criminoso para o militante, tal a dramaticidade que se deu?.

No entanto, Gilmar Mauro destacou que o MST só está defendendo o cumprimento da Constituição Brasileira.

Da Redação do Sintrajud.




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