SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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17/5/2016

Sintrajud e Direção do Foro da JF discutem condições de trabalho

Reunião abordou déficit de pessoal, sobrecarga de serviço e relotação de servidores

Os cortes orçamentários do governo, que devem trazer graves consequências ao funcionalismo público em geral, podem piorar ainda mais as condições de trabalho no Judiciário, tendo em vista a não nomeação de novos servidores e o conseqüente aumento da sobrecarga de trabalho.

Essa preocupação foi um dos temas da reunião entre uma comissão de diretores do Sintrajud, uma representante do departamento jurídico do Sindicato e o diretor do Foro da Justiça Federal de São Paulo, o juiz federal Paulo Cezar Neves Júnior, no dia 13 de maio.

A questão da relotação de servidores, particularmente dos oficiais da JF em Santos e São Vicente, e o desvio de função dos agentes de segurança também foram abordados no encontro.

Em relação ao quadro de servidores e à falta de nomeações, o diretor do Foro ressaltou que essa situação é imposta por lei e não por opção da Justiça Federal. “A lei nos veda qualquer nomeação que esteja em desconformidade com o Anexo V da Lei Orçamentária Anual (LOA) e com o Anexo V da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)”, disse o juiz.

As diretoras do Sintrajud Angélica Olivieri e Maria Helena Leal ponderaram que o aumento da demanda de serviço e o crescimento do número de aposentadorias devem intensificar a sobrecarga de trabalho, já que o quadro de pessoal não está sendo reposto.

Déficit de pessoal na Ceuni

O oficial de justiça da JF Erlon Sampaio, coordenador da Fenajufe, fez um relato sobre a defasagem no quadro de servidores na Central Unificada de Mandados (Ceuni). O quadro ideal da Ceuni seria de 197 oficiais e atualmente a lotação é de 183. “Chegará o momento em que será inviável tocar a Central com aquela quantidade de mandados, que cresce a cada dia”, previu o oficial. Há 15 cargos vagos e 11 oficiais em licença-saúde.

Por outro lado, há cerca de 20 candidatos aprovados no último concurso (cuja validade foi prorrogada recentemente para mais dois anos) que esperam ser chamados.

O diretor do foro reiterou que a administração da JF está “de mãos amarradas” para a contratação de pessoal por causa das limitações da LDO e da lei orçamentária.

Com base em um estudo, o TRF-3 fixou na Resolução 565, de 10 de novembro do ano passado, a lotação ideal de cada unidade e utilizará esses números para a relotação de servidores. “A palavra hoje é ‘solidariedade’. Temos de olhar para a região como um todo”, destacou. “Alguns lugares estão sofrendo demais, com um déficit de servidores muito grande; o cobertor é curto, está mais curto ainda.”

A própria Resolução do TRF, porém, já causa problemas nas subseções de Santos e São Vicente. Com base na Resolução, o Tribunal considerou que havia um excesso de oficiais de justiça em Santos e consultou os servidores da subseção sobre o interesse em se transferirem para São Vicente.

No entanto, os oficiais de Santos reclamam que essa transferência deixará deficitário o quadro da Central de Mandados santista, situação que deve se agravar quando se efetivarem aposentadorias que estão prestes a acontecer.

Além disso, eles lembram que os oficiais precisam se deslocar entre grandes distâncias pelas cidades da subseção, enfrentando dificuldades de acesso e risco à integridade física. Para realizar seu trabalho, os oficiais de Santos enfrentam longas filas na travessia da balsa, congestionamentos em rodovias saturadas pela proximidade com o porto e as indústrias da região. Eles enviaram um email ao juiz corregedor da Central de Mandados de Santos relatando esses problemas.

Cota de mandados

Erlon Sampaio observou que o simples cumprimento da Lei de Execuções Fiscais contribuiria para uma redução do volume de trabalho. De acordo com a Lei, não deve ficar a cargo dos oficiais as citações  nas ações de execuções fiscais. Essas citações devem ser feitas pelo correio, com aviso de recebimento, exceto nos casos em que o órgão requer o serviço de um oficial.

“A maioria das secretarias das varas está encaminhando quase todas as citações para os oficiais realizarem, sem que a Fazenda tenha pedido”, apontou Erlon. “Só queremos que a Lei de Execuções Fiscais seja respeitada”, afirmou.

A fixação de uma cota mensal de mandados para cada oficial também ajudaria a diminuir a sobrecarga de trabalho, disse o coordenador da Fenajufe. “Se o oficial tiver de cumprir um número de mandados além do que é razoável, ele vai acabar adoecendo e a situação ficará ainda pior”, declarou.

Desvio de função

O diretor do Sintrajud Cléber Aguiar, também servidor do TRF, apontou que os agentes de segurança estão sendo desviados de sua função ao receberem a tarefa de entregar mandados, ofícios e autos considerados urgentes. Se a tarefa for recebida ao final do expediente, o agente dificilmente consegue cumpri-la e acaba ficando como responsável legal caso haja alguma intercorrência com o documento.

O juiz Paulo Cezar se comprometeu a verificar essas situações e estudar quais providências podem ser tomadas.

Sobre a redução do horário de atendimento ao público, outra reivindicação do Sindicato para melhorar as condições de trabalho dos servidores, o juiz informou que o CJF está com um estudo que mostra o impacto da medida. Ele afirmou, porém, que “há resistência em Brasília” à redução do horário.




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