SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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4/5/2016

1º de Maio mostra alternativa ao governismo e à oposição de direita

Ato dos trabalhadores na Paulista fez contraponto à CUT e à Força Sindical

Esse 1o de Maio na Avenida Paulista, marcado pelo céu azul numa manhã de outono paulistana, mostrou que existe uma alternativa política que não é Dilma (PT), mas também não é Temer, Cunha (ambos do PMDB) nem Aécio (PSDB).

Estavam trabalhadores, jovens, que lutam contra opressões, por terra e moradia, que estão dispostos a buscar uma alternativa nas lutas e que derrube essa corrupção, os ataques aos direitos proferidos pelo governo petista e por essa oposição de direita.

Defendida por diversas entidades e movimentos que compõem o Espaço de Unidade de Ação, a Greve Geral foi apresentada como fundamental para construir uma alternativa em defesa dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre.

Caravanas de cerca de vinte estados brasileiros traziam suas bandeiras para a Avenida Paulista. “Greve Geral para derrotar o ajuste fiscal”, “Fora todos, eleições gerais”, “Fora Dilma, Pezão, Cunha, Aécio e esse Congresso”, “Tirem as mãos de nossos direitos, Greve Geral, Eleições Gerais”.

Esse foi o tom do ato classista, independente e internacionalista, que encheu a Paulista de bandeiras vermelhas pelo socialismo neste 1º de Maio. Entre os 4 mil presentes estavam petroleiros, bancários, servidores públicos, estudantes e professores de escolas em luta, metalúrgicos, químicos, operários da construção civil, motoristas, aposentados, juventude os que lutam contra opressões e outros.

Bumbos, danças e animação das delegações ritmaram as palavras de ordem, principalmente da juventude, entre elas “Não vai pagar, não, não vai pagar, por essa crise trabalhador não vai pagar”ou ainda “Fora Dilma, fora Cunha e Aécio; fora este Congresso”.

A delegação do Piauí veio com dois ônibus. Foram dois dias de viagem de Teresina a São Paulo. A garra dos companheiros vem da greve dos servidores públicos, dirigida pelo Sindserm, parados desde 1º de abril contra os salários rebaixados cujo piso é de R$ 698,00 e contra o aumento salarial que permitiu um salário de R$ 18 mil aos vereadores.

Um contraponto aos atos das centrais sindicais governistas, como CUT e CTB, que no Anhangabaú, defenderam Dilma Rousseff (PT), e também da Força Sindical, que na zona norte da cidade, aliada à oposição de direita, defendeu Michel Temer e Eduardo Cunha (ambos do PMDB). Um contraponto à ausência de questionamento aos golpes desferidos contra os trabalhadores e à ausência de lutas contra tais ataques.“Os que estão aqui não foram pro Campo de Bagatelle (FS) nem para o Anhangabaú (CUT); aqui estão os que lutam em defesa dos trabalhadores”, ressaltou o dirigente da Secretaria da Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela.

A CSP-Conlutas defendeu a unidade dos trabalhadores na luta por basta de Dilma, de Temer, de Cunha e de Aécio, precisamos organizar os trabalhadores numa Greve Geral.

Na manhã deste domingo (1º), o ajuste fiscal foi criticado por inúmeras entidades, assim como o corte de direitos, as demissões, as terceirizações, as privatizações e a reforma da previdência.

Movimentos sociais como Luta Popular, Mulheres em Luta, Quilombo Raça e Classe, Moquibom, ocupações de diversas cidades do estado de São Paulo, Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre) e coletivos marcaram presença.

O Luta Popular chegou à Paulista com cerca de 500 lutadores e lutadoras pela moradia. Irene Maestro, da ocupação Esperança, em Osasco, comenta que o setor mais afetado dos ataques da burguesia, que são trabalhadores que nem sequer moradia conseguem pagar, não podem ficar rifados pelo setor governista ou a oposição de direita. “Para nós do Luta Popular é fundamental buscar uma alternativa dos trabalhadores e povo pobre que se apoie em comitês populares, porque tanto o governo do PT e essa oposição de direita já se mostraram como atuam e a quem serve”, diz Irene, que também ressalta: “é preciso organizar os debaixo para derrubar os de cima”, defendendo a luta dos trabalhadores como alternativa a essa crise.

