SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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29/8/2016

Servidores cobram medidas de segurança da Administração do TRT-2

Representantes do Sintrajud questionam porque medidas prometidas há quatro meses não foram efetivadas

Na manhã desta segunda-feira, 29, os servidores do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa presenciaram mais um triste incidente. Um trabalhador se jogou do 18º andar do prédio com uma criança nos braços. Este é o quarto suicídio que acontece no Fórum nos últimos dois anos, e o clima entre os servidores é de choque, consternação, dor, indignação e revolta.

Durante todo esse período os servidores têm trabalhado em estado de alerta, insegurança, apreensão e medo e têm pedido providências ao TRT-2 a fim de impedir novas ocorrências.

A presidente do tribunal regional, desembargadora Silvia Devonald, esteve no local nesta segunda-feira, 29, e conversou com uma comissão de servidores que voltaram a cobrar providências e um prazo para que haja medidas de segurança que impeçam novos suicídios.  Durante a reunião, a Presidente agiu com intransigência e rispidez, impedindo um diálogo efetivo entre a Administração e a categoria.

A diretora do setor de apoio, Adriana Marcelino, que acompanhava a desembargadora, afirmou que será feito um mutirão para a finalização da instalação do madeiramento nos andares do prédio, no entanto, não apresentou nenhum prazo para a finalização das obras.

O servidor da JT Tauff Ganem cobrou uma solução imediata. “Na minha opinião a Administração está negligenciando o aspecto da saúde do trabalhador. Os servidores estão traumatizados e chocados, eu nunca tinha visto um suicídio até vir trabalhar aqui, não tem condições de trabalhar deste jeito”, afirmou.  Em resposta a desembargadora presidente do TRT-2 afirmou: “somos todos adultos e temos que superar o trauma”.

O clima de intransigência se manteve por parte de Devonald. O diretor do Sintrajud e servidor da JT Salomão Sousa Ferreira questionou a eficiência do madeiramento nos andares para impedir novas tragédias. “Esses tapumes não são insuficientes, são paliativos, temos que ter uma medida mais efetiva”, declarou.

Em resposta, a presidente reafirmou a segurança da medida e chegou a questionar se o diretor do Sindicato já teria tentado pular.

Para diretora do Sintrajud e servidora da JT, Inês Leal, é preciso que este tema seja tomado como prioridade pela Administração do TRT-2. A diretora também ressaltou a falta de estrutura, de segurança e acompanhamento médico e psicológico no tribunal. 

 “Estamos trabalhando em um lugar que é um inferno, qualquer barulho nos assusta, situações como esta nos deixam em choque. Por exemplo, no meu setor, as pessoas ficaram com medo e não queriam sair quando ouviram o barulho. Como podemos cobrar que essas pessoas trabalhem normalmente no dia seguinte sem nenhum acompanhamento?”, afirmou Inês.

Ato Em defesa da vida

Servidores do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa (Barra Funda) realizarão nesta terça-feira, 30, às 10h, com concentração às 8h, um ato de luto “Em defesa da Vida” em frente ao Fórum.  A manifestação tem como objetivo protestar contra a inércia do tribunal no tocante à segurança do prédio e saúde do trabalhador e cobrar uma solução da Administração do TRT-2 para que não aconteçam mais suicídios no prédio. 

Os servidores irão discutir a organização da mobilização e paralisações nos próximos dias, até que sejam implementadas medidas efetivas de segurança. O Sintrajud orienta aos servidores que vistam preto.

 “Não podemos continuar trabalhando neste clima de medo e consternação, a Administração precisa tomar este tema como prioridade e garantir segurança no Fórum”, ressaltou Inês.

Os servidores se unificarão com os Magistrados no ato público convocado pela AMATRA-2 (Associação dos Magistrados de Justiça do Trabalho da Segunda Região) para acontecer também nesta terça-feira, às 13h, no Fórum Barra Funda. A Associação está convocando a suspensão do atendimento ao público e das audiências nesta terça.

É preciso medidas de segurança imediatas

O Sindicato participou de diversas reuniões com a Administração do TRT-2, buscando soluções de segurança que possam evitar suicídios no Fórum.

Em março, após pressão dos servidores, a desembargadora presidente do TRT-2, Silvia Devonald, publicou na Portaria GP nº 17/2016, que determinava medidas de segurança no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa.

A Portaria estabelecia, como medida provisória, o madeiramento de todos os parapeitos dos andares, para aumentar a altura e criar obstáculos para o acesso de pessoas ao vão central.   Ao mesmo tempo, proibiu o acesso às rampas do Fórum, dificultando a movimentação de pessoas, processos e equipamentos que, só pode acontecer pelos elevadores e pelas escadas existentes nas extremidades de cada andar, gerando novos problemas de segurança.

Na semana seguinte, representantes do Sintrajud, Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Amatra-SP), Associação Advogados Trabalhista (AAT-SP) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) participaram de uma reunião com a presidente do TRT-2 para discutir e pedir esclarecimentos sobre a questão da segurança no prédio e sobre a portaria.

A reivindicação das entidades era que, ao invés do emadeiramento, fossem instaladas redes de segurança no prédio, solução que seria mais efetiva para a questão. A presidente do Tribunal afirmou não se opor ao uso das redes de segurança, desde que houvesse concordância do arquiteto responsável pelo prédio.

Em abril, os representantes das entidades voltaram a se reunir com a Administração, desta vez com a presença do arquiteto Décio Tozzi, responsável pelo prédio. O arquiteto concordou com a proposta de instalação de redes de segurança nos corredores, rampas e rol dos elevadores.

Como a proposta já havia sido apresentada em reuniões anteriores e dependia do aval do arquiteto responsável, a assessoria da presidência do TRT-2 encarregou-se de fazer um levantamento do orçamento necessário para instalação das redes. A conclusão do levantamento apontou que o custo é baixo, cerca de R$ 200.000,00.  O diretor da Secretaria de Coordenação Orçamentária e Financeira, Nivaldo Catania, durante a reunião, afirmou que é possível conseguir essa verba dentro do orçamento do tribunal, no entanto, seria necessário antes fazer um processo licitatório. No entanto, mesmo após quatro meses, as medidas de segurança não foram concluídas.

·         * Na manhã desta segunda-feira, 30, a jornalista do Sindicato foi impedida de entrar no Fórum por horas, o que dificultou o acesso às informações. Por isso, a matéria acima só pode ser publicada agora.

 

 

Matérias anteriores:

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