Protesto nacional da categoria, na capital federal, em 2015: governo comprou votos para evitar reajuste. Foto: Valcir Araújo
Bastariam menos de dois dias do que foi pago de juros da dívida pública da União em 2015, de acordo com o Tesouro Nacional, para cobrir os recursos necessários para implementar o PLC 28 em 2015. Para pagar o PL 2648/2016 em 2016, menos de um dia de juros da dívida pública seria suficiente. Em 2015, a União pagou R$ 367,67 bilhões de juros – mas a dívida só cresceu e chegou em março deste ano em R$ 2,886 trilhões.
Nas contas da Auditoria Cidadã da Dívida, que considera o montante total usado para pagar juros e amortizações, em 2015 foram gastos R$ 962 bilhões com a dívida pública federal.
Valores que revelam quais são as prioridades deste governo e dos anteriores. A presidente Dilma vetou a auditoria, com a participação da sociedade civil, nas contas da dívida pública.
Nem o PL 2648 nem quaisquer dos projetos que preveem reajustes salariais para servidores dos três poderes da União tiveram seu desfecho definido pelo Congresso.
Às vésperas de ser afastada pelo Senado, a presidente Dilma Rousseff não honrou nem um acordo sequer dos vários selados com servidores do Executivo. O mesmo se deu com o “acordo” firmado entre o STF e o governo, à revelia dos servidores do Judiciário Federal, para aprovar o PL 2648. Não houve também, por parte da oposição liderada pelo PSDB e pelo PMDB pós-rompimento, qualquer movimento nesse sentido. Todos atuaram de comum acordo contra os servidores.
O que parece inacreditável é que, mesmo assim, há sindicalistas governistas e da CUT que atuam na Fenajufe que insistiam na tese de que foi a própria categoria, que saiu às ruas aos milhares em 2015 pela derrubada do veto 26, a responsável pela não aprovação do reajuste por não querer negociar. Omitem que todos os setores, inclusive os muitos que negociaram acordos, estão com o destino de seus projetos mais incertos do que nunca.
A presidente Dilma deixará o governo sem aprovar sequer um único projeto salarial dos servidores. E os destinos de todos esses projetos salariais, agora, caem num terreno ainda de mais incertezas. Esse quadro lamentável torna ainda mais necessário sair do 9º Congrejufe com a Fenajufe fortalecida para atuar com independência e determinação na organização das lutas da categoria.