Sandra de Moura da ocupação Jardim União denunciou a ameaça de despejo de cerca de 500 famílias daquela ocupação. “E são centenas de despejos somente no interior de São Paulo que os que lutam por teto vem enfrentando”, expondo a situação dos movimentos por moradia sob governos do PT, PMDB e PSDB.

Além de entidades e coletivos os partidos político PSTU e correntes internas do PSOL reafirmaram sua política para enfrentar a crise que estamos vivenciando neste último período no Brasil.

“O impeachment de Dilma não é a solução porque troca ‘seis por meia dúzia’. Nós precisamos de um governo socialista, em que os trabalhadores possam governar através de conselhos populares. Enquanto isto não é possível, o mínimo que podemos reivindicar são eleições gerais para que o povo possa escolher seus representantes”, defendeu o presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida.

“Que golpe é esse de que tanto falam? Golpe foi o que o PT deu na classe trabalhadora. Infelizmente, alguns companheiros do PSOL caíram nessa de golpe e atuaram como linha auxiliar do governo do PT, votando contra o impeachment da presidente Dilma. Eu, se fosse parlamentar, iria me abster, pois não somos a favor do impeachment de Dilma, mas também não acreditamos nesse governo”, frisou João Bastista Oliveira de Araújo, o Babá, vereador do Rio de Janeiro pelo PSOL.

Internacionalismo

No ato da Avenida Paulista não foi esquecido que não é somente no Brasil que os trabalhadores vêm tendo direitos históricos atacados. “Na França vem acontecendo o mesmo e lá os trabalhadores estão resistindo com lutas”, ressaltou Cabral.

A presença de um dirigente sindical de Portugal e as mensagens da Itália, Espanha, Paraguai e Inglaterra lembraram que aquele era um ato internacionalista, resgatando a unidade da classe em todo o mundo. Herança de luta desde que os 12 trabalhadores mortos em Chicago (Estados Unidos), em 1886, durante uma greve que reivindicava a redução da jornada de trabalho.

Ali estavam também a defesa do povo palestino que luta contra o genocídio cometido pelos judeus sionistas, assim como do povo sírio contra a ditadura de Bashar al-Assad.

Homenagem a Valdemar Rossi

Um momento que emocionou a muitos no ato foi a homenagem ao histórico metalúrgico de São Paulo, Waldemar Rossi da Pastoral Operária, que está hospitalizado e em estado delicado.

Rossi foi um dos fundadores da Oposição Metalúrgica de São Paulo e também da fundação da CUT e da construção, período em que eram consideradas representações de lutas dos trabalhadores.

Seus filhos Sérgio e Wagner estiveram no ato no momento da homenagem. Sérgio comentou das lembranças de infância quando participava dos atos de 1 de Maio e de greves levado pelo pai. “Me lembro de atos de 1 de Maio, das bandeiras e dos piquetes de greve com meu pai”.

Paulo Pedrini da Pastoral Operária também falou no ato agradecendo a homenagem a Waldemar Rossi e saudando o ato da Paulista realizado por entidades que considera do campo de esquerda que representa a classe trabalhadora. 

Música na rua

Banda Záfrica e o hip hop, Nãnãna, da Mangueira, com o samba de raíz, e a Banda Rock. Com marcaram presença na Paulista descontraindo os que estavam no ato e animando o dia de luta dos presentes.

Mosaico de estudantes 

Os estudantes de escolas ocupadas de São Paulo e Rio de Janeiro mostraram a o quanto essa luta vem se expandindo no país e fizeram o movimento operário repetir suas falas com os conhecidos mosaicos em que falam e todos reverberam a fala. Um momento de integração de trabalhadores e jovens estudantes secundaristas. “Trabalhadores e estudantes juntos por uma educação melhor no país”, disse um deles.

Rock

O ato que havia começado por volta das 11 horas de domingo teve encerramento em torno 14h30 com a apresentação da banda Rock.com.




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