SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
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30/4/2016

"O judiciário se cala diante da morte de meu povo", disse índia guarani kaiowá no 9º Congrejufe

Já passa de 300 líderes indígenas guarani kaiowá mortos no estado do Mato Grosso do Sul

                Foto: Joca Duarte

Um depoimento de uma indígena da etnia Guarani Kaiowá, da Aldeia Takuara, MS, sensibilizou a todos os grupos de servidores presente no 9º Congrejufe, que está sendo realizado em Florianópolis, SC.

A líder indígena Valdelice Veron trouxe um pedido de socorro para o seu povo, que sofre perseguições sistemáticas, que resultam em muitas mortes na luta pela terra. “Eu estou para pedir para vocês, porque vocês conhecem a escrita e o papel; façam o papel falar que nós estamos demarcando as nossas terras indígenas com o nosso próprio sangue”diz.

Ela explica que demarcação das terras indígenas passa por três momentos: a identificação antropológica, a portaria declaratória, e por último a homologação, que deve ser feita pelo presidente da República. No caso de sua aldeia (a Takuara), as duas primeiras etapas do processo já foram concluídas há 16 anos. E nenhum dos presidentes desse período assinou a homologação – Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Dilma (PT).

Esse silêncio do Executivo Federal tem permitido constantes pedidos de reintegração de posse por parte dos fazendeiros que disputam a posse das terras das 42 aldeias do estado do Mato Grosso do Sul.

“Já passam de 300 líderes indígenas guarani kaiowá mortos no estado do Mato Grosso do Sul. O Judiciário tem se calado diante das mortes de nossas crianças, das mulheres, dos idosos, das gestantes. Então, eu quero falar a vocês que (quando) o juiz do TRF-3 ou de Brasília (STF) concede ordem judicial (de reintegração de posse) no Mato Grosso do Sul, está decidindo a morte, o genocídio, o terrorismo do povo Kaiowá Guarani. Só da minha família já morreram mais de 16 pessoas – foram estupradas, assassinados e jogados na beira da estrada.

Em entrevista ao LutaFenajufe, Valdelice Veron afirmou que as lideranças de sua etnia nunca foram recebidos por Lula ou Dilma, mesmo diante do histórico de violência e morte registrado na região.




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