SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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16/9/2016

Nota de repúdio à declaração de Lula e em defesa dos serviços públicos

Ex-presidente Lula comparou os trabalhadores concursados dos serviços públicos a políticos ladrões e corruptos

Servidores receberam com espanto e indignação a declaração do ex-presidente Lula comparando os trabalhadores concursados dos serviços públicos a políticos corruptos. Aliás, apontando-os como corruptos potenciais, ao mesmo tempo em que elege o político como “a profissão mais honesta” que existe.

Muitos tomaram conhecimento da declaração com incredulidade, diante do teor não apenas desrespeitoso com milhões de trabalhadores, mas estapafúrdio da mensagem. Vejamos, palavra por palavra, o que disse o ex-presidente petista: "A profissão mais honesta é a do político. Sabe por quê? Porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua e pedir voto. O concursado, não: se forma na universidade, faz um concurso e tem emprego garantido para o resto da vida”.

Lula acaba de ser denunciado pelo Ministério Público por participação em um suposto esquema de corrupção. É direito seu e é legítimo que se defenda. Mas não pode fazer isso atacando toda uma categoria de forma leviana.

Ao que parece, no entanto, nem o ex-presidente nem o PT, que em 2003 se empenharam para aprovar a reforma da Previdência que cortou direitos justamente do servidor público concursado, não veem problemas nisso. Faz pouco tempo, para defender a então presidente Dilma, o PT atacou os servidores do Judiciário Federal que lutavam pela reposição das perdas salariais.

Não é a primeira vez que presidentes ou ex-presidentes agridem os servidores públicos para defender seus interesses. Em 1989, Fernando Collor criou o factoide ‘caçador de marajás’ para se eleger presidente e derrotar, justamente, o operário Lula. Em 1994, Fernando Henrique Cardoso chamou aposentados e servidores de “vagabundos”.

Não são ataques gratuitos, é bom que se diga. Obedecem à lógica de que o que é público é ruim e atendem, assim, ao setor privado – o das empreiteiras, banqueiros, do envenenado agronegócio, setores que todos esses governos, aliás, se relacionaram muito bem, até bem demais.

É um discurso que faz coro com as privatizações, com o fim da estabilidade e com a divulgação da imagem do “servidor privilegiado”.  Tudo isso num momento em que a categoria enfrenta um dos mais brutais ataques das últimas décadas – com ameaça de retirada generalizada de direitos.

Repudiamos tal declaração e convidamos o conjunto do funcionalismo a dar, nas ruas, a resposta a todos os que investem contra a defesa de serviços públicos, gratuitos, de qualidade e com profissionais concursados e não apadrinhados.




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